Os depoimentos do senador Edison Lobão (PMDB), no final da semana passada, e da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), no início desta semana, não devolveram tranquilidade total ao Grupo Sarney, mas a julgar pelo ânimo dos dois depoentes, a carga de tensão que lhes pesava sobre os ombros, alcançando os que lhes são mais próximos, foi drasticamente reduzida. “Lobão e Roseana voltaram a sorrir”, disse à coluna uma fonte bem situada, acrescentando que os dois mudaram seus humores depois que passaram pela bateria de perguntas feitas por delegados da Polícia Federal, na sede da instituição, em Brasília, sob o acompanhamento de procuradores da República, conforme determinação do Supremo Tribunal Federal (STF).
Lobão depôs no dia 14 de maio para esclarecer, confirmando ou negando, a denúncia do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras, Paulo Roberto Costa, segundo a qual o senador, então ministro de Minas e Energia, o teria mandado, em 2010, repassar R$ 2 milhões para a então governadora e candidata à reeleição, Roseana Sarney, para bancar custos de campanha. Segundo o ex-diretor, o dinheiro teria saído do esquema de corrupção e sido repassado à candidata do PMDB pelo doleiro Alberto Yousseff. Outros fisgados pela Operação Lava-Jato, como o empreiteiro e chefão do esquema Ricardo Pessoa, dono da UTC, também citaram o ministro como beneficiário do esquema de corrupção na petroleira.
O senador e ex-ministro foi ouvido durante duas horas e meia e teria respondido a mais de uma dezena de perguntas, todas relacionadas com o mesmo assunto. Mantendo o discurso que vem pronunciando desde que se manifestou sobre a sua inclusão na relação de políticos que respondem a inquérito fundado em denúncia da Procuradoria Geral da República com base na Operação Lava Jato, Lobão negou peremptoriamente a acusação. Afirmou que a condição de ministro não lhe permite ter qualquer controle sobre as transações da Petrobras, que é uma estrutura gigantesca e autônoma. Ao ministro de Minas e Energia, que preside o Conselho de Administração, cabe definir políticas macros na área de energia e combustíveis.
E ao contrário do que muitos previam, o depoimento transcorreu normalmente, em clima civilizado e sem qualquer instante traumático. Lobão deixou a sede da Polícia Federal tranquilamente e retomou imediatamente suas atividades no Senado, onde participou de reuniões e votações sem exibir qualquer traço de mal-estar.
A ex-governadora Roseana Sarney prestou depoimento na tarde de segunda-feira, dia 18, também na sede da Polícia Federal, em Brasília. Foi interrogada durante 1 hora e 20 minutos por delegados federais com o acompanhamento de procuradores da República, que lhe questionaram sobre as declarações do ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. A ex-governadora rechaçou a denúncia da Procuradoria Geral da República negando enfaticamente ter recebido dinheiro de corrupção da Petrobras. Garantiu que nunca tratou desse assunto com Paulo Roberto Costa e, a exemplo do que fez o senador Edison Lobão, desafiou o denunciante a apresentar qualquer prova material que confirme a denúncia.
Bem preparada por seu advogado, o tarimbado criminalista Antônio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, Roseana valeu-se de um argumento forte, que reduziu drasticamente o peso da denúncia: o doleiro Alberto Yousseff, que teria sido o operador do esquema, disse não se lembrar de ter entregado a ela qualquer quantia do esquema de desvio na Petrobras. Como Lobão, Roseana deixou a sede da Polícia Federal com o astral elevado, certa de que rebateu cm eficiência a acusação do ex-diretor da Petrobras. O seu depoimento foi comemorado – discretamente, claro – por familiares e amigos íntimos.
O senador Edison Lobão e a ex-governadora Roseana Sarney estão confiantes de que a Procuradoria Geral da República não encontrará elementos que sirvam de provas para convencer o Supremo Tribunal Federal a processá-los. Para os dois, a primeira batalha da guerra está vencida. Vale aguardar as próximas. Se houver.
PONTOS & CONTRAPONTOS
Rose na briga?
A vereadora Rose Sales (foto), atualmente sem partido, estaria pensando seriamente em entrar na corrida para a Prefeitura de São Luís, abrindo mão de tentar a reeleição. Decepcionada com o prefeito Edivaldo Jr. (PTC) e com o governador Flávio Dino (PCdoB), Rose Sales deixou as fileiras do PCdoB e está em busca de um partido para dar continuidade à sua agitada trajetória na política. Nascida no meio político e dona de um temperamento forte, a parlamentar foi linha de frente na base de apoio do prefeito e também cabo eleitoral de ponta na campanha do atual governador. Apostou alto nos dois, mas chegou à conclusão de que nem um nem outro preencherá suas expectativas. Especula-se que ela pode se filiar ao PP, comandado pelo deputado federal Waldir Maranhão, ou ao PROS, agora comandado no estado pelo ex-deputado federal Gastão Vieira.
Evangelista tem cacife
Alguns leitores estranharam a inclusão do deputado e atual secretário de Estado de Desenvolvimento Social Neto Evangelista (PSDB) (foto) na relação dos prováveis candidatos a prefeito de São Luís. A explicação é simples: Neto Evangelista é um dos políticos mais atuantes da novíssima geração, está no segundo mandato parlamentar e participou da disputa em 2012 como candidato a vice na chapa liderada pelo prefeito João Castelo. É filho de São Luís, se formou político na cola do pai, o ex-deputado João Evangelista, que foi vereador por vários mandatos, tendo presidido a Câmara Municipal por duas vezes. Neto Evangelista conhece cada rua, cada buraco e cada problema da Capital. Além disso, é a opção do PSDB se o ex-prefeito e atual deputado federal João Castelo e o suplente de senador Pinto Itamaraty não brigarem pela vaga de candidato.
São Luís, 22 de Maio de 2015.