Senadora Eliziane Gama – Ministro, o senhor leva a sério o que o presidente da República fala nas redes sociais?
Ex-ministro Eduardo Pazuello – Eu só levo à sério quando as coisas são tratadas pessoalmente comigo, como ministro. Agora, as posições do presidente nas redes sociais, as posições de Twitter, aquilo é a figura política dele. Dali eu não extraio ordens e determinações para nada.
Eliziane Gama – Ou seja, o senhor não leva à sério.
Eduardo Pazuello – O termo não é ‘levar à sério’, eu não falei isso. Eu falei que dali eu não extraio ordens.
Eliziane Gama – Porque, ministro, com todo respeito ao senhor, mas a sensação que eu tenho é que parece que o senhor está meio que brincando com a cara da gente na CPI. O senhor já mentiu demais nessa comissão, ministro, mas muito mesmo!
O bate-volta acima, travado ontem na CPI da Covid, pela senadora Eliziane Gama (Cidadania) com o ex-ministro da Saúde, general Eduardo Pazuello, investigado pela Comissão sob a suspeita de ter feito uma gestão desastrosa no Ministério da Saúde no período mais crítico da pandemia do novo coronavírus no Brasil. O momento, um dos mais tensos e reveladores da sessão, consolidou dois vieses da senadora na CPI da Covid, mesmo não sendo ela membro do colegiado: a mais ativa integrante da chamada “bancada feminina” e a voz ativa do Maranhão no processo até aqui. Essas posições, conquistadas devido à participação firme, com questionamentos coerentes e bem fundamentados, dão à senadora estatura parlamentar diferenciada em relação aos outros senadores maranhenses, Weverton Rocha (PDT) e Roberto Rocha (sem partido), que não demonstraram maior interesse pela CPI da Covid – vale lembrar que eles não são obrigados a participar.
Quando afirmou ontem que o ex-ministro da Saúde mentia à Comissão, Eliziane Gama apresentou provas documentais para sustentar sua afirmação. O caso da vacina Coronavac é ilustrativo da coerência das suas intervenções. No depoimento, o ex-ministro mentiu quando declarou que não manifestou interesse na compra daquela vacina: “Quando o ministro fala sobre não ter manifestado intenção para compra da Coronavac, (…), está aqui uma documentação feita pelo próprio Ministério da Saúde que manifesta interesse pela Coronavac. O presidente fala no dia seguinte que não vai comprar coisa nenhuma, porque é da China, e o ministro fala ‘O presidente manda e eu obedeço`”. O ministro ficou sem argumentos para contradizê-la.
Diante da postura nada correta de Eduardo Pazuello, que é general da ativa e ostenta três estrelas, o penúltimo degrau da carreira no Exército brasileiro, Eliziane Gama reagiu indignada e foi dura, incisiva, a ponto de o presidente da CPI, senador amazonense Omar Aziz (PSD) – que sempre passa a impressão de que está fazendo jogo duplo – tentar cerceá-la, afirmando que ela estava sendo “muito agressiva”. Com os pés no chão e com a segurança de quem sabe quando não dá para remar contra a maré, a senadora se conteve, deixando, porém, a marca da sua participação efetiva. Suas intervenções já produziram expressiva contribuição para o relatório final da investigação sobre os desmandos, erros e omissões na desastrada condução da luta contra a pandemia do novo coronavírus no País. Ao contrário dos seus dois colegas da bancada maranhense.
Embora muitos possam erroneamente supor, a senadora Eliziane Gama não é neófita em manteria de CPI. Durante os dois mandatos de deputada estadual, ela comandou uma CPI sobre a indústria da prostituição de menores no Maranhão, e ao longo do mandato de deputada federal, ela participou da rumorosa CPI da Petrobrás. Essas participações deram à senadora maranhense um lastro de experiência diferenciado em relação a boa parte dos senadores, que estão ali pela primeira vez, ou exerceram outros mandatos, mas sem vivenciarem experiência parecida. E é exatamente por saber o que está fazendo na instância mais alta do parlamento brasileiro que ela se distancia de boa parte dos seus colegas de Senado.
PONTO & CONTRAPONTO
Dino critica postura de Bolsonaro na pandemia, com base em revelações de Pazuello
“Se o presidente da República não se reuniu com o seu ministro da Saúde no auge da pandemia, se nada orientou, nada sabia e nada decidiu, o que ele é? Um NADA?”
A indagação, em tom enfático, foi feita ontem pelo governador Flávio Dino (PCdoB) nas suas redes sociais após o depoimento do ex-ministro Eduardo Pazuello na CPI da Covid. De fato, de tão preocupado em blindar o presidente Jair Bolsonaro (sem partido) contra o peso da responsabilidade pelos erros, equívocos e omissões do Governo Federal no enfrentamento da pandemia do novo coronavírus, o ex-ministro da Saúde acabou por confirmar a impressão de milhões de brasileiros: o presidente da República é um zero à esquerda em matéria de gestão. Não sabia de nada, não ordenou nada, não negou nada nem conversou com o ministro da Saúde com a frequência necessária. Ou seja, um presidente alheio à gravidade da situação, preocupado apenas em criar artimanhas para atropelar governadores. A indagação do governador do Maranhão faz todo sentido.
Aluísio Mendes avisa que vai turbinar o PSC no Maranhão
Mesmo diante da bombástica cassação do prefeito de Rosário, Calvet Filho, e sua vice Cláudia Anceles (PT), representando uma forte perda, o deputado federal Aluísio Mendes, que preside o PSC no Maranhão, iniciou ontem mesmo uma grande ofensiva no sentido de turbinar o braço maranhense do partido para as próximas eleições, das quais pretende sair fortalecido. Além de aumentar o seu cacife político e partidário, o parlamentar quer também contribuir para livrar a legenda da enorme mancha que turvou sua imagem com o que aconteceu no Rio de Janeiro. Ali, sua maior estrela, Wilson Witzel, eleito governador do Rio de Janeiro em turno único, na esteira do bolsonarismo, chegando a dar passos para ser candidato a presidente da República, acabou cassado por corrupção, no maior vexame da história recente do País. Ali também, o presidente nacional do partido, pastor Everaldo Pereira, acabou preso pelo mesmo motivo.
Atualmente com um deputado federal – o próprio Aluísio Mendes -, sete prefeitos, três vices e 93 vereadores o partido está consolidado entre um dos maiores do Maranhão. E deve crescer ainda mais com a esperada filiação de sete novos prefeitos, o que aumentará expressivamente o seu cacife. Para 2022, a perspectiva é eleger dois deputados federais e pelo menos um deputado estadual.
Policial federal, assessor do ex-presidente José Sarney (MDB), responsável pela implantação de serviços como o Grupo de Operações Especiais e do Grupo Tático Aéreo da Polícia Militar, foi secretário de Segurança Pública no último Governo de Roseana Sarney, do qual se afastou em 2014 para ser candidato a deputado federal, tendo sido eleito e reeleito em 2018. Esteve no PRTB, no Avante e no Podemos, passando o comando para o então deputado federal Eduardo Braide, a quem apoiou na corrida à Prefeitura. Ingressou no PSC e hoje é nome de peso no comando nacional do partido. Deve atuar como aliado do presidente Jair Bolsonaro (sem partido) no Maranhão.
São Luís, 20 de Maio de 2021.
Amigo,acho que o nobre equivocou-se em alguns pontos e no frigir dos ovos ,ela passou uma pequena vergonha nacional quando foi chamada sua atenção pelo presidente da comissão varias vezes. Notei também, que nossa senadora ficou um pouco sem graça depois dessa pequena puxada de orelha perante a mídia e que deu falatório na joven pan.