Braide evita envolvimento com a corrida sucessória para manter abertos canais ministeriais  

 

Único de máscara, Eduardo Braide, entre Edilázio Jr. (camisa), Rogério Marinho e Roberto Rocha, assina o contrato para a retomada da construção de residencial

O prefeito Eduardo Braide (Podemos) está usando todo o seu pragmatismo político para evitar que a administração de São Luís seja tragada pelo furacão político que começa a ganhar forma e força com a aproximação das eleições do ano que vem. Ele vem mantendo relações amistosas, mas produtivas, com o Governo Federal, em que pese o fato de o seu partido ter nos seus quadros o ex-juiz chefe da Lava Jato e ex-ministro da Justiça Sérgio Moro como pré-candidato a presidente da República, considerado, hoje, o maior inimigo-adversário do presidente Jair Bolsonaro (PL) depois do ex-presidente Lula da Silva (PT). O sinal mais eloquente desse pragmatismo ocorreu na quarta-feira (22) da semana que passou, quando o prefeito recebeu a visita do ministro de Desenvolvimento Regional, Rogério Marinho, e todo o staf da área habitacional da pasta, com o aval político do senador Roberto Rocha (sem partido) e dos deputados federais Edilázio Jr. (PSD) e Gil Cutrim (Republicanos), para a autorização da retomada das obras de construção das três mil casas dos residenciais Mato Grosso I e II, paralisadas em 2019. Como é amplamente sabido, Roberto Rocha é linha de frente do projeto de reeleição de Jair Bolsonaro, enquanto Edilázio Jr., mesmo sendo bolsonarista, aguarda a definição do PSD sobre eleição presidencial.

O pragmatismo do prefeito de São Luís faz todo sentido. Ele já teve tempo para mensurar o tamanho do desafio que é administrar São Luís politicamente afastado do Governo do Estado, com o qual só se relaciona em questões essenciais, como a pandemia do coronavírus, por exemplo. E certamente chegou à conclusão de que manter-se distante da Esplanada dos Ministérios seria impor-se um isolamento desnecessário e de custo político e administrativo muito elevado. Logo, como não é parte direta e efetiva da atual corrida pelo voto, o ônus político de se relacionar com um Governo que não é bem visto pela população de São Luís é bem menor.

Essa tranquilidade do prefeito, se não tem data precisa para terminar, está se aproximando do fim. É que o Podemos deverá formalizar a candidatura do ex-ministro Sérgio Moro a presidente da República,  que o obrigará a uma tomada de posição clara e inequívoca a favor esse projeto. Para quem conhece as nuances da política e já assimilou o modo de agir do bolsonarismo, não tem dúvida de que as portas ministeriais serão fechadas para os partidários de Sérgio Moro, como já o são para todos os adversários do Governo. O prefeito de São Luís, que já foi Governo e Oposição, sabe o peso de tais situações e conhece o caminho das pedras para driblar as adversidades até o limite do possível. Daí não haver dúvida de que ele alimentará o seu pragmatismo fora da guerra eleitoral.

Não é sem razão que até agora o prefeito Eduardo Braide não deu sinais de envolvimento com a corrida eleitoral. Há duas semanas, ele compareceu à festa de confraternização do senador Weverton Rocha, que foi seu aliado na eleição do 2020, circulou, cumprimentou o anfitrião e pré-candidato a governador, e os presentes como um gesto de cortesia, que, pelo menos por enquanto, não deve ser traduzido como uma declaração de apoio. Afinal, vale repetir, o prefeito ainda não fez qualquer declaração contundente sobre as eleições de 2022, nem relacionada à corrida para o Palácio do Planalto, nem no que diz respeito à disputa pelo Palácio dos Leões. É evidente que aguarda o momento mais adequado para se manifestar, exatamente porque sabe que na hora em que entrar não haverá porta de saída, isso implicará um custo político.

Inteligente, pragmático e centrado, o prefeito Eduardo Braide tem sabido se movimentar no tabuleiro político com habilidade suficiente para manter canais abertos em Brasília, utilizando para isso os argumentos do não partidarismo momentâneo. Igualmente consciente de que tudo isso pode mudar.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Maranhãozinho passou o Natal e vai virar o ano preocupado

Josimar de Maranhãozinho

O deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL) tenta manter de pé seu projeto político gastando dinheiro do Fundo Partidário com propaganda que o mostram em inserções na TV e no rádio e outdoor e em painéis traseiros de coletivos como alguém que está com o astral nas alturas. Se o dinheiro gasto para evitar danos maiores à sua imagem for limpo, pode-se até considerar válido o esforço do parlamentar. O problema é que nos bastidores políticos vozes que sabem o que dizem sopram que, por conta das operações policiais de que tem sido alvo e das demolidoras acusações feitas pelo Ministério Público Federal, o chefe do PL passou o Natal e atravessará a virada do ano preocupado com as duas frentes do seu futuro. A frente política, na qual o seu poder sobre o PL, o Patriotas e o Avante está sendo fortemente minado. E a frente policial-judiciária, onde enfrenta processos e problemas de difícil solução. Há quem diga que já agora ele encontra dificuldades para se encaixar numa aliança para as eleições.

 

Daniela Tema e Cláudia Coutinho travarão disputa dura em Caxias e Tuntum.

Daniela Tema e Cláudia Coutinho: disputa diferenciada em Caxias e Tuntum

Uma disputa eleitoral vai dar o que falar em Caxias. Trata-se de um duelo da deputada estadual Daniela Tema, mulher do ex-prefeito de Tuntum Cleomar Tema, e a primeira-dama de Matões, Cláudia Coutinho, para a Assembleia Legislativa. A primeira será apoiada pelo prefeito Fábio Gentil (Republicanos), e a segunda pela deputada Cleide Coutinho (PDT), viúva e líder maior do grupo do deputado Humberto Coutinho (PDT), falecido em 2018.

Humberto Coutinho e Cleomar Tema foram aliados por décadas, de modo que Tuntum foi mantido como reduto do líder caxiense. Com a morte de Humberto Coutinho, Cleide Coutinho se lançou candidata contando com o apoio de Cleomar Tema. Só que a mulher dele, Daniela tema, se lançou também candidata, o que o levou naturalmente a apoiá-la, causando profunda irritação na líder dos Coutinho, provocando o rompimento dos grupos.

Cleide Coutinho decidiu encerrar sua carreira parlamentar e resolveu lançar Cláudia Coutinho, mulher do prefeito de Matões, Ferdinando Coutinho, que foi o braço direito de Humberto Coutinho, contando também com votos de Tuntum, o que, por via de consequência, levou Daniela Tema a buscar apoio no território dos Coutinho, articulando uma aliança com o prefeito caxiense Fábio Gentil.

Essa disputa será o diferencial da corrida eleitoral em Caxias e em Tuntum.

São Luís, 26 de Dezembro de 2021.

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