O presidente do PP no Maranhão, deputado federal André Fufuca disse ontem, em entrevista à TV Mirante, que o seu partido apoiará a candidatura do senador Weverton Rocha (PDT) ao Governo do Estado na corrida eleitoral do ano que vem. Mas, surpreendentemente, colocou uma densa sombra de dúvida sobre o apoio, ao alertar, de antemão, que o partido poderá rever essa posição e tomar outro rumo, à medida que as articulações para a corrida sucessória estadual forem ganhando consistência. Com franqueza desconcertante – que não é muito comum num jogo de articulação política -, o deputado André Fufuca deixou claro para o pré-candidato pedetista que a consolidação desse apoio dependerá do que vier a acontecer durante as montagens políticas que definirão, de fato, quem será quem na disputa pela cadeira principal do Palácio dos Leões.
Político já tarimbado nessa seara, apesar da pouca idade, o deputado federal André Fufuca jogou na mesa um lembrete crucial nesse jogo: partido é um organismo coletivo, no qual prevalece a vontade da maioria. E aplicando essa regra no jogo em curso pela sucessão do governador Flávio Dino (PCdoB), encontra-se a tradução integral do recado dado pelo parlamentar: quando o líder partidário contraria a posição da maioria, se defronta com duas opções. A primeira: tenta se ajustar à posição da maioria. A segunda: não conseguindo, admite a derrota e passa o boné para quem consegue lidar com ela. Ou seja, em política partidária, ficar contra a maioria dentro de uma agremiação costuma ser fatal para o intolerante.
O senador Weverton Rocha tem avançado bem na montagem da base partidária do seu projeto de candidatura, tendo recebido até agora declaração de apoio do DEM, PSB, Republicanos, PSL e agora do PP, o que lhe dá, indiscutivelmente, uma boa vantagem nesse item. Há, porém, um detalhe crucial nessas posições: todas elas, sem exceção, são manifestações prévias, sujeitas a revisão. Isso porque nenhuma dessas declarações foi feita com base numa consulta interna dos partidos, como prefeitos e vereadores. O que houve até aqui foi a inclinação dos chefes, que poderão ser ou não confirmadas, de um lado pelas bases dos partidos, e de outro pelas cúpulas nacionais dos mesmos. E foi exatamente o aviso incluído no “porém” contido na declaração do deputado André Fufuca.
A Coluna já comentou esse aspecto das manifestações de apoio, mas não custa nada relembrar. Um exemplo: a declaração de apoio do Republicanos ao senador Weverton Rocha, feita pelo seu presidente, o experiente deputado federal Cléber Verde, não traduz a vontade da maioria do partido, pois é sabido que pelo menos metade dos seus prefeitos e vereadores estão alinhados ao vice-governador Carlos Brandão. Outro exemplo: a declaração de apoio do presidente estadual do PSB, Luciano Leitoa, ex-prefeito de Timon, não fez muito sentido sem o aval do deputado federal Bira do Pindaré, hoje o nome de maior peso no braço maranhense da legenda socialista. É o caso também do PSL, agora comandado pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que muito provavelmente não sabe o que os nomes de peso do partido pensam sobre essa disputa.
Isso não significa dizer que o senador Weverton Rocha não terá o apoio dessas agremiações. O propósito é lembrar que, num jogo em que o que está em jogo é nada menos que o Governo do Maranhão, ter como certas manifestações de apoio partidário feitas com tanta antecedência e com elevado grau de inconsistência é, no mínimo, precipitado. Daí a cautela inteligente e sensata do deputado federal André Fufuca ao se posicionar em favor do projeto de candidatura do senador Weverton Rocha com a ressalva de que o braço maranhense do PP poderá mudar de posição no futuro. E pelos motivos mais diversos que o jogo político costuma produzir, o mesmo pode acontecer, ou não, com o Republicanos, o PSB e o PSL.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino continua sendo apontado como bom vice, mas vai mesmo é concorrer ao Senado
O governador Flávio Dino está cada vez mais distante da ideia de vir a ser candidato a vice-presidente da República na chapa a ser liderada pelo ex-presidente Lula da Silva (PT). Nas suas entrevistas mais recentes, quando provocado sobre o assunto, ele tem sido enfático de que no momento o seu foco político é a pré-candidatura ao Senado, que ele define como “ideia-força”. No plano nacional, porém, muita gente com peso político e nos espaços da imprensa o governador continua sendo apontado como uma espécie de “reserva especial” da esquerda moderada para compor uma chapa na condição de candidato a vice do líder petista. Em algumas respostas em entrevistas concedidas a órgãos de imprensa nacionais, como a dada à BAND, ontem, ele admite conversar sobre o assunto em 2022. A verdade, porém, é que o governador do Maranhão já tem claro e bem definido o rumo que tomará nas eleições do ano que vem: será candidato ao Senado, dando a contribuição possível à candidatura presidencial que vier a apoiar, provavelmente a do ex-presidente Lula da Silva, e com o objetivo maior: derrotar o presidente Jair Bolsonaro.
Assembleia aprova projeto de Mical Damasceno que projete idosos de golpes financeiros
Conhecida por suas fervorosas manifestações religiosas, por seu bolsonarismo extremado, e mais recentemente pela ascensão ao comando do PTB no Maranhão, por decisão do chefe maior do partido, o ex-deputado federal Roberto Jefferson, a deputada Mical Damasceno também dedica seu mandato a boas causas. Uma delas: a Assembleia Legislativa aprovou ontem, em sessão remota, o Projeto de Lei 31/2021, de sua autoria, que cria a Campanha de Combate aos Golpes Financeiros Praticados contra Idosos no Maranhão.
A campanha objetiva combater a violência patrimonial no âmbito familiar ou comunitário e, também, a violência financeira institucional, entendida como a contratação de empréstimos oferecidos por agentes financeiros, sem consentimento ou pleno conhecimento dos idosos. Esses abusos serão combatidos com ações educativas de conscientização e prevenção, envolvendo o poder público, em parceria com a iniciativa privada e entidades civis.
– Muitas pessoas se aproveitam da vulnerabilidade dos idosos para obter vantagens financeiras. Eles são as maiores vítimas de estelionato. Queremos protegê-los e encorajar a sociedade a participar do enfrentamento desses crimes praticados contra idosos – enfatizou a deputada Mical Damasceno.
De acordo com o projeto, que agora irá à sansão do governador Flávio Dino (PCdoB), a campanha deverá ser realizada, anualmente, na primeira semana de Outubro, coincidindo com o Dia do Idoso (1º de Outubro), devendo integrar o Calendário Oficial do Estado do Maranhão.
São Luís, 16 de Junho de 2021.