Daqui a exatos 12 dias, o calendário eleitoral abrirá prazo para a realização das convenções por meio das quais os partidos formalizarão suas chapas de candidatos a presidente, governador, senador, deputado federal e deputado estadual e, dependendo dos interesses que os movem, as alianças por meio das quais embalarão suas campanhas para as eleições do dia 7 de Outubro. No Maranhão, o cenário está parcialmente desenhado, a começar pelo fato de que 14 dos 35 partidos aptos a disputar votos já estão articulados na grande aliança articulada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), enquanto seu principal adversário, a ex-governadora Roseana Sarney (MDB), já conta com PV, PSD, Podemos e Avante, devendo completar o arco de aliados com outras legendas de menor porte. Fora desse contexto, estão dois projetos majoritários em situação ainda imprecisa em matéria de aliança partidária, o que tem à frente o senador Roberto Rocha (PSDB) e o liderado pela ex-prefeita Maura Jorge (PSL), seguidos de uma aliança já amarrada entre PSOL e PCB em torno da candidatura de Odívio Neto, e projeto isolado, sem aliança, lançado pelo PSTU, com a candidatura de Ramon Zapata.
As alianças em formação têm dois objetivos: fortalecer a base política e eleitoral das candidaturas majoritárias e proporcionais e ampliar ao máximo o tempo no rádio e na TV durante a campanha eleitoral, item considerado por muitos essencial para um bom desempenho nas urnas. Por conta de tais conveniências e interesses, os líderes maiores da malha partidária, bem como os candidatos majoritários encontram-se mergulhados em articulações, objetivando exatamente viabilizar seus projetos eleitorais.
Movido por um pragmatismo inteligente, fundado no conceito aberto de democracia, o governador Flávio Dino projetou seu projeto de reeleição construindo uma aliança ampla e plural, que começa com o seu partido, PCdoB, de esquerda, passa por agremiações de centro-esquerda, como o PDT e o PPS, inclui partidos de centro, como o PTB, agrega organizações partidária de centro-direita, como o DEM, o PP e o PRB, e deve consolidar a aliança com o PT, reforçando o viés do que se convencionou chamar de esquerda democrática. Os partidos que integram a aliança dinista, a começar pelo PCdoB, já marcaram a data das suas convenções: 29 de Julho. E tudo indica que os 14 relacionados até aqui confirmarão esse projeto formalizando coligações com o PCdoB. Com essa aliança politica e partidária consistente, o governador pavimenta o caminho que o levará às urnas com uma vantagem considerável, se levadas em conta as condições das outras candidaturas.
Na seara oposicionista, a ex-governadora Roseana Sarney deve sair das convenções partidárias com uma aliança mais tímida, provavelmente com o apoio de uma dezena de partidos, tendo o MDB, a mais importante organização política de centro do País, como carro-chefe, formando uma aliança de centro-direita. Esse viés ideológico é confirmado pelo PV, que é um partido de centro, e pelas agremiações de direita, como PSD, Podemos e Avante, ainda que seus chefes as “vendam” como partidos de centro. Roseana Sarney tentou evitar que o DEM e o PP rompessem com o Grupo Sarney e migrassem para a aliança dinista, mas os presidentes locais desses partidos, os jovens deputados federais Juscelino Filho e André Fufuca seguraram a pressão e consolidaram a migração para o campo governista, impondo à pré-candidatura do MDB uma dura derrota política. Os movimentos de Roseana Sarney para fortalecer a coligação que está firmando são tão fortes que na semana passada ela conseguiu destituição de Pastor Bel da presidência regional do PRTB por ter ele declarado apoio à candidatura de Maura Jorge ao Governo do Estado.
A julgar pelo quadro que está sendo desenhado para as convenções partidárias, dificilmente o senador Roberto Rocha agregará partidos expressivos para formar uma coligação. Maura Jorge vice a mesma situação, com a vantagem de poder, na condição de braço do presidenciável Jair Bolsonaro no Maranhão, usar a influência dele para atrair algumas agremiações menores para validar sua candidatura ao Governo do Estado.
É esse o desenho do momento, que poderá ser ou não confirmado pelas convenções que se aproximam.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana Sarney foi alertada para dar o mesmo tratamento a Edison Lobão e Sarney Filho na corrida ao Senado
A cúpula do Grupo Sarney foi alertada para o desgaste que Roseana Sarney poderá sofrer se não orientar os grupos que a apoiam no sentido de trabalhar com a mesma disposição em favor das candidaturas do senador Edison Lobão (MDB) e do deputado federal Sarney Filho (PV) ao Senado. O alerta foi dado recentemente, quando observadores registraram movimentos que indicariam clara preferência de roseanistas pela candidatura de Sarney Filho, colocando o senador Edison Lobão em segundo plano. Discreto e tarimbado nesse jogo, já tendo enfrentado outras situações nessa direção. O senador Edison Lobão – que segundo as pesquisas tem mais intenções de voto que preferência do que o ex-ministro do Meio Ambiente – não passa recibo para estas essas especulações, preferindo dar segmento à sua pré-campanha fazendo o que faz de melhor: conversar com lideranças políticas, entre elas prefeitos e vereadores, que estão na base e têm poder de fogo para turbinar ou emagrecer candidaturas majoritárias. Na verdade, embora haja duas vagas para o Senado, que deveria unir dois candidatos de uma coligação, está havendo uma distorção muito grande nesse campo, com a definição, dentro das coligações, de “primeiro” e “segundo candidato”, quando os esforços deveriam ser integralmente nos dois candidatos de uma mesma chapa. Numa situação democrática, em que partidos se juntam em torno de um projeto comum, o natural é que os eleitores deste projeto se mobilizem em torno dos dois candidatos a senador, independentemente da posição de cada um nos levantamentos estatísticos para identificar as preferências dos eleitores. No caso atual, fala-se muito na tendência de se formar “dobradinhas” votando num candidato da situação – Weverton Rocha (PDT) ou Eliziane Gama – e num da oposição – Edison Lobão ou Sarney Filho. Um desencontro nessa seara pode sair muito caro. Daí a informação de que Roseana Sarney foi alertada e já teria tomado providências, mostrando isso tirando selfies ladeada pelos dois candidatos a senador da sua coligação.
“Bolívia” conquista a Copa do Nordeste, fortalece Sérgio Frota e pode embalar Josimar de Maranhãozinho
A conquista da Copa do Nordeste pelo Sampaio Corrêa, na tarde de sábado, batendo o Bahia na Finte Nova, em Salvador, foi um feito inédito e histórico e que terá desdobramentos na corrida eleitoral. Em estado de graça, a torcida do “Mais Querido” volta reconhecer o trabalho do deputado estadual Sérgio Frota (PR), devendo retribuir dando-lhe uma expressiva de votos, o suficiente para garantir reeleição. Não há qualquer sombra de dúvida de que Sérgio Frota é o grande arquiteto da trajetória do Sampaio Corrêa, que por sua vez tem retribuído com votação densa para vereador de São Luís em 2012 e para deputado estadual em 2014. Mas não fica só no suporte a Sérgio Frota. A torcida “boliviana” será também estimulada a apoiar a candidatura do deputado estadual Josimar de Maranhãozinho a deputado federal. Explica-se: com o aval de Sérgio Frota, Josimar de Maranhão entrou para o grupo que comanda o clube boliviano, criando assim o pressuposto de que incluirá a torcida do “Mais Querido” como um filão a ser explorado eleitoralmente. A dobradinha Frota-Maranhãozinho foi bem muito bem articulada. Resta saber o que dirá a respeito a grande massa boliviana durante a campanha e no dia da votação.
São Luís, 08 de Julho de 2018.