Afastada dos confrontos políticos no estado, Eliziane Gama lidera bloco no Senado e ganha força para 22

 

Eliziane Gama: eficiência no Senado e opção para 2022 

Com atuação discreta durante a guerra eleitoral que no ano passado elegeu os novos prefeitos e vereadores e sem se envolver na disputa ferrenha entre o senador Weverton Rocha (PDT) e o vice-governador Carlos Brandão (Republicanos) na barulhenta eleição da diretoria da Famem, situações pelas quais foi elogiada e criticada, a senadora Eliziane Gama (Cidadania) foi escolhida para liderar o Bloco Senado Independente (BSI), formado por nove parlamentares de quatro partidos – Cidadania, PDT, Rede e PSB – além de ter sido eleita para a 3ª suplência da Mesa do Senado, o que reforçou seu cacife no plenário da Câmara Alta. A liderança do BSI e a suplência no comando da Casa confirmaram o que já vinha sendo percebido por observadores mais atentos: Eliziane Gama resolveu investir toda sua energia política na primeira metade do mandato senatorial, atuando fortemente como parlamentar – com discursos densos sobre temas fortes, incluindo severas críticas ao Governo e às diatribes do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) –, e como legisladora – já tem uma considerável produção legislativa. Além de brigar pelos interesses do Maranhão na Esplanada dos Ministérios.

Parece claro que nesse primeiro momento da sua trajetória na Câmara Alta a senadora fez uma opção clara e objetiva por não se envolver na dura e desgastante guerra política da planície. Isso pode ser explicado em parte pelo fato de não pertencer a um partido que joga pesado nesse campo – o Cidadania elegeu apenas um prefeito. E também pelo fato de que na maioria dos municípios a disputa se deu num ambiente em que mais da metade dos candidatos a prefeito associaram suas eleições a líderes que miram o Palácio dos Leões nas eleições de 2022, a exemplo do seu colega Weverton Rocha e do vice-governador Carlos Brandão. O seu envolvimento ostensivo na disputa municipal certamente a colocaria como parte desse confronto maior pela sucessão do governador Flávio Dino (PCdoB). E como seu partido não tem lastro, o resultado das eleições municipais certamente a apontaria como uma liderança derrotada e sem base. O distanciamento da refrega a livrou de um desgaste desnecessário.

Já vista por seus pares como um quadro de excelência parlamentar, a senadora Eliziane Gama tem agora o desafio de mostrar que tem habilidade para jogar num tabuleiro de raposas. O BSI é um bloco que, independentemente das ações individuais dos seus integrantes, tem três focos, que estão interligados: a defesa da democracia, a defesa dos interesses nacionais e o fortalecimento do Senado. Sua tarefa é articular posições comuns dos integrantes do BSI em relação a questões e projetos importantes. Não será tarefa fácil unir o bloco, que reúne senadores como o determinado Weverton Rocha, o atuante e bem posicionado amapaense Randolfe Rodrigues (Rede), e o competente, mas temperamental, cearense Cid Gomes (PDT). Se topou o desafio, encarado por Weverton Rocha desde que o bloco foi formado, Eliziane Gama o fez convencida de que dará conta do recado.

O seu distanciamento das guerras na planície, porém, não a afastaram da elite política que se movimenta alimentando projetos de poder dentro da grande aliança comandada pelo governador Flávio Dino, a exemplo de Weverton Rocha, Carlos Brandão e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), e fora dela, como o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (Podemos), e seu colega de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos), para citar alguns exemplos. Em todas as conversas e avaliações isentas de partidarismo, Eliziane Gama é naturalmente incluída. E com um dado importante que favorece seu cacife: não tendo condicionamento partidário, tem perfil adequado para surgir como nome de consenso num ambiente de fortes tensões e diferenças. E não são poucos os que a veem por esse viés, enxergando um nome preparado e preservado para liderar a aliança dinista como candidata ao Governo em 2022.

Seus movimentos nos próximos meses dirão como será seu futuro próximo na seara política do Maranhão.

 

 PONTO & CONTRAPONTO

 

Governador fez o certo quando proibiu o Carnaval e suspendeu o ponto facultativo do dia 16

Flávio Dino: sem Carnaval é vida normal no estado

Sensata e coerente a decisão do governador Flávio Dino de suspender o ponto facultativo do dia 16, que seria a Terça-Feira de Carnaval. Com a impossibilidade sanitária de manter a mais importante festa popular do País em território maranhense, o governador decretou que neste ano, por causa do novo coronavírus, pela primeira vez em quatro séculos Momo não reinará no Maranhão.

Já foi dito, mas não custa nada lembrar, que Terça-Feira de Carnaval nunca foi feriado, a começar pelo fato de que a data muda a cada ano, acontecendo às vezes em março. Se não haverá folia, não faz sentido facultar o ponto e interromper a normalidade do serviço público e conceder uma folga sem razão de ser. Será, portanto, uma semana normal de trabalho, tanto na máquina pública quanto na atividade privada.

Qualquer outra decisão fazendo concessão total ou parcial, contrariaria o histórico de decisões acertadas e produtivas, tomadas pelo Governo do Estado desde que o novo coronavírus desembarcou no Maranhão fazendo vítimas, espalhando medo e causando danos na economia e nas finanças públicas. E por isso mesmo qualquer reação negativa a essa medida deve ser rejeitada de maneira enfática.

O que vale mesmo agora é preservar a vida, brigar pela vacinação de todos, para que se possa realizar o maior Carnaval do século no ano que vem.

 

Aliados maranhenses de Lira ganharam força, mas foram longe  na exibição

Aluísio Mendes e André Fufuca: aliados entusiasmados de Arthur Lira

Não há dúvida de que alguns entre os membros da bancada maranhense que votaram no deputado alagoano Arthur Lira (PP) para a presidência da Câmara Federal estão desde Terça-Feira mais fortes, e externaram isso no plenário e na festa que comemorou a vitória. Apoiador de primeira hora do candidato do presidente Jair Bolsonaro (sem partido), o deputado Aluísio Mendes (PSC), foi um dos mais presentes ao lado do candidato e depois presidente eleito, atuando às vezes como “anjo” protetor na retaguarda do alagoano, como mostram fotos e imagens daquele dia. Mas o campeão de entusiasmo foi o deputado André Fufuca (PP) – que já foi vice-presidente e até assumiu a presidência, mas dessa vez nada levou. O jovem parlamentar de Alto Alegre do Pindaré foi um dos mais animados na farra que se seguiu à eleição e posse de Arthur Lira, na qual deputados e convidados jogaram para o alto os cuidados com a pandemia, promoveram aglomeração, abraços, tapinhas nas costas e no rosto e até beijinhos na face, num espetacular festival de maus exemplos. Muito provavelmente, a euforia descuidada do deputado André Fufuca se baseou na lógica bolsonarista segundo a qual “o poder cura”.

São Luís, 04 de Fevereiro de 2021.

 

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