A tensão política que domina o Maranhão com a aproximação da campanha para as eleições do ano que vem é tão forte que contamina até mesmo problemas de natureza estritamente técnica, como o estouro de uma válvula que impediu a entrada em funcionamento da nova adutora do Sistema Italuís, que vai ampliar o abastecimento de água em São Luís, hoje na iminência de entrar em colapso por escassez do chamado líquido precioso. A oposição aproveitou para explicar o defeito em uma das válvulas de pressão da adutora, localizada no trecho que corta o Campo de Perizes, que causou estouro da tubulação e a consequente interrupção da obra, como “incompetência” do governador Flávio Dino (PCdoB), que, por sua vez, chegou a chamar a Polícia Civil para investigar a suspeita de que o acidente poderia ter sido um ato de sabotagem. O fato é que o defeito técnico – que tirou de tempo o Governo e a população de São Luís e deu gás à Oposição e é responsabilidade exclusiva do fabricante da válvula – deflagrou uma batalha com ácidos petardos políticos entre e Governo e seus contrários.
As primeiras avaliações sobre o acontecido – que pode ser tranquilamente definido como um incômodo acidente -, logo mostraram que o Governo do Estado e o governador não têm qualquer responsabilidade direta no estouro da tal válvula, como também não foi encontrado qualquer indício de que o problema tenha sido resultado de um ato criminoso, ação de um sabotador antigovernista. Logo em seguida, técnicos experimentados chegaram à conclusão de que o que causou o estouro foi um defeito de fabricação na válvula da adutora, que funciona um mecanismo controlador da pressão da água, que é muito forte na dentro da tubulação da adutora. E ficou evidenciado que esse é um problema que diz respeito somente à empresa que forneceu o equipamento e à que responde pela sua instalação.
Não há que discutir o fato de que o Governo é o dono da obra, via Caema. Mas é também verdadeiro o fato de que ele não tem qualquer naco de responsabilidade direta no processo de implantação da nova tubulação. Como contratante, cabe ao Governo fiscalizar o trabalho das empresas contratadas via licitação, cobrar-lhes eficiência e o cumprimento do cronograma acertado – o que vinha acontecendo normalmente, diga-se. O acidente foi um imprevisto avassalador, pois não havia como Governo e empresas contratadas preverem-lo. Assim, tentar crucificar o governador por causa de um problema dessa natureza é, no mínimo, injusto e descabido. Afinal, o chefe do Poder Executivo maranhense é um ex-juiz federal e professor de Direito que abdicou da segurança da magistratura para brigar por mandatos e tem se revelado um gestor de ponta, eficiente, com os pés firmados no chão e, mais do que isso, sem qualquer manche ética ou moral no seu currículo. Isso não o isenta de críticas ou cobranças eventuais. Mas aponta-lo como responsável pelo estouro da válvula da nova adutora não faz sentido.
Por conta do adiamento do funcionamento integral da nova estrutura do Sistema Italuís, houve quem criticasse o secretário de Articulação Política e Comunicação pela eufórica campanha publicitária que vinha badalando a antecipação da conclusão da obra. Pode ter havido algum excesso de empolgação no anúncio da sua antecipação, mas ele foi feito com base em informações técnicas que garantiam o encurtamento do cronograma, o que isenta a área de Comunicação da acusação de irresponsabilidade e incompetência. Afinal, a obra vinha andando em ritmo acelerado, mas dentro de uma normalidade que não indicava qualquer indício de que um problema dessa dimensão poderia acontecer. O clima já era de comemoração, no Governo e nas empresas, já que a probabilidade de um defeito na tal válvula era absolutamente imprevisível.
Ao mesmo tempo, a Oposição não deve ser satanizada pela tentativa de tirar uma lasca da credibilidade do Governo do qual é uma adversária que não faz qualquer concessão. Qualquer manifestação de insatisfação, de crítica e de cobrança em relação ao que aconteceu com a nova adutora do Italuís será lícita, pois se enquadra exatamente no direito à liberdade de expressão e pensamento assegurada pelo estado democrático de direito. Salvo, é claro, quando a metralha verbal descamba para a irracionalidade, o que não foi o caso, mesmo com as distorções em relação ao governador do Estado.
Finalmente, não fosse o viés político que contamina fortemente as já muito conturbadas relações Oposição X Situação, o estouro da nova adutora repercutiria e provocaria cobranças, mas não na escala que marcou o acidente em Perizes. É a guerra pelo poder que começa a ganhar densidade e intensidade.
PONTO & CONTRAPONTO
Waldir Maranhão não abre mão de ser um dos candidatos a senador na chapa Flávio Dino
O governador Flávio Dino tem na mesa um problema político que exigirá dele muita habilidade, disposição para conversar e, sobretudo, paciência. É que deputado federal Waldir Maranhão meteu mesmo na cabeça que será um dos candidatos a senador na chapa a ser liderada pelo governador, avisando que disputará o mandato senatorial de qualquer maneira, nem que seja na contramão da posição do chefe do Executivo. Waldir Maranhão tem um pote cheio de argumentos para sustentar o projeto. O principal é o aparente, mas não formalmente sacramentado, aval do ex-presidente Lula da Silva, baseado nas desastrosas decisões tomadas pelo parlamentar para tentar salvar o mandato da presidente Dilma Rousseff (PT) durante o processo de impeachment, quando esteve temporariamente à frente da Câmara Federal. Waldir Maranhão avalia que pagou preço alto pelo episódio, e acha que a forma de ser compensado é sendo guindado a candidato a senador declaradamente apoiado pelo governador Flávio Dino.
Roberto Costa anuncia decisão de Michel Temer de autorizar Curso de Medicina para Bacabal
Só depende do interesse e a tomada de providências formais do prefeito Zé Vieira (PR) para que o Ministério da Educação inicie o processo de implantação do Curso de Medicina em Bacabal, um benefício que alcançará toda a Região do Médio Mearim. A boa nova foi anunciada ontem pelo deputado Roberto Costa (PMDB), pai do projeto, ao reportar que, atendendo a pedido formulado por ele, pelo senador João Alberto (PMDB) e pelo deputado federal João Marcelo (PMDB), em audiência no Palácio do Planalto, o presidente Michel Temer (PMDB) autorizou ao ministro da Educação, Mendonça Filho, o desarquivamento do processo. Com a decisão presidencial abre caminho para que o processo volte a tramitar com vistas à sua concretização o mais breve possível. No seu discurso, o deputado Roberto Costa relatou que essa é uma luta que ele e João Alberto travam há quatro anos, ainda no governo da presidente Dilma Rousseff (PT), mas foi arquivado porque a Prefeitura de Bacabal não demonstrou o interesse devido nem tomou as providências necessárias para que o Ministério da Educação desse continuidade ao processo. O deputado Roberto Costa destacou que Bacabal vem aos poucos se transformando num polo regional de ensino de nível superior, abrigando várias instituições públicas e privadas, e que ganhará importância muito maior com o Curso de Medicina. “Agora é necessário que a Prefeitura de Bacabal, que o senhor prefeito, independente das questões políticas que estamos travando, faça a sua parte. O Ministério abriu o prazo e agora a Prefeitura de Bacabal precisa mostrar o seu interesse em fazer o cadastro e preencher todas as informações que o Ministério da Educação solicita. A autorização que era mais difícil, até pela reprovação dos outros processos, nós conseguimos, e agora precisamos que o prefeito de Bacabal faça a sua parte. Como eu tenho dito, as questões políticas se tornam pequenas, neste momento, porque a instalação da Faculdade Medicina, na cidade de Bacabal, será, Senhor Presidente, uma vitória para a cidade e para a região do Médio Mearim”, declarou o deputado Roberto Costa.
São Luís, 11 de Dezembro de 2017.