Depois de passar pelo ciclo de quase duas décadas dominado por Jackson Lago e pelo PDT, que tiveram influência marcante na vida da cidade, e pelo período em que pontificaram João Castelo (PSDB), com um mandato, e Edivaldo Holanda Jr. (PTC/PDT), com dois mandatos, mas que não deixaram marcas fortes na vida política dos ludovicenses, São Luís vive o momento protagonizado pelo prefeito Eduardo Braide (PSD). Ao contrário dos seus antecessores, que tiveram suportes os mais diversos para tocar seus projetos administrativos e políticos, o atual prefeito atua praticamente sozinho, sem uma base política e partidária que lhe dê sustentação plena, o que o torna um caso um caso raro, senão único, no vasto tabuleiro da política maranhense.
Alguns exemplos mostram a diferença do que acontece agora em São Luís. Em Imperatriz, Rildo Amaral (PP) foi eleito com o apoio de uma rede de partidos e lideranças, como o govenador Carlos Brandão (PSB), o ministro do Esporte André Fufuca (PP), o ex-prefeito Sebastião Madeira (PSDB) e o deputado federal Josivaldo JP. Em Timon, o prefeito Rafael Brito (PSB) enfrentou o poderio dos Leitoa apoiado por uma frente que reuniu o governador Carlos Brandão, a ex-prefeita Socorro Waquim (MDB) – sua vice, e o deputado Leandro Bello (Podemos). E em Bacabal, além do apoio do governador Carlos Brandão, o prefeito Roberto Costa (MDB) contou com o prefeito Edvan Brandão e os deputados Davi Brandão e Florêncio Neto, ambos do PSB.
Na Capital, Eduardo Braide encarou praticamente sozinho (só uma banda do MDB o apoiou) o poderio da aliança governista – aí incluído o PT do presidente Lula da Silva – liderada na campanha pelo presidente da Câmara Municipal, vereador Paulo Victor (PSB) e mobilizada em torno do deputado federal Duarte Jr. (PSB), além do que restou do PDT e outras forças sem expressão política e eleitoral. Numa campanha avassaladora, com discurso centrado nos resultados obtidos no primeiro mandato, quebrou todos os paradigmas da política convencional e se reelegeu em turno único.
Mais do que a sua reeleição, o prefeito Eduardo Braide eliminou de vez praticamente todos os vultos políticos que lhe poderiam fazer sombra. Nenhum ex-prefeito (não contam Jackson Lago e João Castelo, já falecidos) a começar pelo mais recente, Edivaldo Holanda Jr., que deu as cartas no município durante oito anos, é hoje páreo para enfrenta-lo nas urnas, já que simplesmente desapareceram do tabuleiro político do maior, mais rico e mais importante município do Maranhão.
Hoje, além de algumas vozes sem maior peso, como os deputados Yglésio Moises (PRTB) e Wellington do Curso (Novo) que discursam criticando-o, às vezes até asperamente, mas sem nenhum eco. Praticamente não existe opositor com força para causar ranhuras à sua blindagem. E admitam ou não alguns observadores, além de Duarte Jr., o único adversário que lhe causou algum incômodo nos últimos tempos foi o vereador-presidente Paulo Victor (PSB), um político ousado, que convive com controvérsias e que demonstrou ser audacioso o suficiente para provoca-lo e desafiá-lo, mas que foi contido pela frieza glacial de Eduardo Braide, que faz política com a razão e não com a emoção, calculando milimetricamente cada um dos seus bem-sucedidos movimentos.
É com esse lastro que o prefeito Eduardo Braide dá as cartas em São Luís com uma força que só dois antecessores tiveram – Epitácio Cafeteira, eleito em 1965, Jackson Lago, que se elegeu em 1988,1996 e 2000. E o coloca numa posição que pode levá-lo à disputa de 2026 para o Governo do Estado, principalmente se a aliança governista estiver rompida e lhe abrir espaço para entrar na briga com alguma segurança. Com a sua frieza lógica, o prefeito de São Luís poderá se tornar um adversário muito difícil na guerra pelo Palácio dos Leões.
Os líderes da base governista sabem disso, e sabem também que a unidade é o caminho para evitar o risco.
PONTO & CONTRAPONTO
Eliziane faz forte atuação política preparando terreno para a corrida à reeleição
A senadora Eliziane Gama (PSD) vem sinalizando com clareza que já abriu contagem regressiva para 2026. Ela percorreu o Maranhão durante a campanha eleitoral, se lançou pré-candidata à presidência do Senado, foi cautelosa na briga por prefeituras, está incluída na lista de ministeriáveis e vem atuando, nos bastidores e a céu aberto, para evitar que o racha na base governista seja consumado. Isso depois de ter sido vice-líder do Governo no Congresso Nacional.
Não é pouca coisa para um político da sua estatura. Afinal, nem metade dos 81 senadores conseguiu a visibilidade que ela alcançou nos últimos tempos, com protagonismo em duas CPIs importantes – a da Covid e a do 8 de Janeiro, da qual foi relatora -, sem contar o fato de que foi e continua sendo uma das principais articuladoras da bancada feminina na Câmara Alta.
Eliziane Gama se movimenta tendo como foco a sua reeleição a para o Senado. E o faz com essa abrangência porque tem a noção exata do que vem por aí, muito embora a equação para a disputa senatorial ainda não esteja definida. Esse quadro só terá formatação definitiva quando o governador Carlos Brandão bater martelo e anunciar se será ou não candidato a senador.
Por enquanto, ela vai fazendo a sua parte nesse tabuleiro, mantendo neutralidade na briga entre dinista e brandonistas, dando apoio declarado ao governador Carlos Brandão e conversando com dinistas, como a visita que fez na semana passada ao vice-governador Felipe Camarão (PT), que também tem investido em apelos pela união.
Novos deputados serão empossados nesta segunda-feira, 06
Deputados estaduais por direito líquido e certo desde o 1º minuto de janeiro, quando os titulares Rildo Amaral (PP), Rafael Brito (PSB), Roberto Costa (MDB) e Juscelino Marreca (PRD) assumiram, respectivamente, as prefeituras de Imperatriz, Timon, Bacabal e Santa Luzia, os ex-suplentes Catulé Júnior (PL), Edson Araújo (PSB), Keké Teixeira (PDB) e João Batista Segundo (PRD) serão empossados formalmente hoje, na Assembleia Legislativa.
Todos receberão as chaves dos seus gabinetes e devem apresentar à presidente Iracema Vale a relação dos seus assessores, podendo ou não manter alguns dos atuais nas suas equipes. A estreia dos novos parlamentares no plenário, porém, só acontecerá no dia 1º de fevereiro, quando o parlamento estadual abrirá a próxima legislatura. Todos estão em São Luís desde a semana passada.
No plano federal, o suplente de deputado federal Ivan Júnior (União Brasil) será empossado formalmente hoje na vaga que pertence ao atual ministro Juscelino Filho (Comunicações), que vinha sendo ocupada pelo primeiro suplente Benjamin Oliveira (UB), que é o novo prefeito de Açailândia.
Agora primeiro suplente do União Brasil, Ivan Júnior milita politicamente na área do Itaqui-Bacanga, tendo saído das urnas como 6.647 votos nas eleições de 2022. Foi também candidato a vereador de São Luís, mas não conseguiu votos suficientes para se eleger.
São Luís, 05 de Janeiro de 2025.