Assembleia Legislativa entrou e saiu das eleições como centro de movimentação política

 

Othelino Neto ao comandar sessão de quinta-feira: ação política arrojada no estado

Não há dúvida de que as eleições municipais alteraram expressivamente o desenho político do Maranhão. E nesse novo cenário, a Assembleia Legislativa ocupa um lugar destacado como Casa política, sem qualquer prejuízo do seu papel institucional como um dos Poderes do Estado. O envolvimento direto dos seus integrantes na guerra política e eleitoral travada nos 217 municípios maranhenses a transformou no epicentro de uma intensa movimentação política, na qual o seu presidente, deputado Othelino Neto (PCdoB), teve papel decisivo. Por decisão das urnas, de lá sairão três deputados e um suplente para assumir prefeituras importantes – Felipe dos Pneus (Republicanos), eleito prefeito de Santa Inês, Rigo Teles (PL), que assumirá o comando político e administrativo de Barra do Corda, e Fernando Pessoa (Solidariedade), que se elegeu prefeito de Tuntum, além da suplente Ducilene Belezinha (PL), que se elegeu prefeita de Chapadinha.  A eleição deles abrirá vagas para a ascensão dos suplentes Socorro Waquim (MDB), Betel Gomes (PRTB), e Fábio Braga (Solidariedade). É verdade que as mudanças não alteraram o equilíbrio no plenário, mas é igualmente verdadeiro que a guerra eleitoral gerou ali um quadro político diferente do de antes da disputa municipal.

Mesmo considerando os três deputados eleitos e os que se destacaram com bons desempenhos na disputa, como Duarte Júnior (Republicanos) em São Luís e Marco Aurélio (PCdoB) em Imperatriz, e ainda o fato de não haver disputado votos, o presidente Othelino Neto foi, de longe, o quadro politicamente mais ativo desse período. Apoiou candidatos em 28 municípios, cumprindo uma maratona exaustiva, e viu nada menos que 19 deles saírem das urnas eleitos, o que lhe deu um cacife político respeitável. Sua maior conquista na corrida eleitoral foi a eleição da sua esposa, Ana Paula Lobato (PDT), vice-prefeita de Pinheiro.

O presidente da Assembleia Legislativa atuou no cenário político-eleitoral como um articulador que enxerga bem à frente. Numa articulação com o senador Weverton Rocha (PDT), Othelino Neto se afastou da disputa do 2º turno em São Luís, não seguindo a posição do seu partido, o PCdoB, de apoiar Duarte Jr. (Republicanos). Parte do PDT apoiou Eduardo Braide, segundo orientação do senador Weverton Rocha, mas o presidente da Assembleia Legislativa preferiu se distanciar da disputa, mesmo sabendo que seria acusado de contrariar o PCdoB e o Palácio dos Leões. Os movimentos do grupo visaram fazer frente aos feitos pelo vice-governador Carlos Brandão (Republicanos), candidato a candidato a governador, adversário, portanto, do senador Weverton Rocha. Othelino Neto se posicionou ao lado de Weverton Rocha com a determinação de um político que sabe onde quer chegar. Tornou, como era previsto, sua situação instável dentro do PCdoB, mas mantém sua posição com a firmeza e a segurança de um político determinado.

O deputado Duarte Jr. retornou à Casa levando nas costas a derrota na disputa em São Luís, mas ao mesmo tempo embalado pelos 216 mil votos (44%) que recebeu no 2º turno, o que lhe deu legitimidade. O deputado Neto Evangelista (DEM) ficou em terceiro na Capital, com mais de 80 mil votos, e retorna à Assembleia Legislativa “vingado” com a eleição de Eduardo Braide (Podemos) com o seu apoio. A posição mais modesta na Capital foi a do deputado Yglésio Moises (PROS), que recebeu pouco mais de nove mil votos, mas saiu da corrida eleitoral como entrou, com a vantagem de ter se tornado mais conhecido. Entre os que não tiveram sucesso nas urnas estão também os deputados Adelmo Soares (PCdoB), que ficou em segundo em Caxias, e Leonardo Sá (PL), que disputou a Prefeitura de Pinheiro.

A Assembleia Legislativa sempre foi transformada em palco de duras refregas em período de eleições municipais, com deputados medindo força para manter e, se possível, fortalecer, suas bases eleitorais. O processo deste ano manteve a regra, mas fez ferver os seus bastidores por causa do movimento de antecipação da grande disputa de 2022, no qual o presidente Othelino Neto será voz importante na mesa em que serão tomadas as grandes decisões. Até lá, O Palácio Manoel Beckman continuará como um centro de intensa movimentação política.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Desarmados, Edivaldo Jr. e Eduardo Braide se reúnem e acertam transição republicana

Edivaldo Jr. e Eduardo Braide no Palácio de la Ravardière: transição sem problemas na Prefeitura de São Luís

Foi saudável ver a visita ao prefeito eleito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos) ao prefeito em fim de mandato Edivaldo Holanda Jr. (PDT), ontem, para tratar da transição. Dois políticos jovens, pertencentes a campos políticos e partidários diferentes, testados nas urnas e que se enfrentaram em 2016 pelo comando da Capital. Presenciado pela atual primeira-dama Camila Holanda e pela futura Graziela Braide, o encontro entre o prefeito e seu sucessor se deu de maneira republicana, em clima de descontração. Os dois trocaram gentilezas, conversaram sobre o processo de transição, falaram sobre o momento que o País está vivendo, sobre pandemia e trocaram impressões sobre o futuro da cidade que o prefeito entregará ao seu sucessor.

A descontração que marcou a visita é reflexo do fato de o prefeito Edivaldo Holanda Jr. haver-se mantido distante da guerra pelo voto, tendo com essa postura evitado feridas que certamente os distanciaria ainda mais. É também desdobramento da posição de alinhamento do PDT ao lado de Eduardo Braide no 2º turno, depois de tê-lo atacado duramente no 1º turno. Ninguém duvida de que se Edivaldo Holanda Jr. tivesse entrado de cabeça na campanha, primeiro apoiando Neto Evangelista e depois Duarte Jr., o encontro de ontem dificilmente teria acontecido, e mesmo se tivesse ocorrido, não teria sido tão descontraído como foi. Bem diferente de 2012, quando Edivaldo Holanda Jr. não se encontrou com João Castelo (PSDB) e o detonou no discurso de posse.

 

Esquema denunciado por Eudes Sampaio pode alcançar Josimar de Maranhãozinho

Josimar de Maranhãozinho 

Ganha proporções gigantescas e com a possibilidade de causar dramáticas explosões na bancada federal a operação da Polícia Federal que prendeu agiotas que estavam chantageando o prefeito de São José de Ribamar, Eudes Sampaio (PTB), para extorquir recursos de emendas federais na área de saúde. À medida que a investigação avança, novos fatos e personagens da trama envolvendo milhões em recursos públicos vai sendo desenhada. Ontem, além do encarceramento do notório agiota Pacovan na Penitenciária de Pedrinhas, depois de ter sido fotografado com o uniforme laranja, circulou a informação de que os deputados federais Josimar de Maranhãozinho (PL) e Pastor Gildenemyr (PL) e o deputado estadual Hélio Soares (PL) estariam por trás de um suposto esquema de venda de emendas. A revelação teria sido feita por um dos envolvidos preso pela PF, que diante das provas irrefutáveis, resolveu abrir o jogo. Se pelo menos parte das acusações forem verdadeiras, a ponto por meio da qual Josimar de Maranhãozinho pretende ir mais longe na política estadual será impiedosamente dinamitada.

São Luís, 05 de Dezembro de 2020.

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