A se confirmar a informação divulgada pelo blog O Antagonista, segundo a qual o ministro da Cidadania, Osmar Terra, decidiu manter a arquiteta maranhense Kátia Bogea na presidência do Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan), ganhará corpo a tendência que começou a ser rascunhada quando o então presidente eleito Jair Bolsonaro (PSL) deu início à montagem da estrutura ministerial do seu Governo. Se a permanência for formalizada, será uma das decisões inteligentes do ministro e do presidente, à medida que assim asseguram a continuidade de uma gestão de excelência numa área que, devido a sua complexidade, exige profundo conhecimento técnico associado a uma visão cultural larga. Kátia Bogea não apenas reúne as condições técnicas e culturais, como construiu e consolidou uma imagem gestora eficiente, correta e extremamente exigente no plano ético. Quem acompanhou o seu desempenho de quase uma década à frente do braço do Iphan no Maranhão, e depois no comando nacional do órgão, sabe que ela é hoje o dirigente ideal para o Iphan.
A permanência de Kátia Bogea, se vier a ser confirmada, não terá sido uma escolha do presidente da República, mas do ministro da Cidadania, Osmar Terra, que é do MDB, partido no qual a presidente do Iphan tem sua base de sustentação, sendo o ex-presidente José Sarney o seu principal avalista. Sua chegada ao comando do Instituto no Governo do presidente Michel Temer (MDB), se deveu a dois fatores: a indicação do ex-presidente e o seu lastro de gestora competente e bem-sucedida. Ou seja, Kátia Bogea não chegou onde chegou empurrada pelo apadrinhamento, mas pelo reconhecimento da sua qualificação para o cargo. Para o MDB, contar com uma profissional do quilate da arquiteta maranhense, num contexto em que muitos dos seus tombaram por problemas éticos, é uma vitória.
Do ponto de vista técnico, Kátia Bogea acumulou uma invejável massa de conhecimentos, tornando-se uma especialista tanto na preservação de acervo arquitetônico quanto na importância de manifestações raras, como, por exemplo, o Tambor de Crioula do Maranhão, um folguedo ímpar, que ajudou a transformar em patrimônio imaterial do Brasil. No seu currículo consta participação direta e eficiente na restauração de boa parte do acervo arquitetônico de São Luís e Alcântara. Na direção nacional do Iphan, Kátia Bogea comanda uma ampla malha de projetos de restauração – como a recém-inaugurada transformação da Praça Deodoro e parte da Rua Grande –, sem falar nos inúmeros projetos em andamento em todos os recantos do Brasil histórico e cultural.
Kátia Bogea é também conhecida pela firmeza com que defende seus pontos de vista e pela dureza implacável como encara questões éticas. Sempre foi dura nas negociações com governadores, em especial Roseana Sarney (MDB), com quem algumas vezes “bateu chapa” por divergências quanto ao rumo desse ou daquele projeto, mas sempre encontrando uma solução negociada e sem rusgas. Nesse campo, Kátia Bogea teve participação decisiva na derrocada do então poderoso ministro Geddel Vieira Lima. Ela acatou o parecer técnico do Iphan na Bahia contrário à construção de um prédio de luxo numa área tombada de Salvador e no qual Vieira Lima comprara um apartamento. Por meio de recados ameaçadores, o então poderoso ministro tentou obrigar o Iphan a mudar o parecer, mas Kátia Bogea se manteve firme, levando Geddel Vieira Lima a pressionar diretamente o então recém empossado ministro da Cultura, Marcelo Calero, que por sua vez não só apoiou o parecer do Iphan, mas também denunciou o esquema de Geddel Vieira Lima. Por conta da determinação de Kátia Bogea de manter o parecer técnico, Geddel Vieira foi denunciado acabou preso, após a PF haver encontrado malas com R$ 50 milhões em espécie num apartamento “emprestado” ao ministro.
Há cerca de duas semanas, diante da incerteza que rondava o futuro de Kátia Bogea no Iphan, vozes do Grupo Sarney levantaram a possibilidade de, deixando o cargo, ela mergulhasse na política partidária e entrasse na corrida para a Prefeitura de São Luís. Seria um fato novo importante no cenário político da Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, a começar pelo fato de que elevaria muito o nível do embate. Mas se ela permanecer na presidência nacional do Iphan, como anuncia O Antagonista, São Luís perde a possível candidata, mas o Brasil só tem a ganhar.
PONTO & CONTRAPONTO
Governador e prefeito mantêm sobre a corrida sucessória em São Luís
Não se trata de um acerto formal, com obrigações de parte a parte, mas a verdade é que parece existir um pacto entre o governador Flávio Dino (PCdoB) e o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT) para manter silêncio sobre a sucessão na Prefeitura de São Luís, pelo menos até o final deste ano. Os dois parecem ter avaliado que é precipitação desnecessária acender luz verde para permitir que candidatos a candidato iniciem uma medição de força com muita antecedência, o que pode criar problemas no momento da definição. Nas vezes em que foi provocado sobre o tema, o governador Flávio Dino limitou-se a avaliar que a aliança reúne bons nomes, e não foi além disso. Por sua vez, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. não pronuncia uma frase sobre o assunto, evitando com determinação qualquer provocação de jornalista a respeito de como se dará a sua sucessão. Na linha do governador e do prefeito, os senadores eleitos, que são fortemente ligados ao campo político de São Luís, incorporaram a postura dos dois líderes e vêm mantendo silêncio sobre o assunto. Weverton Rocha só bate na tecla de que o grupo vai escolher o melhor candidato e Eliziane Gama tem recorrido ao velho e eficiente argumento de que “ainda é muito cedo para de falar sobre isso”. O curioso é que essa decisão de deixar o debate sucessório em São Luís para depois está deixando alguns aspirantes a candidato à flor da pele.
Hildo Rocha confirma mal-estar na posse presidencial e culpa Itamaraty
Alvo de nota da coluna Semana da revista IstoÉ, que registrou que ele foi impedido a ocupar seu assento no plenário da Câmara Federal, porque o espaço estava reservado a convidados estrangeiros no ato de posse do presidente Jair Bolsonaro (PSL), o deputado Hildo Rocha (MDB) deu sua versão do episódio. Ele confirmou o impedimento e reclamou incomodado, atribuindo o mal-estar ao cerimonial do Itamaraty, que reservou a primeira filha, onde fica o assenti do parlamentar, aos chefes de Estado convidados para a cerimônia. O deputado Hildo Rocha criticou o Cerimonial do Itamaraty afirmando que o Ministério das Relações Exteriores desrespeitou o regimento Interno do Congresso Nacional, argumentando que os chefes de Estado não deveriam ser convidados para o ato de posse na Câmara =, mas apenas para os cumprimentos no Itamaraty. Hildo Rocha informou que vai oficiar à presidência do Congresso Nacional formalizando sua reclamação, à medida que na sua avaliação houve a interferência do Poder Executivo no Poder Legislativo. “O Congresso Nacional tem suas regras, que devem ser respeitadas”, declarou, que espera que a revista coloque os pingos nos is. É aguardar.
São Luís, 09 de Janeiro de 2018.
Vamos aguardar, ela vem fazendo um bom trabalho