O louvor “A Deus seja a glória, a Deus seja a glória, a Deus seja a glória por tudo o que fez por mim”, entoado em voz de soprano em escala crescente, e em seguida o discurso pronunciado pela deputada Mical Damasceno (PTB) na estreia dela na tribuna da Assembleia Legislativa, e logo em seguida o pronunciamento também de estreia do deputado Pastor Cavalcante (PROS), surpreenderam deputados, galerias e jornalistas. Ligados pela fé à Assembleia de Deus, a mais política das organizações evangélicas em ação no País, os dois parlamentares iniciaram seus quatro anos de mandato fazendo agradecimentos Deus e prometendo-lhe submissão e fidelidade eternas. Em nenhum momento Mical Damasceno e Pastor Cavalcante pareceram políticos militantes, que depois de anos e anos de militância partidária conseguiram convencer eleitores da honestidade dos seus propósitos e foram mandados, pelo voto direto e secreto, para a Assembleia Legislativa, uma Casa política onde se fazem leis, se debatem os problemas dos municípios, se critica e se cobra melhorias para o município, para o estado e para o País. Os dois, cada um a seu modo, sinalizaram que colocarão os postulados assembleianos acima de qualquer ideologia e orientação partidária, e ponto final.
No seu discurso de estreia, depois de entonar o louvor diante de um plenário perplexo, a deputada assembleiana dedicou a maior parte da sua fala a enfatizar sua relação com o Criador, com sua Igreja, com o seu pastor e com a família, deixando no ar a impressão de que sua religião e sua ideologia e que, mesmo sendo seu mandato propriedade do povo, suas ações serão norteadas pelos ditames da sua religião e sua prestação de contas será feita diretamente ao Senhor. Eleita pelo PTB, Mical Damasceno não dedicou uma só frase do seu discurso ao partido, não faz qualquer referência aos princípios políticos ou base programática do petebismo, e não deu nenhuma pista sobre se tem alguma réstia de identificação com o trabalhismo que norteia o PTB. Elogiou a senadora Eliziane Gama (PPS) e Weverton Rocha (PDT), mas ignorou completamente o único deputado federal Pedro Lucas Fernandes, que ganhou espaço nacional ao ser eleito líder da bancada do partido na Câmara Federal. Em uma única frase do seu discurso ela revelou uma tênue preocupação com saúde e com educação, mas não disse o que pretende fazer nessa direção, não tratou dos desafios econômicos, geração de emprego, enfrentamento das desigualdades, de como atuará para ajudar a reverter os indicadores que, mesmo com os vitoriosos esforços do atual Governo, continuam perturbadores. Pode ter sido o compreensível entusiasmo da estreia, com a possibilidade de uma mudança depois da apresentação e dos agradecimentos ao Criador.
Muito mais comedido e com um discurso menos entusiasmado e alguns centímetros mais próximo da realidade, Pastor Cavalcante apresentou-se à Assembleia Legislativa basicamente com os mesmos argumentos usados pela deputada Mical Damasceno. Agradeceu a Deus e aos líderes assembleianos que lhe abriram caminho para tornar-se um líder na instituição agora investido de um mandato essencialmente político. Nas não disse uma palavra sequer sobre o PROS, partido pelo qual se elegeu, e que, como o PTB ignorado pela deputada Mical Damasceno, tem um programa, uma doutrina política, uma ideologia e um líder, o ex-secretário de Estado, ex-deputado estadual, ex-deputado federal, ex-ministro do Turismo e atual suplente de deputado federal Gastão Vieira. Pareceu enfrentar alguma dificuldade para separar política de religião, esquecendo que a História está coalhada de exemplos que mostram que a mistura de religião e política nunca produziu coisa boa. Com a experiência que parece ter, o deputado Pastor Cavalcante certamente vai dosar as coisas com equilíbrio.
A própria Assembleia Legislativa tem nos seus registros vários deputados evangélicos e que foram destaques da política, mas souberam evitar a mistura das coisas. Um exemplo: Enoc Vieira, uma assembleiano fidelíssimo, que, até onde é sabido, nunca apelou ao Criador para lhe ajudar a resolver pepinos políticos. Agora, o fato indiscutível é que os deputados Mical Damasceno e Pastor Cavalcante se revelaram parlamentares de fé e usaram a tribuna da Assembleia Legislativa como se estivessem usando o púlpito de um templo da Assembleia de Deus.
PONTO & CONTRAPONTO
Andreia Rezende, Detinha e Thaíza Hortegal estreiam na tribuna com discursos firmes e recados diretos
Três estreias na tribuna chamaram a atenção, ontem, no plenário Gervásio Santos, da Assembleia Legislativa. Apresentaram-se as deputadas Andreia Rezende (DEM), Detinha (PR) e Thaíza Hortegal. As três deram seus recados de maneira sóbria, sem alarde, com discursos absolutamente encaixados no ambiente parlamentar, dizendo, com mais ou menor ênfase, a que vieram, indicando que estão dispostas a ter uma atuação política com lastro e objetivo, dispostas a honrar os votos que receberam.
O discurso de apresentação da deputada Andrea Rezende (DEM) parou o plenário, normalmente agitado e sem que a maioria dê muita importância para quem está falando. Com a voz pausada e com ânimo elevado, Andreia Rezende falou de si, da sua condição de política, do seu berço, da sua relação com o eleitorado e do compromisso que assumiu quando decidiu candidatar-se. Sem um só traço de auto-vitimação por conta do acidente automobilístico que sofreu durante a campanha e que a obrigou a deslocar-se numa carreira de rodas. Diante de um plenário em silêncio, a deputada de Balsas contagiou deputados e jornalistas com uma doçura rara, exatamente pelo fato de ter sobrevivido. Não tratou o assunto como sobrevivente de uma tragédia, mas do acaso, celebrando a vida com uma dignidade surpreendente e exemplar. Lembrou seu pai, o médico e ex-deputado Francisco Martins, e se identificou como fruto de uma família de políticos. Acostumada, portanto, ao contato direto com o povo, a quem dedicou seu mandato. Celebrou o seu casamento de décadas com o ex-deputado Stênio Rezende. E encerrou dizendo: “Recebam, cada um de vocês, um abraço fraternal, o meu muito obrigada e vamos todos trabalhar juntos pelo bem desse nosso Maranhão”.
A deputada Detinha (PR) revelou-se uma política com os pés no chão, que conhece origem humilde e sabe o que pode ser feito para melhorar as condições da população. Com a firmeza de quem foi campeã de votos, revelou que é cearense de nascimento, adotou o Maranhão como sua terra-natal e foi adotada pelo município de Maranhãozinho, onde conheceu o marido e mentor político Josimar de Maranhãozinho, então prefeito e com quem trabalhou como secretária de Assistência Social. Lembrou que depois foi prefeita de Centro do Guilherme por dois mandatos, informando que quando assumiu o IDH do município era 0,307 e que o deixou com 0,542, um salto absolutamente surpreendente. A deputada Detinha disse ter a convicção de que a política é a melhor forma de fazer bem à Humanidade. “Entro nesta Casa com a esperança, mas principalmente com o dever em cumprir, exercer e fazer exercer cada direito das pessoas que me colocaram aqui”, declarou. E acrescentou, sinalizando que o seu projeto pé muito maior do que um mandato parlamentar: “Eu quero agradecer ao meu amigo, ao meu companheiro, ao meu esposo, ao Josimar de Maranhãozinho. Ele acredita que a união conjugal pode se sair entre quatro paredes e invadir um Estado”.
A deputada Thaíza Hortegal (PP) surpreendeu pela sua objetividade e pelo senso de dever que parece ter como política militante. Fez os agradecimentos normais, a Deus, ao povo e aos seus familiares, mas não perdeu tempo com mesuras e foi direto ao tema político. Disse que como médica enxerga os problemas da população menos favorecida, criticou as limitações do sistema de saúde e defendeu que a classe política deve atuar com mais determinação para solucionar os problemas mais graves. “Ressalto também em dizer que irei dedicar o meu mandato a projetos, ações que irão sempre estar recebendo atenção, voltados às mulheres, aos idosos, às crianças, ao bem-estar de uma população”, declarou. E prosseguiu agradecendo o acolhimento com que foi recebida na Assembleia Legislativa, e fechou seu discurso chamando a atenção da Casa para os problemas que afligem a Baixada e especialmente o município de Pinheiro, sua base política e eleitoral e onde seu marido, Luciano Genésio (PP), é prefeito. Encerrou seu pronunciamento de estreia convocando o parlamento para somar esforços para encontrar solução para os problemas da região. Falou como um político maduro e que sabe o que diz.
__________________
Destaque
Othelino Neto inaugura sistema eletrônico de tramitação de processos e documentos na Alema
O presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), presidiu ontem um ato administrativo que revolucionará a tramitação e armazenamento de informações documentais no Poder Legislativo. Foi o lançamento do InovaLegis, um sistema eletrônico por meio do qual processos e documentos tramitarão entre os mais diferentes setores da Casa. O sistema foi inaugurado com a assinatura eletrônica feita pelo presidente Othelino Neto no primeiro processo movimentado pelo InovaLegis.
Para começar, o sistema aposenta de vez o papel como abrigo antes milagroso e insubstituível numa engrenagem administrativa pública. O InovaLegis, além de gerar economia com uso de papel, automatiza os fluxos processuais, compartilha o ambiente de trabalho em tempo real, num processo transparente, seguro e célere. Ou seja, tudo funcionará de maneira ordenada nas “veias” desse sistema. O sistema é totalmente implantado no Data Center da Assembleia Legislativa, com a segurança dos sistemas de antivírus, e pode ser acessado tanto no sistema de intranet da Alema, quanto nos sistemas web, através da internet.
– Esse é mais um passo que nós damos para modernizar os procedimentos da Assembleia Legislativa (Alema). Por isso, fizemos questão de ter esse momento de apresentação, para que entendamos como funciona o sistema e a importância dele, não só no que diz respeito à agilidade dos processos, mas como outros aspectos, a exemplo da economia de papel e o valor que isso tem no quesito ambiental”, destacou o presidente com sua consciência de ambientalista.
Othelino Neto afirmou que a Alema passa a ser um exemplo para as outras instituições: “Nesse sentido, inauguramos oficialmente esse sistema, assim como outros virão, para modernizar, dar celeridade, transparência e fazer com que a nossa Assembleia Legislativa se adeque a um novo momento e às novas tecnologias”.
– É um momento de satisfação para toda a equipe, que se envolveu nesse projeto. O presidente Othelino, quando assumiu, uma das suas principais premissas foi a modernização da Casa. Demos o primeiro passo com a implantação do pregão eletrônico, colocando a Assembleia em um patamar de tecnologia na área de licitações. Estamos finalizando um trabalho longo, árduo, mas muito prazeroso – ressaltou Antino Noleto, diretor Administrativo da Alema.
– É um sistema, como o nome já diz, inovador, através de uma empresa contratada, que fez a idealização e que já está trabalhando conosco há algum tempo, fazendo o trabalho de treinamento dos funcionários e implantação do sistema. É importante ressaltar que o sistema é totalmente implantado no Data Center da Assembleia Legislativa, com total segurança dos nossos sistemas de antivírus, firewall e pode ser acessado tanto no sistema de intranet da Alema, quanto nos sistemas web, através da internet – explicou.
– O objetivo não é só criar automação na Casa, mas mudar rotinas. É preciso que todos nós estejamos engajados nesse processo de mudança. A área Legislativa, que será o segundo momento, já está em fase final e vamos disponibilizar à sociedade, em tempo real, todo o processo legislativo – completou Braúlio Martins, diretor-geral da Mesa Diretora.
São Luís, 13 de Fevereiro de 2019.