Sem nome forte em São Luís, PDT caminha mesmo para aliança com o DEM em torno de Neto Evangelista

 

Juscelino Filho e Weverton Rocha (e) firmam aliança em torno de neto Evangelista (d)

A julgar pelas informações que circularam nos bastidores do meio político nas últimas horas, o PDT não terá mesmo candidato à sucessão do prefeito pedetista Edivaldo Holanda Júnior, ficando de fora da luta pelo poder na Capital pela primeira vez em três décadas. A informação dominante é a de que as cúpulas nacionais do PDT e do DEM firmaram mesmo um acordo amplo, que garante a aliança dos dois partidos onde for possível, principalmente nas disputas em vários estados, inclusive o Maranhão, segundo o jornal Folha de S. Paulo. Em São Luís, a aliança entre brizolistas e democratas deve dar forma a uma chapa absolutamente inusitada, com o deputado Neto Evangelista (DEM) na cabeça e um membro do PDT como vice, conforme vem sendo rascunhado há tempos nos bastidores dos dois partidos. Essa fórmula coloca o PDT em segundo plano e catapulta o DEM para o primeiro plano da cena política de São Luís, uma inversão de papéis até pouco tempo impensável em se tratando de disputa pelo Palácio de la Ravardière.

A decisão interromperá um histórico rico de participação ativa e decisiva na vida de São Luís desde 1988, quando Jackson Lago, fundador do partido, se elegeu para comandar a Capital atropelando o poderoso esquema montado pelo então governador Epitácio Cafeteira, com o apoio do presidente José Sarney, que tinha como candidato seu fiel escudeiro, o então deputado estadual Carlos Guterres (PMDB). De lá para cá, o PDT comandou a Prefeitura de São Luís por mais de duas décadas, com Jackson Lago dando as cartas durante 10 anos (de 1989 a 1992 e de 1997 a 2002), Tadeu Palácio por seis anos (2002 a 2008) e Edivaldo Holanda Júnior por quatro anos (de 2015 até agora), tendo ainda mandado durante dois anos no Governo de Conceição Andrade (1993-1996), que se elegeu pelo PSB, mas com o apoio decisivo do PDT.

Com a morte do líder Jackson Lago em 2011, aos 76 anos, o PDT mergulhou numa crise profunda, que resultou num “racha” danoso para o partido. De um lado ficou o então deputado federal Weverton Rocha, que começou no movimento estudantil e se tornou, por sua militância e ousadia, braço direito de Jackson Lago, sendo por ele preparado para sucedê-lo. Do outro lado ficaram a viúva de Jackson Lago, Clay Lago, familiares e um grande número de velhos militantes do partido, que inconformados com o comando de Weverton Rocha, migraram primeiro para o PPS, espalhando-se depois até perder a feição de grupo. Weverton Rocha seguiu em frente, escalou as instâncias do que restou do brizolismo até chegar ao topo, trabalhou duro para fortalecer o partido, tornando-se seu líder absoluto no Maranhão, e uma das figuras de proa do PDT no plano nacional.

Mas, curiosamente, ao mesmo tempo em que operou para ampliar as bases do PDT nas diversas regiões do Maranhão, o novo líder do partido concentrou poderes e não incentivou o surgimento de novas lideranças do partido em São Luís, sua maior e mais importante base. Esse problema se agravou em 2015, quando recorreu à filiação do prefeito Edivaldo Holanda Júnior, que se elegera em 2012 pelo minúsculo PTC, para não ficar de fora da disputa em 2016. A falta de quadros com estatura política e eleitoral em São Luís chegou ao seu ponto crítico agora, quando o partido que esbanjou poder elegendo um senador com quase dois milhões de votos, se encontra na incômoda situação de ter de aliar-se ao DEM, um partido estava na indigência e renasceu pela ação de jovens líderes de direita, para não ser esmagado de vez na Capital. Tal situação se repete nos maiores municípios, como Imperatriz, São José de Ribamar, Paço do Lumiar, Bacabal, Santa Inês e Pinheiro, entre outros.

E se, por conta da dinâmica e da imprevisibilidade da política, a aliança com o DEM não for consumada, o caminho natural do PDT será compor com o PCdoB, indicando o vice de Rubens Júnior ou Duarte Júnior, uma equação que pelo menos o manterá na sua seara ideológica.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Lula foi deselegante ao declarar que o PT não apoiaria uma candidatura de Flávio Dino

Lula da Silva foi deselegante com Flávio Dino

As declarações dúbias do ex-presidente Lula da Silva sobre o apoio dele e do PT a uma eventual candidatura do governador Flávio Dino a presidente da República causaram mal-estar no PCdoB. Lula da Silva disse que apoiaria a candidatura, rasgou elogios à competência administrativa e à estatura política do governador maranhense, mas logo em seguida deu uma guinada no discurso ao avaliar como “muito difícil” um projeto de eleição de Flávio Dino pelo PCdoB, sinalizando, com toda clareza, que dificilmente se alinhará a ele, acrescentando que não enxerga futuro numa candidatura de esquerda sem o apoio do PT. Ou seja, Lula da Silva deixou claro, com todas as letras que ele e seu partido não abraçam o projeto.

Lula da Silva foi no mínimo politicamente deselegante ao fazer tal avaliação ao longo de uma entrevista ao jornalista Juca Kifouri. Primeiro porque não levou em conta o fato de que, mesmo com toda movimentação no plano nacional, Flávio Dino nunca se lançou candidato a presidente de maneira explícita, e sempre que falou no assunto colocou a candidatura do líder petista em absoluto primeiro plano. O governador foi um dos mais ativos e empenhados defensores do ex-presidente, sem nunca ter dito uma só palavra condicionando seus movimentos a qualquer projeto futuro. Por outro lado, tanto o PT maranhense quanto o nacional sempre demonstraram incômodo com a ascensão política de Flávio Dino, fez de tudo para barrar-lhe a caminhada entre 2006 e 2014, no auge da aliança Lula-Sarney.

Flávio Dino, ao contrário, tem usado grande parte do seu prestígio pessoal e do seu capital político apoiando explicitamente o PT nos momentos mais dramáticos da derrocada do seu projeto de poder. Foi uma das vozes mais enfáticas na defesa da presidente Dilma Rousseff contra o golpe institucional que resultou no seu impeachment, abraçou a candidatura de Fernando Haddad a presidente e liderou os maranhenses na segunda maior vitória proporcional que o petista recebeu em todo o País, e foi voz ácida em críticas aos excessos da Lava Jato no processo que levou Lula da Silva à prisão. Nesse período, sempre que falou de disputa presidencial, apontou o líder petista como principal referência das esquerdas.

Não se discute a liderança, a importância e a habilidade política do ex-presidente Lula da Silva, e nesse contexto, é difícil aponta-lo como um adversário do governador Flávio Dino. Mas também não há como não enxergar sinais claros do seu incômodo com a caminhada política do governador, que motivaram às declarações reveladoras e desnecessárias.

 

Braide quer aproveitar o Carnaval para negociar alianças e procurar nomes para vice

Eduardo Braide quer definir alianças e vice

Sem qualquer réstia de dúvida sobre o seu projeto de disputar a Prefeitura de São Luís, o deputado federal Eduardo Braide (Podemos), que lidera as pesquisas de opinião até aqui, vai aproveitar a agitação carnavalesca para iniciar duas costuras. A primeira visa a montagem de uma aliança partidária que lhe assegure um tempo razoável no rádio e na TV, e a segunda é a busca de nomes para escolher o seu companheiro de chapa. Eduardo Braide estaria decidido a encaminhar logo essas negociações, para chegar em maio, se não com elas definidas, pelo menos alinhavadas e dependendo apenas de arremate. Isso não quer dizer que o candidato do Podemos queira definir logo um vice e colocá-lo à tiracolo antes da campanha oficial, que começa no final de agosto. O que ele pretende agora, segundo uma fonte próxima dele, é trabalhar alternativas, entre elas uma possível aliança com o PSDB, que indicaria o vice da sua chapa, caso os chefes tucanos pulverizem o projeto de candidatura do deputado Wellington do Curso, como está sendo rascunhado.

São Luís, 19 de Janeiro de 2020.

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