Com a tarimba acumulada em quatro eleições vitoriosas para o Governo de São Paulo e uma derrota amarga em disputa presidencial com Lula da Silva (PT), em 2006, o ex-governdor paulista, Geraldo Alckmin, cumpriu em São Luís, entre o final da tarde de sexta-feira e a manhã sábado, sem derrapagem ou vacilo, o roteiro e o protagonismo de um candidato do PSDB à presidência da República. Numa entrevista no aeroporto do Tirirical, num bate-papo com estudantes do UniCeuma e num encontro com empresários, fez um discurso padrão: se propôs a ser “um governante do Nordeste”, destacou o potencial econômico do Maranhão, avisou que está pronto para enfrentar o PT nas urnas, “com Lula ou sem Lula”, confirmou o senador Roberto Rocha como o cabeça da chapa majoritária do partido no estado e, num rasgo revelador de experiência e habilidade, passou ao largo de questões políticas locais, deixando claro que os candidatos tucanos a governador e a senador terão apoio integral do PSDB, mas que não se envolverá nas no debate sobre questões politicas exclusivamente maranhenses, que são assunto dos líderes locais. Em resumo, o presidenciável cumpriu o receituário tucano, politicamente com um pé na rua outro no muro, e economicamente expressando claramente os postulados do liberalismo econômico e do pragmatismo político pregados pelo PSDB.
Quando se apresentou como pretendente a ser um “governante do Nordeste”, assumindo compromissos de sacudir a região com um amplo programa de desenvolvimento econômico, que tenha forte repercussão social, Geraldo Alckmin mandou um recado direto às esquerdas, a começar pelo PT, e ao próprio Lula da Silva, avisando que vai jogar pesado, em todas as frentes, para virar o jogo na região, hoje sob forte influência petista e do seu maior líder, que, mesmo preso em Curitiba, segue com uma enorme vantagem sobre os demais na preferência do eleitorado, segundo registraram todas as pesquisas feitas até aqui. Numa demonstração de otimismo, o presidenciável tucano lembrou que nos confrontos passados enfrentou Lula como presidente e no auge da sua força e prestígio, assim como um PT forte e comandando todos os instrumentos de poder disponíveis na máquina federal. “Agora o momento é outro”, sentenciou, ouvido atentamente por líderes tucanos e capitães empresariais nas suas diversas falas.
Nesse contexto regional, o presidenciável tucano destacou a importância do Maranhão como dono de grande potencial de desenvolvimento econômico, e foi direto ao ponto: “Quero firmar meu compromisso com a industrialização, pois temos aqui um porto com o melhor calado do mundo. Temos ferrovia e matéria prima relevante, além do gás natural, da indústria de celulose de Imperatriz e da Base de Alcântara”. E focou no objetivo: “Todas as medidas precisam ser tomadas para dobrar a renda dos brasileiros”, disse, demonstrando, enfaticamente, que a escala em São Luís teve mesmo o sentido de dar a largada na sua corrida ao Palácio do Planalto.
O ex-governador de São Paulo fez importantes declarações sobre a relação da sua campanha com a dos candidatos do PSDB no estado. Falando como presidente nacional do partido, Geraldo Alckmin confirmou o senador Roberto Rocha como o candidato tucano ao Governo do Maranhão, jogando uma pá de cal sobre dúvidas que vinham sendo levantadas em relação a esse projeto. E consolidou também as candidaturas do deputado federal José Reinaldo Tavares e o deputado estadual Alexandre Almeida às duas vagas no Senado. Com as confirmações, o chefe maior do tucanato encerrou, em definitivo, a discussão sobre a chapa majoritária por meio da qual o PSDB vai disputar o poder maior no Maranhão. E, para a surpresa de muitos, deu um aviso claro e sem rodeios aos chefes tucanos maranhenses: não se envolverá no confronto político no Maranhão, por entender que essa é uma tarefa e uma responsabilidade dos líderes e candidatos locais do partido.
Em todas as suas manifestações, incluindo o encontro com empresários, Geraldo Alckmin foi direto e incisivo ao afirmar seu projeto de candidatura é para valer e que está disposto a jogar todo o peso do seu prestígio, da sua experiência e da força do seu partido para chegar ao Palácio do Planalto. E falou exibindo confiança de quem acredita que, a partir dessa arrancada, crescerá nas pesquisas, certo de que poderá virar o jogo e vencer a eleição.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino faz contraponto em reabertura de Usina de Pelotização e na retomada dos “Diálogos”
No período em que o presidenciável Geraldo Alckmin esteve em São Luís tentando atrair estudantes do Uniceuma e empresários maranhenses com uma retórica desenvolvimentista, interessado em injetar ânimo na candidatura do senador Roberto Rocha ao Palácio dos Leões, o governador Flávio Dino comandou dois atos que, vistos pelo ângulo do pragmatismo político, minimizaram, de alguma maneira, o discurso de pré-campanha dos tucanos. Primeiro, na sexta-feira, participou de um ato em que a cúpula da Vale do Rio Doce anunciou a reativação da fábrica de pelotas – bolas de ferro industrializado – de São Luís, para voltar ao mercado internacional. Depois, sábado, reuniu líderes dos 14 partidos que formam a aliança dinista para iniciar a nova edição dos “Diálogos pelo Maranhão”.
Pelotas – No ato organizado pela Vale, o presidente da maior mineradora do País, Fábio Schvartsman, anunciou, ao lado do governador Flávio Dino, que a Usina de Pelotização, desativada desde 2012, quando a crise econômica começou a se manifestar, será reativada, como a geração de 370 postos de trabalho na primeira fase.
Ao fazer o anúncio, o presidente da Vale afirmou que a reinauguração da usina está acontecendo em um estado que vem sendo dirigido com mão firme e exaltou os feitos do governador Flávio Dino. Fábio Schvartsman destacou o fato de o Maranhão ter alcançado o maior crescido economicamente entre os estados em 2017, explicando que a reinauguração da Usina de Pelotização está acontecendo porque existe um quadro político estável que garante a consistência e a justiça no tratamento das empresas no estado.
Em tom otimista e visivelmente satisfeito com a iniciativa da Vale, o governador Flávio Dino deu uma mostra de que está sintonizado com o mercado do ferro no planeta. Assinalou que é muito bom e importante para economia do Estado a retomada da produção de pelotas, que estava interrompida desde 2012, observando que há um cenário internacional favorável a esse tipo de produto, o que significa crescimento das exportações, fato que é positivo para o Brasil e para o Maranhão.
Diálogos – No sábado, enquanto Geraldo Alckmin se reunia com as lideranças tucanas para traçar metas, o governador Flávio Dino mobilizava as lideranças dos 14 partidos que formam a aliança dinista para uma nova edição dos “Diálogos pelo Maranhão”, a bem sucedida estratégia de pré-campanha que levou o então candidato Flávio Dino aos confins do Maranhão e tornou conhecido e vitorioso. Participaram do evento líderes do PCdoB, PDT, PP, PPS, PROS, PSB, PT, PTB, PR, PRB, DEM, PEN, PTC e Solidariedade, além de deputados estaduais e secretários de Estado. No encontro, os líderes partidários reafirmaram seu apoio ao projeto de reeleição do governador e à linha de ação do Governo.
Para o governador Flávio Dino, debater as propostas para continuar a governar o Maranhão tem uma dimensão simbólica de manutenção do diálogo frequente e produtivo que ele sempre conservou com a população e os movimentos sociais do Estado. Programas como Escola Digna, Bolsa Escola, IEMAs, Força Estadual de Saúde, Casa de Apoio de Ninar, Hospitais Regionais, Plano Mais IDH, Água para Todos, Sistecs e Sisteminhas, Mais Renda, Restaurantes Populares, Cozinhas Comunitárias, Agropolos, Mais Asfalto, Pacto Pela Paz e outros foram colocados em discussão, rendo recebido o apoio das lideranças partidárias, que os consideraram programas e ações que estão consolidando o ciclo de transformações do Maranhão.
Na avaliação dos líderes da aliança, com esses programas, mesmo no momento de grave crise pelo qual atravessa o país, mesmo com menos R$ 1,5 bilhão de repasses federais, o Governo Flávio Dino saneou e equilibrou as finanças do Estado, que passou a ser destaque nacional como uma das raras unidades da Federação se destacaram por manter as contas em dias e fazer investimentos num quadro dramático de crise econômica e financeira, conseguindo atrair investimentos privados e gerar emprego e renda.
Palácio dos Leões acompanhou com atenção a passagem de Alckmin por São Luís
O Palácio dos Leões acompanhou, com discreta atenção, a passagem do presidenciável tucano Geraldo Alckmin por São Luís em movimento de pré-campanha. Partidário de primeira linha da candidatura do ex-presidente Lula da Silva (PT), que acredita ser possível com a sua eventual soltura ou pela via judicial, o governador Flávio Dino (PCdoB) sabe que o tucano é um adversário perigoso e que pode aumentar o seu poder de fogo se juntar com o MDB, como começou a ser desenhado com o encontro, na semana passada, do presidente Michel Temer com o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, para tratar exatamente de uma provável união de forças para a eleição presidencial e, claro, com desdobramentos nos estados. O governador avalia que, mesmo juntos no plano nacional, PSDB e MDB alimentarão suas candidaturas do senador Roberto Rocha e da ex-governadora Roseana Sarney (MDB), esperando que os dois, somados a Ricardo Murad (PRP), Maura Jorge (Podemos) e, numa hipótese mais remota, e Braide (PMN), tentarão forçar um segundo turno, no qual todos poderão de juntar para apoiar o adversário do governador Flávio Dino. Nesse desenho, Geraldo Alckmin terá papel importante no controle dos movimentos do PSDB do Maranhão, já tendo deixado claro que Roberto Rocha terá todo apoio do PSDB. O governador Flávio Dino tem força politica e cacife eleitoral suficientes para enfrentar a “frente”, que vem sendo cuidadosamente costurada pelo ex-presidente José Sarney (MDB). Mas acha que a melhor maneira de enfrentá-la é lançando uma candidatura presidencial única das esquerdas, evitando a pulverização de forças que, juntas, podem fazer uma grande diferença na corrida para o Palácio do Planalto. Essa equação poderá ter influência importante na corrida eleitoral nos estados, incluindo o Maranhão, onde o governador lidera largamente as preferências do eleitorado.
São Luís, 06 de Maio de 2018.