Assembleia: Humberto Coutinho assume novo mandato de presidente garantindo parceria sem vassalagem com Governo

 

mesa posse 5
Humberto Coutinho vai presidir nos próximos dois anos a Mesa Diretora  formada pelos deputados Othelino Neto, Fábio Macedo, Josimar de Maranhãozinho e Adriano Sarney (acima) e Nina Melo, Zé Inácio, Stênio Rezende e Ricardo Rios (abaixo)

“Vão ser dois anos em que vai crescer a democracia. Nós teremos um Governo parceiro, e o Governo terá uma Casa parceira”. Com essas afirmações, feitas em tom de compromisso, o deputado Humberto Coutinho (PDT) assumiu ontem o segundo mandato consecutivo de presidente da Assembleia Legislativa, liderando a Mesa Diretora que comandará a instituição no biênio 2017/2018. No seu discurso de posse – que durou exatos 22 segundos -, ele prometeu que vai trabalhar muito mais do que no mandato passado, e avisou, enfático: “E mais uma vez, a minoria, que é Oposição, vai ter voz e vai ter vez, e todas as propostas serão discutidas de acordo com a democracia”. Humberto Coutinho vai comandar uma Mesa plural, com a vantagem de ser uma espécie de unanimidade entre seus pares, posição conquistada pela sua eficiência como articulador político, que tem linha direta com o governador Flávio Dino (PCdoB), a quem apoia e admira, mas com independência. “Ele é aliado do governador e apoia o Governo, mas não é vassalo do Palácio dos Leões”, definiu um deputado.

Foi uma posse simples, sem pompa nem delongas. Ao assumir de novo a presidência do Poder Legislativo, onde é a grande referência e a garantia de estabilidade, o deputado Humberto Ivar de Araújo Coutinho – que é médico por formação, empresário na área de Saúde e agropecuarista destacado na região – nem de longe lembra o homem que também enfrenta uma guerra sem trégua contra um inimigo cruel e implacável: o câncer, que o atacou no intestino. Trava a cada batalha como o sertanejo que não se abate, desprezando o sofrimento físico. Sua firmeza diante de uma situação adversa chama atenção, como aconteceu recentemente, quando seu sobrinho foi derrotado na tentativa de se reeleger prefeito da Princesa do Sertão. Enfrentou o duro golpe político com dignidade, chamando para si toda a responsabilidade pelo resultado adverso. Perdeu em Caxias, mas ampliou seu grupo político com novos prefeitos, sem entrar em confronto com nenhum dos colegas parlamentares.

Um dos segredos da sua liderança entre os deputados é o fato de ser paciente e republicano, dispensando a atenção necessária, sem protocolo nem hora marcada, a todo deputado que o procura para solucionar problemas. Tem assegurado a todos os deputados as condições materiais necessárias para exercer seus mandatos com eficiência. O semblante  fechado esconde um cidadão que respira política e a pratica da maneira menos convencional possível: a conversa franca e produtiva. E isso é possível porque ele é também acionado pelos deputados como um porta-voz credenciado junto ao Palácio dos Leões. Para ele, os governistas, dão as cartas e em geral levam o que ganham; já a minoria, que quase sempre perde, tem de ser respeitada e jamais cerceada no direito de fazer oposição.

O político Humberto Coutinho não tem o dom da palavra, mas supera essa deficiência atuando nos bastidores, com a virtude dos que sabem ganhar e perder. Paciente, absorve os golpes sem estrilar; franco, deixa sempre claro aos interlocutores sua lealdade com o governador Flávio Dino, mas não é vassalo do Palácio. A vantagem de ser aliado do Governo não o faz hostilizar oposicionistas; ao contrário, cumpre a obrigação constitucional e regimental proporcionando-lhes as mesmas condições que assegura aos governistas. Tanto que qualquer desequilíbrio nessa relação acaba sempre numa conversa com viés conciliador.

Humberto Coutinho surpreendeu seus pares também como gestor público eficiente. Sob sua gestão, a Assembleia Legislativa se tornou uma instituição financeiramente equilibrada, com suas contas em dia, fruto de um rigoroso controle orçamentário e administrativo, não mais mercê dos humores do Palácio dos Leões, tanto que conseguiu, por exemplo, manter  a folha de pessoal abaixo do limite constitucional. Vale destacar que sua gestão conseguiu reajustar os salários da Casa em 18% em dois anos. Nesse período, expandiu a divulgação das atividades legislativas para veículos de comunicação de todo o estado, o que só tem sido possível por causa da reserva estratégica que conseguiu, levando a Casa manter-se independente em relação ao Poder Executivo reforçando assim o princípio democrático segundo o qual os poderes devem ser harmônicos, mas independentes. Em tempos de déficits bilionários nas diversas esferas do poder público, em todos os níveis e atividade, a Assembleia Legislativa do Maranhão é uma ilha de eficiência administrativa.

É nesse contexto que o deputado Humberto Coutinho inicia o seu segundo mandato presidencial gozando da total confiança dos seus pares, alcançada primeiro por sua habilidade e autoridade políticas; e, segundo, como um gestor público eficiente. E que guarda mais um segredo: o apoio familiar, expressado, de maneira transparente, nos movimentos de Cleide Coutinho, sua esposa, companheira e parceira de meio século.

Em Tempo: além do presidente Humberto Coutinho, foram empossados os deputados Othelino Neto (PCdoB), 1º Vice; Fábio Macedo (PDT), 2º Vice; Josimar de Maranhãozinho (PR), 3º Vice; Adriano Sarney (PV), 4º Vice; Ricardo Rios (SD), 1º Secretário; Stênio Rezende (DEM), 2º Secretário; Zé Inácio (PT), 3º Secretário, e Nina Melo (PMDB), 4ª Secretária.

PONTO & CONTRAPONTO

Atuação partidária garantiu eleição de João Alberto para a 2ª Vice-Presidência do Senado

joão alberto 10
João Alberto: apoio quase unânime na PMDB

Não surpreendeu a eleição do senador João Alberto (PMDB) para a 2ª Vice-Presidência do Senado da República. Ele foi escolhido pela quase unanimidade da bancada, na qual transita como poucos. Desde os primeiros movimentos realizados para definir a composição do novo comando da Casa, os rumores já indicavam que o senador maranhense faria parte da nova Mesa e que o senador Edison Lobão (PMDB) poderia ser escolhido pela cúpula pemedebista para assumir a presidência da Comissão de Constituição e Justiça, a mais importante e influente do Senado. Nos primeiros dias de janeiro, quando o senador Eunício Oliveira saiu da posição de favorito por causa da das duas citações que o envolvem nas denúncias da Operação Lava Jato, senadores pemedebistas e de outros partidos começaram a articular novos nomes, e em dado momento, dois estiveram entre os favoritos: João Alberto e o paraibano Raimundo Lira (PMDB). João Alberto foi sondado por vários colegas, que justificaram sua escolha pelo fato de ele ter uma trajetória sem mancha, pela sua atuação com o presidente do Conselho de Ética da Casa por cinco mandatos consecutivos, por ser um dos pemedebistas mais respeitados, além, é claro, da sua ligação com o ex-presidente José Sarney (PMDB). Experiente, João Alberto não se deixou entusiasmar, preferindo agradecer a lembrança e aguardar a posição definitiva de Eunício Oliveira, que acabou superando as dificuldades e se consolidando como o candidato do PMDB.

Em Tempo: O senador Edison Lobão poderá ser escolhido hoje presidente da Comissão de Constituição e Justiça, mas suas chances já foram maiores. Analistas políticos observaram ontem que as chances de Lobão diminuíram com a eleição de João Alberto para a 2ª Vice-Presidência da Mesa Diretora, argumentando ser muito difícil a concessão de dois cargos desse porte para um só estado.

Comentário do Dia

“É incrível a influência de José Sarney. Ele saiu do Senado, mas o Senado não saiu dele”.

Cristiana Lobo, comentarista da Globo News

São Luís, 01 de Fevereiro de 2017.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *