O “fogo amigo” que vem sendo disparado contra o vice-governador Carlos Brandão (PRB) nos bastidores da aliança partidária liderada pelo governador Flávio Dino (PCdoB), com o claro objetivo de removê-lo da condição de candidato à reeleição está sendo considerado perda de tempo por observadores de dentro e de fora desse campo político. E já levou o governador a disparar um aviso aos interessados e alimentadores desse jogo: Carlos Brandão está confirmado na chapa e não há por que substitui-lo. A pressão contra o vice-governador vem do fato de que aliados com algum poder de fogo, como o DEM e o PT, por exemplo, querem fortalecer seus cacifes ocupando espaços na chapa majoritária, e como as vagas de candidato a senador já estão preenchidas com os deputados federais Weverton Rocha (PDT) e Eliziane Gama (PPS), o cerco começa a ser montado em torno da vaga de candidato a vice-governador, podendo terminar com uma negociação em torno das vagas de candidato a suplente de senador.
O bombardeio mais forte e mais recente ocorreu quando diversas fontes começaram a espalhar com insistência que o vice-governador estaria inelegível por que teria assumido o cargo em período proibido pela legislação eleitoral. Examinada a questão, especialistas em Direito Eleitoral derrubaram o factóide afirmando que o vice-governador não cometeu crime eleitoral algum. Outros petardos de menor poder explosivo foram disparados, mas o Palácio dos Leões, convicto de que tudo não tem passado de armação para fragilizar o vice-governador, preferiu ignorá-lo, e quando não, desacreditá-los.
Quando bateu martelo determinando que Carlos Brandão continuará como seu companheiro de chapa, o governador Flávio Dino mandou um recado claro e direto aos seus parceiros na aliança partidária, informando que a vaga de candidato a vice-governador não entraria em qualquer negociação. Seu argumento foi simples e inquestionável: Carlos Brandão é um vice-governador telhado para o cargo, a começar pelo fato de ser discreto, operoso e, principalmente, leal ao governador e ao Governo. Durante esses três anos e meio, o governador entregou ao seu vice uma série de tarefas, como a de representá-lo em fóruns nacionais de chefes de Estado e comandar missões diplomáticas, como a que liderou na China, que culminou com o estabelecimento de relações produtivas entre o Governo do Maranhão e o Governo Chinês.
Politicamente, o vice-governador Carlos Brandão tem mantido lealdade absoluta ao governador Flávio Dino, posicionando-se como integrante de proa do seu projeto de poder. Trabalhou duro e incansavelmente para manter o PSDB na base do Governo, e não pensou duas vezes para romper com o seu líder e mentor político, o ex-governador José Reinaldo Tavares, quando este se afastou de Flávio Dino e passou a lhe fazer Oposição, por ironia agora como membro do PSDB. Quando perdeu o controle do PSDB, poderia ter permanecido no partido, mas preferiu deixar o ninho dos tucanos para se converter ao PRB, partido comandado no Maranhão pelo deputado federal Cléber Verde. Ao contrário de muitos vices, que durante seus mandatos dedicam-se a conspirar contra o titular, Carlos Brandão tem sido correto também sendo um vice que respeita cuidadosamente os limites do seu papel, não existindo, pelo menos até aqui, registro de qualquer estrapolação dessa fronteira, mesmo nas inúmeras oportunidades em que assumiu o Governo na ausência do governador.
A interlocutores próximos, o governador Flávio Dino tem confirmado que não recuará da posição de manter Carlos Brandão como seu vice e que está disposto a “comprar” essa briga, caso os interessados na vaga insistam em alimentar o jogo de minar a posição do vice-governador. E como o jogo político é implacável, exatamente por ter a sobrevivência e o fortalecimento como objetivos, não será surpresa se a pressão contra Carlos Brandao seja mantida até as convenções de julho.
PONTO & CONTRAPONTO
Max Barros diz que além de político habilidoso, Epitácio Cafeteira foi um bom administrador
Epitácio Cafeteira foi mais que um político habilidoso. Ele foi também um bom administrador. Essa afirmação foi feita ontem, na tribuna da Assembleia Legislativa, pelo deputado Max Barros (PMB), em discurso com que homenageou o ex-governdor Epitácio Cafeteira, falecido no último domingo e velado no Plenário Gervásio Santos, do Palácio Manoel Beckman. Max Barros registrou que participou do Governo Cafeteira (1987-1990) como diretor-geral do DER, e centrou sua fala nas inúmeras e importantes obras realizada pelo ex-governador em São Luís, como a Avenida dos Holandeses, e em algumas regiões do estado. Seguem trechos da fala do parlamentar:
“Quero registrar a perda de um político importante para o Maranhão, que foi o ex-senador, ex-governador, ex-prefeito Epitácio Cafeteira. Um homem que militou na política desde a década de 50, que ocupou os mais diversos cargos e sempre teve uma posição, foi Governo, foi Oposição, defendendo suas posições, um político hábil. Então, eu queria registrar aqui um lado dele que talvez não seja tão destacado, o de bom administrador. Eu trabalhei com o governador Cafeteira. Fui diretor do DER. Cafeteira, além de ser um político habilidoso, também foi um grande administrador e realizou obras importantes em São Luís e em todo o Maranhão. Eu destaco aqui em São Luís obras como a Avenida dos Holandeses, que era uma MA de seis metros de largura, na época era conhecida como “Estrada da Morte” e que foi duplicada, que hoje é uma das principais artérias de São Luís. Eu tive a oportunidade de participar de seu Governo, fui convidado pelo então secretário de Obras (hoje Infraestrutura), Aníbal Pinheiro, que foi meu colega de Engenharia e quando eu voltei do Rio de Janeiro fazendo o meu curso de cálculo estrutural, ainda com os meus vinte e poucos anos, o Aníbal me convidou para participar da Setop e depois para ser diretor do DER. Nós fizemos essa importante Avenida dos Holandeses. Cafeteira fez aqui também o Viaduto do Café, tinha poucos viadutos em São Luís. A ponte do Caratatiua era todo tempo engarrafada, então foi feita uma nova ponte, que foi a Ponte Hilton Rodrigues, batizada em homenagem ao pai de sua esposa, dona Isabel. A Avenida Litorânea, no seu primeiro trecho, que foi iniciada ainda no Governo Luís Rocha, mas o trecho que fica na frente à TV Mirante, Avenida Ana Jansen e a frente da própria Ponta d’Areia foi feita também no Governo Cafeteira. As Unidades Mistas de Saúde que foram pensadas pelo Doutor Jackson Lago, que era seu secretário de Saúde, foram construídas também no Governo Cafeteira, que tem na Cidade Operária, que tem no Coroadinho e em outros bairros de São Luís. Cafeteira também construiu várias estradas, eu destaco como a principal a que vai de São Bernardo a Pirangi, a do Baixo Parnaíba, que foi inaugurada inclusive com o então prefeito de Parnaíba e depois Governador do Estado, Mão Santa, e essa foi a última estrada que foi feita com administração direta do próprio Estado. As máquinas do Estado, os operários do Estado fizeram a São Bernardo-Pirangi, aqui destaco que eu era Diretor do DER na época e quem fazia, comandava esse trecho era o engenheiro Celso Castelo Branco, de saudosa memória, pai da atual Secretária de Cidades, a Flávia. Então foi um Governo de muitas obras, a ligação para Eugênio Barros, a ligação para Graça Aranha, várias outras obras importantes. Então, eu queria destacar que Cafeteira, além de ser um político habilidoso, um político que tinha posição, mas que sabia também negociar, negociação de alto nível, ele também foi um bom administrador para o Maranhão, foi um bom administrador para a cidade de São Luís e também tinha a capacidade de administrar com leveza. Eu, dificilmente, vi Cafeteira agredindo alguém, ofendendo alguém. Ele tinha a verve, ele tinha umas tiradas que desorientavam, às vezes, os seus adversários. Então, ele tinha uma leveza em seu ser e na maneira de fazer política. Eu registro essa perda que o Maranhão teve de um político que realmente contribuiu para o nosso Estado, que foi o ex-governador Epitácio Cafeteira. Lamento não ter podido estar anteontem aqui para me solidarizar com a sua esposa, Dona Isabel Cafeteira, que foi uma primeira-dama exemplar, com a sua filha Janaína e seus netos e seus parentes. Mas queria fazer este registro aqui, até porque fui seu auxiliar quando ele governou o Estado do Maranhão”.
Eduardo Braide homenageia Bumba-Meu-Boi e transforma a Assembleia num grande arraial junino
Enquanto não decide, em caráter definitivo, se será candidato a governador do Estado, a deputado federal ou à reeleição, o deputado Eduardo Braide continua gerando fatos com o claro objetivo de se cacifar politicamente, de modo a navegar numa situação eleitoralmente confortável na direção de qualquer mandato que resolva disputar. Ontem, por exemplo, por sua iniciativa, o plenário e o salão de entrada foram transformados num grande arraial junino, onde vários dos mais importantes “batalhões” de bumba-boi de São Luís, representando dos diferentes sotaques se juntaram numa grande e colorida festa. Além de festejar o Dia do Bumba-Meu-Boi. Feita em sessão solene homenagem presidida pelo próprio Eduardo Braide, como manda a tradição, a homenagem reuniu líderes de mais de uma dezena de grupos destacados do folguedo junino, representantes dos sotaques matraca, zabumba, orquestra e costa de mão, que foram saudados pelo cantor Marcos Duailibe, que interpretou o Hino do Folclore Maranhense. No seu discurso, Eduardo Braide destacou o bumba-meu-boi como a maior e mais importante manifestação do folclore maranhense e regional, já sendo destacado como patrimônio imaterial da cultura brasileira. “É uma homenagem geral para o bumba meu boi maranhense, contemplando todos os sotaques, em reconhecimento à importância do nosso folclore. É justa essa homenagem a todos que elevam o nome do nosso Estado. Quero agradecer ao presidente Othelino Neto (PCdoB) pelo apoio e aos deputados – Roberto Costa (MDB), Zé Inácio (PT), Fábio Braga (SD) e Wellington do Curso (PSDB) – aqui presentes, a exemplo do líder do governo na Assembleia, deputado Rogério Cafeteria (DEM), mostrando que a cultura une, acima das posições políticas”, garantiu Eduardo Braide cuja iniciativa foi elogiada pelos parlamentares presentes.
São Luís, 18 de Maio de 2018.