Os movimentos mais recentes registrados na seara partidária e fora dela confirmaram, em definitivo, que a nova geração chegou de vez ao comando da política maranhense. Quatro casos ilustram com precisão essa nova realidade: a assunção do deputado estadual Adriano Sarney ao comando do PV e do braço político da família Sarney, a ascensão da ala jovem do MDB aos órgãos de decisão do partido, a ascensão do deputado federal André Fufuca à vice-presidência nacional do PP, e a consolidação do deputado federal Juscelino como líder do DEM. O cenário político estadual vem sendo ainda fortemente movimentado pela condução do deputado federal Márcio Jerry no PCdoB, da intensa ação do senador Weverton Rocha na direção do PDT e do deputado Bira do Pindaré na chefia do PSB. Esses movimentos vão, aos poucos, mas de maneira efetiva, dando um novo desenho ao quadro político, indicando que as lideranças que pontificaram até as eleições de 2018 não mais terão vez, a começar pelo fato de que essa renovação também alcança o eleitorado estadual.
A progressiva transferência do poder político da família Sarney para o deputado Adriano Sarney é fato indiscutível, mesmo estando ele partidariamente vinculado ao PV. Com migração política do ex-deputado federal Sarney Filho para Brasília e com a visível perda de influência da ex-governadora Roseana Sarney, o ex-presidente José Sarney tem deixado claro que o seu caminho será investir na segunda geração representada por Adriano Sarney. Isso está claro no papel que ele vem cumprindo de principal voz da Oposição na Assembleia Legislativa e no espaço que vem ocupando nos meios de comunicação da família. Ainda não é possível prever o desfecho dessa operação, mas já é óbvio que Adriano Sarney é hoje a voz do sarneysismo.
A tomada do poder no MDB pela ala jovem, liderada pelo deputado estadual Roberto Costa, vem mudando a feição e a linha de ação do partido. Ali, ainda que o ex-governador João Alberto permaneça na presidência, as decisões maiores estão sendo tomadas por essa corrente, que domina o Diretório e a Comissão Executiva. A mudança para valer começou após as eleições, quando esse grupo se recusou a ser comandado pela ex-governadora Roseana Sarney. Hoje, o MDB está dividido entre o grupo jovem liderado por Roberto Costa e pela ala mais conservadora que tem o deputado Hildo Rocha como referência. Mas é nítida que a ala jovem está dando as cartas e caminha para assumir o controle do partido sob a batuta de Roberto Costa.
Em outro ambiente, depois de uma série de movimentos que o levaram à presidência do PP no Maranhão e, nas asas do partido presidir a Câmara Federal em momento tenso, o deputado federal André Fufuca chega agora à vice-presidência nacional do PP, e com amplas chances de vir a assumir o comando pleno da agremiação, já que o atual presidente, o senador piauiense Ciro Nogueira, corre o risco de ser preso sob acusação de traquinagens com dinheiro público. Com faro apurado e movimentos precisos, feitos na hora certa, André Fufuca já ocupa um espaço invejável na política nacional e estadual, com assento na mesa das grandes decisões.
Nesse contexto de mudanças, os passos mais largos foram dados pelo deputado federal Juscelino Filho, que numa jogada de raposa, assumiu o comando do DEM, que se encontrava na indigência, para transformá-lo numa força partidária de peso. A convenção realizada sexta-feira (26) foi a demonstração definitiva da força que o partido alcançou, tirando o prefeito de Imperatriz, Assis Ramos, do MDB, e turbinando a pré-candidatura do deputado Neto Evangelista em São Luís numa surpreendente e bem armada aliança com o PDT. Essa guinada surpreendente deu a Juscelino Filho voz influente nas conversas que traçarão os destinos políticos do Maranhão.
Essa legião de novos líderes vem sendo puxada por uma geração intermediária, que tem o governador Flávio Dino como a principal referência. O deputado federal Márcio Jerry se destaca como comandante indiscutível da grande guinada dada pelo PCdoB no Maranhão, a ponto de torná-lo o maior braço estadual do partido em todo o País. No mesmo patamar está o senador Weverton Rocha, que assumiu as rédeas do PDT quando o partido mergulhou numa profunda crise após a morte do ex-governador Jackson Lago, devolvendo forte poder de fogo à agremiação nos últimos tempos. E o deputado federal Bira do Pindaré, que tem nas mãos a oportunidade de ser um desses protagonistas no comando do PSB.
Não restam dúvidas de são essas vozes decidirão o futuro político do Maranhão nos próximos tempos.
PONTO & CONTRAPONTO
PRB reforça projeto de candidatar o vice Caros Brandão à sucessão do governador Flávio Dino
Ao mesmo tempo em que o meio partidário começa a se movimentar para definir candidaturas para as eleições municipais do ano que vem, alguns grupos se mexem já para demarcar terreno para a corrida sucessória estadual em 2022. Nesse sentido, partidários do vice-governador Carlos Brandão não perdem oportunidade de reforçar sua pré-candidatura, criando um clima de pré-campanha em torno do Nº 2 do Governo do Maranhão, numa ação que parece contar com a simpatia do Palácio dos Leões. Esse movimento em torno do vice-governador foi repetido na manhã de sábado, no ato de inauguração da nova sede do PRB, no Renascença. Ali, na presença de lideranças do partido, Carlos Brandão foi mais uma vez efusivamente saudado como a grande aposta do PRB para a corrida para a sucessão do governador Flávio Dino. “Não tenho dúvida, que na sua condição de vice, um político experiente, é o nome natural para suceder o governador”, avaliou o tarimbado deputado federal Cleber Verde, chefe maior do PRB no Maranhão e que tem dado todas as demonstrações de que pretende levar esse projeto em frente, certo de que Carlos Brandão fôlego e cacife para ser também a aposta do governador Flávio Dino para a sua própria sucessão. O vice-governador, que a cada dia reforça a sua postura de pré-candidato, mas com o cuidado extremo de não avançar o sinal nem criar embaraços para o Palácio dos Leões, vê seu projeto turbinado, aumentando no meio político a impressão de que é, de fato, um nome viável.
Wellington do Curso se lança pré-candidato a prefeito de São Luís como única opção do PSDB
“O PSDB vai ter candidato a prefeito de São Luís e eu sou pré-candidato”. A afirmação, feita de maneira contundente, partiu do deputado estadual Wellington do Curso, o único representante tucano na Assembleia Legislativa. Wellington do Curso faz uma caminhada solitária, atuando como opositor ferrenho e intransigente do prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), em quem bate todos os dias da tribuna do parlamento estadual. O deputado se mantém na condição de pré-candidato com a autoridade de único sobrevivente da tragédia eleitoral que atingiu o ninho dos tucanos nas eleições de 2018, quando o senador Roberto Rocha teve pouco mais de 2% como candidato a governador, e lideranças como Sebastião Madeira, ex-deputado federal e ex-prefeito de Imperatriz, amargaram dura derrota nas urnas. Até agora, o senador Roberto Rocha, que continua no comando estadual do partido, nada sinalizou com relação às eleições municipais, limitando-se a dar sinal verde para que Sebastião Madeira reunir o que sobrou do outrora poderoso ninho maranhense com vistas ao pleito municipal. Do alto dos 100 mil votos que recebeu no pleito municipal de 2016 e da reeleição para a Assembleia Legislativa, Wellington do Curso é, de fato, o nome do PSDB para enfrentar Eduard Braide (PMN), Neto Evangelista (DEM), Duarte Jr. (PCdoB), entre outros nomes lembrados para a sucessão do prefeito Edivaldo Holanda Jr.
São Luís, 28 de Abril de 2019.