A informação de que o governador Flávio Dino comanda articulações para a construção de uma frente de centro-esquerda, formada por PCdoB, PT, PSOL, PSB e PDT, para enfrentar o poder de fogo do Governo Bolsonaro nas eleições municipais do ano que vem é a confirmação de duas situações interligadas. A primeira é que o presidente e sua tropa de choque estão de fato montando um grande esquema para disputar as eleições nos grandes centros; e a segunda evidencia que o governador maranhense caminha para se consolidar como o mais ativo líder de Oposição em ação no País neste momento. Esses partidos são aliados tradicionais, mas divisões internas, causadas por correntes que pensam diferente, principalmente no PT, têm funcionado como empecilho para que eles se unam em um bloco forte e com um programa comum. Flávio Dino é hoje, entre os líderes de esquerda, provavelmente o que tem a visão mais ampla e mais abrangente do cenário político nacional, tendo por isso se credenciado como uma espécie de porta-voz do campo oposicionista, que inclui pelo menos uma dezena de governadores.
Com a experiência que acumulou como líder oposicionista, o governador do Maranhão sabe quem é quem nesse campo. Em São Paulo, por exemplo, vem mantendo entendimentos com o ex-governador Márcio França (PSB), que além de pré-candidato a prefeito da Capital paulista, tem sido um forte avalista do seu possível ingresso na agremiação socialista, comandada no Maranhão pelo prefeito de Timon, Luciano Leitoa, e que terá o deputado federal Bira do Pindaré como candidato a prefeito de São Luís. Flávio Dino trabalha no sentido de que a candidatura de Márcio França seja apoiada por PCdoB, PDT, PSOL e PDT, por entender que se essas agremiações construírem uma aliança em torno do ex-governador, nenhuma delas, inclusive o PT, terá condições de vencer a eleição em São Paulo contra o prefeito Bruno Covas (PSDB), que deve ser apoiado pelo governador João Doria (PSDB).
Os esforços do governador Flávio Dino para construir a frente de centro-esquerda em São Paulo fazem todo sentido, a começar pelo fato de que ele servirá de estímulo para que se produzam versões nas mais diversas capitais, entre elas São Luís. Em São Paulo, o primeiro grande obstáculo é o PT, que dificilmente abrirá mão de lançar candidato próprio, por acreditar que tem cacife para vencer uma disputa direta contra os tucanos. Ocorre que o ex-governador Márcio França está bem posicionado nas pesquisas e com tendência de crescimento. Na avaliação de Flávio Dino, se os partidos de centro-esquerda se juntarem numa grande aliança em torno de Márcio França, ele pode vencer a eleição em São Paulo. E a chave-mestra para o sucesso desse projeto de candidatura é exatamente o apoio do PT. O PDT paulista tem bases sólidas, é também ranheta, mas poderá abrir mão de projeto individual, que têm bases sólidas e fiéis na maior cidade do País.
Segundo informação da colunista Mônica Bergamo, da Folha de S. Paulo, além da Capital paulista, Flávio Dino trabalha para articular a frente de centro-esquerda em Belo Horizonte, onde o Governo conservador do governador Romeu Zema (Novo) vai tentar eleger o prefeito; no Rio de Janeiro, onde o governador Wilson Witzel (PSC), de extrema-direita, lançar um candidato alinhado ao presidente Jair Bolsonaro ou apoiar a candidatura do prefeito Crivella à reeleição, a frente pode lançar um candidato do PSOL, que pode ser o deputado federal Marcelo Freixo; e em Porto Alegre, onde o governador Eduardo Leite (PSDB) deve lançar um candidato tucano, é quase certo que a Frente, se articulada, lançará um candidato do PT ou do próprio PCdoB, que pode ser a ex-deputada Manuela D`Ávila.
A articulação do governador Flávio Dino para a formação de uma frente de centro-esquerda para entrar forte em oposição ao Governo Bolsonaro na disputa por Prefeituras vai muito além da corrida eleitoral de 2020. Trata-se de um movimento criado agora para ganhar volume e peso em 2022.
PONTO & CONTRAPONTO
Prisão de Márcio Lobão foi pancada forte no ex-senador Edison Lobão e sua família
Foi devastador o impacto da prisão do empresário Márcio Lobão na família comandada pelo ex-senador Edison Lobão (MDB), que foi ministro de Minas e Energia nos Governos Lula da Silva e Dilma Rousseff (PT). Para investigadores da 62ª ação da Operação Lava Jato, Márcio Lobão atuava como intermediário em dois esquemas de propina, um na Transpetro, e outro na construção da Hidrelétrica de Belo Monte, no Pará, administrando também um esquema de contas no exterior e cujos depósitos eram lavados por meio da compra e venda de objetos de arte, a começar por quadros de pintores famosos. A força-tarefa o acusa de participar de um esquema de desvio até neste ano, mesmo depois de ter sido denunciado e está respondendo a inquérito. Sua prisão se deu no Rio de Janeiro, onde reside, e sua prisão tem natureza preventiva, o que significa dizer que não há data para sair. Sua defesa, que é comandada pelo criminalista Antônio Carlos Almeida Costa, o Kakay, considerou a prisão “absurda”. Ele deve entrar hoje com um pedido de habeas corpus, alegando que a prisão é desnecessária, uma vez que Márcio Lobão vinha colaborando com as investigações. O ex-senador Edison Lobão – que já foi inocentado de várias acusações, entre elas uma feita pelo delator Paulo Roberto Costa, ex-chefe do esquema de corrupção na Petrobrás, onde foi Diretor de Operações – não responde a nenhuma acusação neste inquérito, segundo informaram advogados e assessores. A prisão de Márcio Lobão do uma pancada forte na família Lobão.
PDT não dá vaga de candidato a Dr. Yglésio e ameaça tomar-lhe o mandato se ele sair do partido
Não será surpresa se o deputado Dr. Yglésio deixar o PDT e ingressar no PL para disputar a Prefeitura de São Luís. A situação é a seguinte: Dr. Yglésio quer ser candidato, mas o comando do PDT não quer deixar, preferindo apostar na candidatura do presidente da Câmara Municipal, vereador Osmar Filho. Dr. Yglésio pediu ao comando pedetista que o deixe sair em busca de outra legenda sem o risco de perder o mandato, mas o presidente do PDT, senador Weverton Rocha, bateu martelo e avisou: se ele se desfiliar, o PDT irá à Justiça pedir a vaga de deputado. Ou seja, além de não dar a vaga de candidato a Dr. Yglésio, o comando do PDT não permitirá que ele saia candidato por outro partido. Independentemente das tensões dentro do PDT, Dr. Yglésio está conversando com outras agremiações, sendo que no PL as conversas estão bem adiantadas, com o chefe maior do partido, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho, já ter dado sinal verde, assegurando-lhe a vaga de candidato à prefeito de São Luís. Há quem diga que o comando pedetista vai acabar cedendo, mas também há quem garanta que o senador Weverton Rocha não permitirá sua saída.
São Luís, 11 de Setembro de 2019.