Todos os sintomas e evidências indicam que o Conselho de Ética do PDT vai propor à Executiva Nacional do partido a expulsão dos oito deputados federais que, contrariando a orientação do partido, votaram a favor da Reforma da Previdência. Na lista dos que se encontram na iminência de serem expurgados está o deputado federal Gil Cutrim, neobrizolista maranhense que se contrapôs à orientação partidária “por convicção”. A contagem regressiva para a decisão do comando pedetista sobre o futuro dos parlamentares “reformistas” está gerando um forte clima de expectativa dentro e fora do PDT. No Maranhão, a situação do deputado Gil Cutrim vem sendo tratado com cautela máxima, já que a possível expulsão dele do partido causará um dano nada desprezível à agremiação no estado, em que pese o fato de o parlamentar não ser um pedetista “roxo”, forjado nas fileiras do partido. O sinal mais claro dessa cautela é a postura silenciosa do chefe maior do PDT no estado, senador Weverton Rocha, que integra a Executiva Nacional do partido e terá de votar contra ou a favor da expulsão de Gil Cutrim, caso o Conselho de Ética decida pelo expurgo dos “infiéis”.
Se decidir pelo expurgo dos “reformistas”, o PDT sofrerá um dano muito forte e perderá peso na Câmara Federal. Sua bancada, hoje com 27 deputados, encolherá violentamente, passando a contar com apenas 19 integrantes. No caso do Maranhão, além de o partido perder o único representante na Câmara Baixa, sofrerá outra perda significativa: o deputado Glaubert Cutrim (PDT), atual 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, dificilmente permanecerá no partido caso o irmão seja mandado embora da agremiação. E para completar, o PDT certamente não mais contará com a simpatia do conselheiro Edmar Cutrim, do Tribunal de Contas do Estado, que já foi deputado estaduais e está fazendo planos para disputar a prefeitura de São José de Ribamar pelo partido. E essa reação poderá arrastar prefeitos e vereadores em diversas regiões do estado.
Contabilizados esses possíveis desdobramentos da eventual expulsão do deputado Gil Cutrim, não há como não avaliar que esse desfecho causará perdas expressivas ao braço maranhense do partido e arranhará a liderança do senador Weverton Rocha. Afinal, até onde se sabe, o ingresso de Gil Cutrim e do seu irmão no partido, que saíram dos quadros do sarneysismo – eram filiados ao então PMDB -, foi inteiramente articulado e estimulado pelo comandante maior do PDT. Se a decisão da cúpula for pelo expurgo, o senador terá de arcar com o ônus da perda e da causa da perda. Talvez esse custo iminente explique o silêncio cuidadoso do senador Weverton Rocha sobre o caso.
Por outro lado, se vier a ser expulso do PDT, o deputado Gil Cutrim não ficará sem partido por muito tempo. Já se sabe que ele vem sendo sondado por várias agremiações, que o querem nos seus quadros. Ela já teria sido sondado pelo deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que não descansa na tarefa de fortalecer o seu PL e, na esteira dessa operação, consolidar o seu projeto de formar uma base para disputar o Governo do Estado. Gil Cutrim é visto também com simpatia pelo PSDB, e provavelmente encontraria as portas abertas se, no caso de ser expulso, quisesse retornar ao MDB. Teria outras opções, podendo escolher confortavelmente a nova agremiação, já que a possível expulsão do PDT não lhe trará qualquer perda relacionada com o mandato.
Vale registrar que, indagado pelo bem informado colunista Lauro jardim, de O Globo, sobre o futuro da deputada federal paulista Tábata Amaral, que como o deputado Gil Cutrim votou a favor da Reforma e está na lista dos que podem ser expulso, o presidente nacional do PDT, Carlos Lupi, respondeu assim: “Para mim, isso é um seriado que chegou ao fim quando o Conselho de Ética abriu processo contra ela e todos os outros que apoiaram a reforma. Acabou”.
PONTO & CONTRAPONTO
Comando do PSB recebeu Flávio Dino como líder da Oposição ao Governo Bolsonaro
Muita gente estranhou reunião que o governador Flávio Dino manteve ontem, em Brasília, com o presidente nacional do PSB, Carlos Siqueira, e o ex-governador de São Paulo, Márcio França, com quem trocou impressões sobre o quadro político nacional e discutiu a formação de uma ampla frente de Oposição para enfrentar os arroubos autoritários do presidente Jair Bolsonaro (PSL). O encontro foi mais um da série agendada pelo governador do Maranhão para discutir o quadro nacional, já tendo conversado com os ex-presidentes Lula da Silva (PT), Fernando Henrique Cardoso (PSDB), e José Sarney (MDB), além dos presidentes da Câmara Federal, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), e do senado, senador Davi Alcolumbre (DEM-AC). Flávio Dino está ocupando o enorme vazio de liderança deixado no cenário político nacional com o desmonte dos comandos do PT e do PSDB, o qual figuras emergentes, como o governador de São Paulo, João Doria (PSDB), por exemplo, estão tentando ocupar estão. Embalado pelo preparo técnico, pela estatura política e pelo cacife como gestor, o governador do Maranhão vai também se credenciando com opção viável para uma eventual candidatura presidencial em 2022. O ataque grotesco que recebeu do presidente Jair Bolsonaro (PSL), com ordem explícita de perseguição, mais do que um destrambelho, foi um gesto revelador da preocupação do chefe da Nação com a ascensão política do governador do Maranhão. Tanto que na reunião, o dirigente socialista Carlos Siqueira o saudou como líder oposicionista, com a concordância do ex-governador paulista Márcio França.
Interinidade: Brandão cumpre agenda de resultado e passa cargo ao presidente do TJ
Em mais um período de interinidade no comando do Governo do Maranhão, o vice Carlos Brandão (PRB) aumentou o seu cacife de candidato à sucessão do governador Flávio Dino cumprindo uma agenda de resultados. Na terça-feira, o governador em exercício sancionou duas leis voltadas para a juventude, uma criando a Semana da Juventude, que será realizada no período de 12 a 18 de Agosto, quando ocorrerá uma série de eventos nos quais a juventude será tema de debates, e outra reforçando a política de esportes dedicada à juventude. Produtores Agroextrativistas de Lago do Junto com o apoio do Governo do Estado. A usina, que já produzia óleo de babaçu bruto, agora também produzirá o óleo refinado, garantindo maior valor agregado ao produto e beneficiando centenas de quebradeiras de coco da região.
Hoje, Carlos Brandão entra de férias e, na ausência do governador Flávio Dino e do presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), passa o comando do Governo do Estado ao presidente do Tribunal de Justiça, desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos, que será governador interino por 48 horas.
São Luís, 25 de Julho de 2019.