O ministro das Comunicações, Juscelino Rezende Filho, deputado federal (UB) licenciado, está sob fogo cerrado da imprensa por causa do uso supostamente torto que fez das emendas parlamentares, incluindo as do chamado “orçamento secreto”, para ele liberadas. Primeiro foi a informação segundo a qual ele usou R$ 5 milhões para a construção de uma estrada que passa exatamente em frente a uma fazenda da sua família, em Vitorino Freire. Ontem, veio à tona uma pancada muito mais forte na sua imagem política: R$ 45 milhões em emendas financiaram obras no interior, com o dado desconcertante de que as empresas contratadas pertencem a gente muito próxima dele, incluindo parentes. Tais revelações causaram impacto na Esplanada dos Ministério, e também na Câmara Federal, que é a sua Casa parlamentar. Mas não existe ainda, na cúpula do Governo da República, qualquer sintoma de incerteza quanto ao futuro do deputado no cargo. O caso está sendo acompanhado com muita discrição, mas também com atenção.
Ciente de que qualquer passo em falso pode complicar ainda mais a sua situação, o ministro Juscelino Filho optou claramente pela estratégia de não dar declarações à imprensa – provavelmente avaliando que o silêncio pode ser um forte aliado, mas pode também ser um fator decisivo da sua incriminação. Político já experiente, apesar da pouca idade, Juscelino Filho deve ter aprendido que o jogo do poder é implacável, e que a corda-bamba sobre a qual está se equilibrando não nasceu por geração espontânea. Pode ser um adversário inclemente, disposto a derrubá-lo, ou pode ser também o resultado mais que lícito do trabalho de jornalistas. Se ele realmente tiver problemas insolúveis, as revelações não cessarão e levarão a um desfecho que pode ser sua saída do comando do Ministério das Comunicações.
Pelo menos até aqui, não há qualquer sintoma de que o cargo do ministro corre risco. A começar pelo fato de que o presidente Lula da Silva (PT), até o momento, não se manifestou sobre o assunto. Experiente nesse jogo, com o lastro moral de quem fora alvo de acusações sem base e sem provas, mesmo insistindo na sua inocência, o ex-presidente Lula da Silva viu sua defesa e sua honestidade serem atropeladas pela parcialidade de um juiz federal em busca de notoriedade. Isso explica o silêncio cauteloso do Palácio do Planalto, o que não significa dizer, em absoluto, que há uma tendência no sentido de poupar o ministro. Todas as evidências têm indicado que em caso de culpa o presidente Lula da Silva não pensará duas vezes em pedir à bancada do União Brasil na Câmara Federal que o substitua.
Juscelino Filho encontra-se diante de dois desfechos. O primeiro é que ele nada fez de errado, mesmo considerando que a aplicação de algumas das suas emendas, secretas ou não, seja moralmente questionável, ainda que haja legalidade. E nesse caso, ele dificilmente deixará o comando do Ministério das Comunicações, principalmente se estiver realizando um trabalho eficiente e continuar com o aval da bancada do UB. O segundo é que fique comprovado que o deputado federal Juscelino Filho usou o dinheiro de emendas em seu próprio benefício, caracterizando um crime de corrupção. Nesse caso, ele simplesmente será demitido, cabendo à bancada do União Brasil na Câmara Federal a prerrogativa de indicar novo nome para o cargo, desde que continue dando votos favoráveis às pautas do Governo, principalmente as mais delicadas.
Se ocorrer o desfecho no qual ele venha a ser inocentado, Juscelino Filho poderá, se quiser, permanecer no cargo e, dependendo de situações futuras, sair fortalecido, ampliando o seu expressivo potencial na seara política maranhense. Mas se ficar demonstrado que sua mão andou invadindo o jarro das emendas, ele corre o risco de não somente perder o cargo e se tornar um político de futuro incerto, perdendo todo o lastro que construiu até aqui e que o tornou membro destacado da mais nova geração de políticos do Maranhão.
Os próximos tempos indicarão o seu futuro.
PONTO & CONTRAPONTO
Encontro efusivo entre Dino e Mourão evidenciou relação bem construída, apesar das diferenças
Muita gente estranhou o cumprimento efusivo e demorado que marcou o encontro do senador Flávio Dino (PSB) e seu colega gaúcho Hamilton Mourão (PL), general aposentado e ex-presidente da República. Não existe qualquer afinidade política e ideológica entre eles, ao contrário, eles são água e óleo nesse campo. O que os aproxima é a consciência de que em política não há portas nem janelas fechadas para uma convivência republicana saudável.
Os dois se aproximaram ainda em 2019, após a criação do grupo presidido pelo então vice-presidente Hamilton Mourão para cuidar dos problemas da Amazônia brasileira. Numa iniciativa surpreende, Hamilton Mourão esteve em São Luís, onde se reuniu por cerca de duas horas com o então governador Flávio Dino, tratando dos problemas da região e trocando figurinhas a respeito de como preservá-la.
Na despedida, no final de uma bela manhã de sol, no pátio interno do Palácio dos Leões, onde o vice-presidente se declarou encantado com a beleza de São Luís e daquela vista para a Baía de São Marcos, os dois trocaram efusivos apertos de mão, numa demonstração de que, apesar das diferenças que os separavam, era possível abrir um canal de diálogo entre o governador do Maranhão e o vice-presidente da República. Tanto que semanas depois o governador esteve com o vice-presidente da República, numa audiência, em Brasília.
Flávio Dino e Hamilton Mourão se encontraram várias vezes nas reuniões do Fórum da Amazônia, sempre se tratando com respeito e cordialidade, mas sem abrir um milímetro das suas posições políticas e ideológicas, como aconteceu no plenário do Senado na tarde de segunda-feira (01/02).
Daniella consolidou Procuradoria da Mulher e continua no seu comando
A deputada Daniella Gidão (PSB) foi confirmada no comando da Procuradoria da Mulher .
Criado em 2018, antes das eleições daquele ano, o órgão nasceu como uma novidade no conjunto de ações dos deputados estaduais, e foi aos poucos ganhando consistência devido à ação da sua primeira dirigente, deputada Helena Duailibe (MDB), e em seguida pela sua sucessora, deputada Macedo (PDT).
Mas foi sob o comando da deputada Daniella Gidão que sua ação se tornou mais abrangente, tendo se posicionado em relação a muitos casos de preconceito e violência contra a mulher nos mais diversos níveis, assumindo posições duras contra casos de feminicídio. Esses movimentos fizeram com que a Procuradoria da Mulher saísse do território restrito da Assembleia Legislativa e alcançasse um espaço muito mais abrangente.
Reeleita, inclusive em reconhecimento por esse trabalho, a deputada Daniella Gidão se credenciou para continuar na Procuradoria da Mulher por mais dois anos.
São Luís, 04 de Fevereiro de 2023.