Todos os sinais produzidos pela campanha eleitoral até aqui indicam que a disputa pelas duas vagas no Senado da República será mesmo travada pelo senador Edison Lobão (MDB) e o deputado federal Sarney Filho (PV), candidatos da coligação “Maranhão quer mais”, comandada pela ex-governadora Roseana Sarney (MDB), e os deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS), da coligação “Todos pelo Maranhão”, liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB). A esse grupo poderá se juntar o deputado federal José Reinaldo Tavares (PSDB), candidato da coligação (Vamos sem medo mudar o Maranhão), liderada pelo senador Roberto Rocha (PSDB), já que o outro candidato tucano, Alexandre Almeida, é o mais distanciado desse pelotão, e aparentemente sem gás para reverter o quadro de posições. As pesquisas mais recentes desenharam essa tendência, à medida que umas apontaram que se as eleições fossem agora, Eliziane Gama e Edison Lobão seriam os senadores eleitos, enquanto outras sinalizaram que os eleitos seriam Edison Lobão e Sarney Filho. Nos bastidores da corrida eleitoral há uma clara movimentação nas duas maiores coligações objetivando turbinar os seus candidatos ao Senado.
Com a sua candidatura à reeleição consolidada e mantendo-se firme na condição de favorito, o governador Flávio Dino iniciou a segunda fase da sua campanha que é impulsionar a corrida de Weverton Rocha e Eliziane Gama na direção das urnas, colocando em prática o projeto de eleger os dois para o Senado. No círculo mais próximo do chefe do Governo é dominante a convicção de que é possível concretizar o projeto de eleger os dois senadores, mesmo considerando o peso dos adversários. Tanto que o governador gravou com os dois, individualmente, peças de campanha para a TV apontando-os como candidatos fortes e preparados para exercer o mandato senatorial, usando também o argumento de que os dois terão papel fundamental no apoio ao Governo do Maranhão caso sejam eleitos, e ele reeleito. Além disso, o governador tem cumprido uma intensa agenda de campanha para atender aos dois em todas as regiões do estado. Flávio Dino vem dando o sentido de chapa, evitando ao máximo a ideia de que na sua coligação é cada um por si e Deus por todos. Além disso, Weverton Rocha e Eliziane Gama estão fazendo a parte deles com campanhas fortes, nas quais se mostram preparados para serem senadores.
Na coligação “O Maranhão quer mais”, a candidata ao Governo Roseana Sarney é quase sempre acompanhada de Edison Lobão e Sarney Filho nas incursões pelo interior e em atos como comícios e caminhadas. Mesmo assim, a impressão que passa é que nesse grupo os candidatos ao Senado não fazem uma dobradinha e se movimentam cada um para seu próprio rumo. É verdade que o formato da disputa induz o observador, e até mesmo o eleitor, a achar que os candidatos de cada coligação estão em guerra entre si, o que acaba com eles se dividindo pela ação de grupos de apoio que se batem e fazem questão de demonstrar essa rivalidade. Nos bastidores do Grupo Sarney corre o rumor de que apoiadores de Edison Lobão e de Sarney Filho estão em choque, quando a lógica recomenda que os dois deveriam somar esforços na guerra pelas duas vagas. E é fato que até aqui Edison Lobão não recomendou o segundo voto para Sarney Filho nem este indicou aquele como nome ideal para o segundo voto. Até ontem a líder da coligação não divulgou peça de TV, de rádio, comunicado ou coisa parecida convocando seus eleitores votar nos dois candidatos da sua coligação ao Senado. Mesmo sem essa vitamina, Edison Lobão e Sarney Filho vêm fazendo campanhas de peso, jogando nas peças todo o peso dos seus lastros políticos e das suas biografias como homens públicos.
O clima de disputa aumenta com o ex-governador José Reinaldo “arranhando calcanhares” dos quatro, podendo em algum momento da campanha dar um salto e entrar efetivamente nesse time de favoritos, até porque iniciou na TV uma campanha de forte apelo emotivo.
PONTO & CONTRAPONTO
Cobrança de candidatos do PSDB causa constrangimento a Roberto Rocha
Surpreendente e desconcertante a “carta aberta” de candidatos proporcionais do PSDB cobrando do presidente e candidato a governador do partido, senador Roberto Rocha, uma revisão da partilha dos recursos recebidos para bancar a campanha dos candidatos da agremiação. Com expressões duras, como se estivessem exigindo uma reparação por supostos perdas e danos, os candidatos se mostram dispostos a manter um clima de forte tensão dentro do partido, que já vive uma situação de apatia com que se arrasta a candidatura do senador tucano ao Governo do Estado e a do ex-governdor de São Paulo, Geraldo Alckmin, à presidência da República. Ao tornarem público um assunto doméstico de tal gravidade, os candidatos tucanos rebelados parecem não perceber que causaram uma situação constrangedora para o partido e para todos os candidatos, a começar por eles próprios, que se revelam aspirantes a cargo eletivo que não vão a lugar algum sem os tostões reivindicados. O documento que assinaram e tornaram público revela que a situação do PSDB é bem mais complicada do que mostram o desempenho dos seus candidatos majoritários nas pesquisas. Com a agravante de que, mesmo que solucione a suposta pendência financeira e apazigue a turma insatisfeita, o senador Roberto Rocha sairá desse episódio constrangedor com alguns arranhões.
Henrique Meirelles vai cobrar comitê de sua candidatura em São Luís
Correu o rumor de que emissários de Henrique Meirelles, o candidato presidencial do MDB, se reunirão com o comando regional do partido, para resolver como será a participação dos emedebistas maranhenses na campanha. A Coluna registrou que há cerca de um mês assessores de Henrique Meirelles procuraram o presidente estadual do MDB, senador João Alberto, para passar-lhe a recomendação sobre a instalação de um comitê do candidato emedebista em São Luís. A conversa não havia prosperado até a semana passada. Se emissários do candidato do MDB à presidência da República estiverem de fato a caminho de São Luís para tratar do assunto, é sinal de que um acordo foi fechado pelo presidenciável com a cúpula nacional e os candidatos nos estados. Vale anotar que até ontem a propaganda de Roseana Sarney na TV estampou imagens dela ao lado do ex-presidente Lula da Silva (PT), que por sua vez mandou um recado aos maranhenses, através do agora candidato do PT a presidente, Fernando Haddad, de que o candidato dele no Maranhão é o governador Flávio Dino (PCdoB).
São Luís, 12 de Setembro de 2018.