Advogados que migraram para a política dominam o leque de candidatos à Prefeitura de São Luís

 

De cima para baixo: os oito primeiros são advogados; os demais têm profissões diversas mirando o la Ravardière

Se prevalecer a tendência que está sendo indicada pelas pesquisas de intenção de voto, a Prefeitura de São Luís será comandada por um advogado. Isso porque dos 13 candidatos a despachar no gabinete principal do Palácio de la Ravardière, nada menos que sete saíram da Universidade com diploma de bacharel em Direito e um que é médico, mas está na iminência de se formar na área, enquanto os outros cinco formam um grupo representado por um administrador, uma assistente social, um pedagogo, um jornalista e um servidor público federal. Os bacharéis em Direito tendem a continuar no comando da Capital, à medida que um deles poderá substituir o prefeito Edivaldo Holanda Júnior (PDT), ele próprio um advogado que migrou para a política inspirado no pai, deputado Edivaldo Holanda (PTC), também advogado que se tornou político. Dos seis prefeitos eleitos a partir da redemocratização, só dois, Conceição Andrade (1992-1996) e Edivaldo Holanda Júnior (2013-2020) são advogados por formação. Gardênia Castelo é professora, Jackson Lago era médico, Tadeu Palácio é médico e João Castelo foi técnico em Administração.

O deputado federal Eduardo Braide, candidato do Podemos e até aqui líder nas preferências do eleitorado, é formado em Direito, tendo militado na advocacia antes de entrar para a política elegendo-se deputado estadual em 2010; foi usando seus conhecimentos de Direito que se tornou um produtivo legislador nos dois mandatos de deputado estadual e no de deputado federal em curso. O candidato Republicanos, Duarte Júnior, entrou na política depois de se revelar um advogado competente no comando do Procon-Ma, bem como professor no Curso de Direito da Universidade Ceuma; com base nos seus conhecimentos na área, tem atuado como ativo legislador no primeiro mandato de deputado estadual.

O deputado federal Rubens Júnior (PCdoB) tem sólida formação em Direito, tendo revelado sua densidade em dois mandatos de deputado estadual e dois mandatos – um em curso – de deputado federal, principalmente nas suas iniciativas como legislador; sua formação lhe deu cacife para um dos mais ativos e produtivos deputados federais na legislatura passada, como vice-líder do seu partido na Câmara Federal. Hoje deputado federal, depois de dois mandatos de deputado estadual, Bira do Pindaré sempre demonstrou seu lado de advogado militante, principalmente nas causas trabalhistas – foi presidente do influente Sindicato dos Bancários de São Luís – e nas questões de natureza social, como a defesa dos quilombolas, por exemplo.

Candidato do DEM, o deputado estadual Neto Evangelista é bacharel em Direito, tendo logo cedo a migração para a política, seguindo os passos do pai; suas produtivas atividades como parlamentar têm sido também resultado da sua formação advocatícia, que embasa as iniciativas como legislador. O candidato do PSL, Franklin Douglas, divide suas atividades profissionais como advogado, jornalista e professor universitário; mas atualmente tem na advocacia o principal campo de atuação profissional.

De todos os profissionais do Direito que disputam a Prefeitura de São Luís, o de atuação mais destacada é Carlos Madeira, candidato do Solidariedade, que entra na política após encerrar, por meio de aposentadoria voluntária, uma bem-sucedida carreira de juiz federal, condução na qual deu rumo a questões políticas bem complexas no Maranhão.

O bloco dos não-advogados começa com o deputado Yglésio Moises, candidato do PROS, que é médico renomado, com um sólido histórico de atuação na Medicina, mas que decidiu estudar Direito quando resolveu migrar para a política; o futuro advogado já mostra o resultado da sua formação em curso como um dos mais ativos legisladores da atual Assembleia Legislativa. O candidato do Rede, Jeisael Marx, é jornalista por formação, com dedicação integral à carreira como radialista, comandando programas de TV e de rádio, atuando também no jornalismo virtual como titular de um blog de notícias que leva seu nome.

Deputado estadual em segundo mandato, Adriano Sarney é formado em Administração, com viés para temas econômicos, conforme tem demonstrado na sua atuação na Assembleia Legislativa, com projetos e debates sobre o assunto. Já o deputado Wellington do Curso, candidato do PSDB, exibe no currículo aprovação em concurso público para Sargento do Exército, e formação em Pedagogia e Teologia, informando também que atua como professor no Curso Wellington, empresa especializada em preparação para concurso público por ele fundada.

Candidata do PL, a deputada estadual e ex-prefeita de Centro do Guilherme Maria Deusdete Lima Cunha Rodrigues, que adotou o nome político de Detinha, é a única mulher na corrida à Prefeitura de São Luís e tem formação em Serviço Social, de acordo com o que está registrado nos seus resumos biográficos. E o candidato do PSTU, Saulo Arcangeli, veterano de várias eleições sem sucesso, tem formação superior em Ciência da Computação, com atuação no serviço público federal como analista de sistema.

Mesmo levando em conta que corrida eleitoral é um movimento político com elevado teor de imprevisibilidade, as tendências do eleitorado mostradas pelas pesquisas realizadas até aqui sugerem que há, matematicamente, grande possibilidade de São Luís continuar sob o comando de um advogado, sem menosprezar o cacife dos demais. O que chama a atenção é que não há engenheiro, arquiteto nem urbanista na disputa.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Trocas partidárias garantiram espaço de Aluísio Mendes no projeto de Eduardo Braide

Aluísio Mendes em reunião com Eduardo Braide: acerto partidário firmado ainda no ano passado

Não há nada de surpreendente no espaço que o deputado federal Aluísio Mendes (PSC) vai ocupando no âmbito da candidatura do deputado federal Eduardo Braide (Podemos) à Prefeitura de São Luís. A explicação está na solução partidária que Eduardo Braide encontrou para encaixar o seu projeto de candidatura. Ele comandava o PMN no Maranhão e era o único representante do partido na Câmara Federal. O partido foi pulverizado nas eleições de 2018, perdendo até o direito ao Fundo Partidário e ao Fundo Eleitoral, o que tornava inviável o projeto de candidatura. Eduardo Braide foi fortemente assediado por Josimar de Maranhãozinho para ser o candidato do PL em São Luís. Avaliou cuidadosamente o cenário e se deu conta de que, se por um lado poderia ter uma campanha sem problemas financeiros, por outro mergulharia no submundo da política como um preposto de Josimar de Maranhãozinho, que certamente tentaria dar as cartas na Prefeitura de São Luís, em caso de vitória nas urnas. Naquele momento, Aluísio Mendes tinha o comando do Podemos, partido no qual pretendia permanecer, mas tinha a opção de assumir o PSC, a convite do comando nacional do partido. Mas decidiu ceder o Podemos a Eduardo Braide, migrando para o PSC, estimulado pelo governador do Rio de Janeiro, Wilson Witzel, que veio a São Luís exclusivamente para referendar seu ingresso no partido. Assim, Eduardo Braide assumiu o controle do Podemos e passou as rédeas do PMN para seu irmão,  Braide, enquanto Aluísio Mendes se tornou o chefe maior do PSC no Maranhão, sucedendo ao ex-deputado Costa Ferreira, que controlou a legenda por muito anos. Na conversa em que acertaram as mudanças, Aluísio Mendes e Eduardo Braide fizeram uma série de pequenos acordos, entre eles o de que o PSC poderá indicar o candidato a vice-prefeito. A reunião de ontem, em que Aluísio Mendes apresentou candidatos do PSC a vereador, é indicativa de que essa aliança é bem mais ampla e solida do que alguns imaginam. E com um detalhe: Aluísio Mendes não renega sua origem sarneysista, mas tem dado seguidas demonstrações de que atua para construir o seu próprio caminho.

 

Pesquisa indica que Edivaldo Júnior terá peso na escolha do sucessor

Edivaldo Holanda Júnior: prestígio popular poderá ser decisivo na sua sucessão

Um dado da última pesquisa DataIlha chamou atenção. Na manifestação espontânea dos entrevistados a respeito de quem ele votaria para prefeito, o prefeito Edivaldo Holanda Júnior aparece em segundo lugar, só perdendo para Eduardo Braide, que ele derrotara em 2016. O fato de Edivaldo Holanda Júnior nã9 ser candidato à reeleição por já ser prefeito reeleito é uma informação de domínio público, não justificando que dezenas de entrevistados o tenham escolhido. O dado é indicador de que o prefeito de São Luís está surfando na popularidade, fruto do reconhecimento de um bom trabalho que realiza, apesar dos problemas causados pela pandemia do novo coronavírus, principalmente na receita municipal. O segundo lugar que lhe foi dado graciosamente por eleitores que gostariam de vê-lo (re)reeleito é um forte indicador de que Edivaldo Holanda Júnior terá muito peso na escolha do seu sucessor.

São Luís, 26 de Julho de 2020.

 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *