Correta, em todos os sentidos, a iniciativa do governador Flávio Dino (PCdoB) de homenagear, in memoriam, num grande ato a ser realizado neste sábado (31), a médica Maria Aragão e o poeta Bandeira Tribuzi, ambos militantes marxistas. O movimento do governador é um saudável e oportuno contraponto à estapafúrdia e inaceitável decisão do presidente Jair Bolsonaro (PSL) de ordenar ao ministro da Defesa e aos comandantes das três forças militares que comemorem o aniversário de 55 anos da quartelada de 1964, que implantou no Brasil a ditadura que suprimiu as liberdades civis e políticas, extinguiu os partidos políticos, perseguiu, prendeu, torturou e assassinou adversários, violando, ao longo de 21 anos, todos os princípios do Estado Democrático de Direito. O gesto do presidente vem causando indignação até mesmo entre os seus apoiadores, que veem nele um misto de insensatez e estupidez, inadequado a um chefe de Estado, que afronta a democracia e reforça a natureza golpista e antidemocrática do chefe da Nação.
A homenagem a Maria Aragão (1910/1991) e a Bandeira Tribuzi (1927/1977) vai na contramão da iniciativa do presidente Jair Bolsonaro, que arreganhou os dentes para os militares confiado da expectativa de que “a maioria” dos brasileiros aprova essa medida. Ex-juiz federal, o governador Flávio Dino enxergou na decisão do presidente uma maneira grosseira e infeliz de reafirmar sua natureza golpista e de alertar a sociedade para o desatino presidencial de estimular uma guerra política no País, exatamente num momento de tensão que ele e seu Governo não conseguem dar a largada.
A homenagem à médica pediatra e professora Maria Aragão é justa e oportuna, a começar pelo fato de que ela foi exemplo vivo de quem, por militar na esquerda como membro do PCdoB, sofreu os horrores da ditadura: foi perseguida e presa diversas vezes, sofreu tortura numa das salas do prédio hoje conhecido como Convento das Mercês, onde funcionava o comando da Polícia Militar do Maranhão (o colunista a visitou, salvo engano, em 1975, na companhia do sociólogo Rossini Corrêa, um dos seus grandes amigos e apoiadores). Ali foi humilhada e agredida física e moralmente pelos esbirros da ditadura, mas a tudo resistiu com altivez e dignidade, deixando frustrados seus algozes. Livre por força de ordem judicial, Maria Aragão manteve sua luta contra a ditadura até sua morte, tornando-se um dos maiores símbolos de resistência na história do Maranhão. O ato será realizado exatamente na Praça Maria Aragão, construída pelo prefeito Jackson Lago (PDT) com base num projeto arquitetônico de Oscar Niemeyer, outro comunista célebre.
Bandeira Tribuzi merece todas as homenagens do mundo livre e democrático. Economista de formação marxista, jornalista – foi um dos fundadores de O Estado do Maranhão – e poeta que denunciou a injustiça social e cantou a resistência e a liberdade, enfrentou a ditadura de cabeça erguida. Até onde se sabe, ele não foi agredido fisicamente, mas foi alvo de uma cruel e prolongada tortura psicológica, à base de ameaças e de interrogatórios conduzidos por oficiais do 24º BC, guarnição do Exército instalada em São Luís. Sem meios nem argumentos para mantê-lo preso, a ditadura optou por deixá-lo solto, mas sob intensa vigilância, traumatizando a esposa, a firme e solidária Maria Tribuzi, e os filhos, a começar pelo primogênito, o poeta Francisco Tribuzi. A resposta à perseguição que sofreu por parte dos esbirros da ditadura foi dada sobretudo na sua obra poética, na qual celebra o amor e denuncia as injustiças, e que está eternizada no poema musicado que se transformou no Hino de São Luís.
O ato de sábado (16h) será um grito dos maranhenses à sombria ameaça de retrocesso que paira sobre o Brasil pela quase insanidade política do presidente Jair Bolsonaro, um homem primário, culturalmente limitado e sem preparo para presidir um País com a complexidade do Brasil. O grito maranhense contra a ameaça velada de retrocesso será ao mesmo tempo a reafirmação de que a democracia prevalecerá e que “ditadura, nunca mais”.
PONTO & CONTRAPONTO
Fábio Macedo não deve se licenciar nem será enquadrado pela Comissão de Ética
Todos os sinais estão indicando que o deputado Fábio Macedo (PDT) não se licenciará por quatro meses para tratamento de saúde nem responderá a qualquer procedimento na Comissão de Ética da Assembleia Legislativa. Para lembrar: alcoolizado, o deputado Fábio Macedo protagonizou em Teresina (PI) um episódio que destruiu a maior parte da imagem de bom moço que ele vinha construindo nos últimos temos. Alcoólatra e sem qualquer resistência a bebidas, ele bebeu além da cinta num show do cantou Cachorrão, discutiu e trocou tapas com o artista, partiu para a pancada com policiais militares e acabou preso. Tudo registrado em vídeo, com cenas patéticas e inacreditáveis em se tratando de um deputado estadual, e falas mais incríveis ainda. Para começar, a Polícia do Piauí não registrou a ocorrência. E tudo indica que ninguém pretende mesmo nesse caso. Isso porque, além dos vídeos, nada existe que possa fundamentar uma ação na Comissão de Ética, que só pode agir se for provocada, conforme explicou à Coluna o seu presidente, deputado Vinícius Louro (PR). Ou seja, sem uma denúncia formal e bem fundamentada, a Comissão de Ética nada poderá fazer. Tanto que o deputado pedetista nem precisará se licenciar, bastando permanecer ausente da Casa até reunir coragem e confiança para encarar seus pares, que ficaram chocados com o que viram.
Sarney se mantém em Brasília, onde passa experiência a jovens deputados do seu grupo
Engana-se quem pensa que o ex-presidente José Sarney (MDB) está quieto. Atualmente, ele passa mais tempo na sua residência em Brasília, onde recebe parlamentares, ministros do Executivo e do Judiciário, empresários e amigos, que o procuram para ouvir suas observaçães sobre o momento atual do Brasil. Além da posição de arauto, outra das atividades do ex-presidente é passar um pouco da sua experiência aos deputados mais jovens do Grupo Sarney, como o seu neto, o deputado estadual Adriano Sarney, que vai com frequência ao Distrito Federal onde o pai dele, ex-deputado federal Sarney Filho é secretário do Meio Ambiente. Bebem também na fonte preciosa e inesgotável de experiência política os deputados federais Edilázio Jr. (PSD) e João Marcelo (MDB).
Oposição tenta, mas não consegue barrar empréstimo para pagar precatório
O Projeto de Lei por meio do qual o governador Flávio Dino pede autorização da Assembleia Legislativa para contrair empréstimo no valor de R$ 650 milhões para pagamento de precatórios virou foi transformado no mote preferencial da Oposição nos últimos os dias. O experiente deputado César Pires (PV), que faz a chamada “Oposição técnica”, tem se debruçado sobre o projeto, fazendo uma detalhada varredura em busca de detalhes que possam lhe dar argumento para apontar inconstitucionalidades na peça. Ontem, César Pires foi para a tribuna, fez um amplo discurso, disse que o PL é inconstitucional, mas não apresentou elementos consistentes para respaldar a acusação. E acabou admitindo ter certeza que a matéria será aprovada sem problemas, abrindo caminho para a contratação do empréstimo.
Daniella Tema se movimenta para conseguir um Hemocentro para Presidente Dutra
A deputada Daniella Tema (DEM) iniciou uma cruzada para cumprir um sério compromisso que assumiu durante a campanha eleitoral: envidar todos os esforços para conseguir a instalação de um Hemocentro em Presidente Dutra, para atender às demandas do Hospital Macrorregional, que, atualmente, utiliza muitas bolsas de sangue da cidade de Balsas. Filha de Presidente Dutra e já tendo dirigido aquele hospital, que é de referência regional implantado no Governo Jackson Lago (PDT) e ampliado nos governos recentes, Daniella Tema conhece como poucos a necessidade do Hemocentro que reivindica.
“Em Presidente Dutra, nós temos um dos maiores hospitais públicos do Estado. Inclusive já tive a honra de dirigi-lo, atendendo à confiança do governador Flávio Dino (PCdoB). Lá, todos os dias, dezenas de pessoas vão em busca de atendimento e muitas delas precisam de bolsas de sangue. Em virtude dessa necessidade, faço esse pedido visando aumentar a capacidade e qualidade no armazenamento das bolsas de sangue, fundamentais para salvar vidas”, assinalou Daniella Tema, que já conversou com o governador Flávio Dino e com o secretário de Saúde, Carlos Lula, e está animada com o que ouviu dos dois.
São Luís, 28 de Março de 2019.
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