Roseana Sarney pode enfrentar problemas sérios para montar a chapa majoritária que vai liderar

 

Roseana Sarney terá de montar chapa com João Alberto, Edison Lobão e Sarney Filho
Roseana Sarney terá de montar chapa majoritária com João Alberto, Edison Lobão e Sarney Filho  para as eleições de 2018

À medida que os ecos do anúncio da sua candidatura ao Governo do Estado começam a se dispersar, a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB) a se dar conta de que o seu projeto tem um entorno complicado e que vai precisar de muita conversa, habilidade e renúncia para que as peças nele envolvidas se acomodem sem maiores problemas. São dois pontos a serem resolvidos: a montagem da chapa de candidatos ao Senado e a escolha do candidato à vice. Aparentemente são decisões simples para um candidato com o poder e a influência e a força que ela tem no grupo que comanda. Mas nas entranhas do sarneysismo há uma série de interesses pendentes em jogo, que só serão solucionados com a montagem de uma chapa majoritária cuidadosamente negociada. Essa negociação envolverá os senadores Edison Lobão (PMDB) e João Alberto (PMDB), o deputado federal Sarney Filho (PV) e o suplente de senador Lobão Filho.

Mesmo em guerra aberta contra as acusações que o colocaram na mira da Operação Lava Jato – preço que paga por ter sido ministro de Minas e Energia nos Governos Lula da Silva (PT) e Dilma Rousseff (PT) – o senador Edison Lobão vem emitindo sinais cada vez mais claros de que é candidato à reeleição. Presidente da Comissão de Constituição e Justiça do Senado e um dos políticos mais bem articulados do Maranhão, Lobão se movimenta para minimizar o desgaste e alimentar o seu cacife eleitoral. Há, porém, vozes dentro do Grupo que querem Lobão fora da disputa, mesmo sabendo que seu afastamento poderá minar gravemente o poder de fogo, sugerindo a sua substituição pelo suplente Lobão Filho. O senador se mostra indiferente a essas ondas e segue em frente como candidato.

O senador João Alberto tem sinalizado que está cansado da ponte-aérea São Luís-Brasília-São Luís, mas ainda não bateu martelo sobre o assunto. Em princípio, é candidato à reeleição, com a vantagem de que aparece bem nas pesquisas. João Alberto é homem de grupo e de sufocar um projeto pessoal em nome de outro que seja melhor para todos. Mas não aceita qualquer gesto movido pela intenção de descartá-lo. Nesse caso, vira um adversário duro, que todos no grupo respeitam. É provável que ele venha de fato a abrir mão da sua prerrogativa de candidato nato à reeleição. Mas isso terá de ser muito bem articulado.

Mesmo com o cacife de uma dezena de mandatos de deputado federal, com duas estadas prolongadas no Ministério de Minas e Energia, o que o torna um quadro qualificado, Sarney Filho entra na briga sem a garantia de que terá uma das vagas. Ele precisa que Edison Lobão ou João Alberto abra mão da sua candidatura. Já ouviu João Alberto declarar que em nome do grupo pode retirar sua candidatura a seu favor e tem recebido estímulos de aliados. O hoje ministro do Meio Ambiente enfrenta também o temor de parte do grupo de que dois Sarney numa chapa majoritária pode levar o eleitorado a fazer opção por um deles, o que lhe impõe um sério risco eleitoral.

São fatores de uma complicada equação que precisa ser montada por meio de uma delicada e cuidadosa articulação a ser comandada pela ex-governadora Roseana Sarney, certamente com o auxílio indispensável do ex-presidente José Sarney. E já sabendo que o deputado Sarney Filho vem apresentando sua candidatura como irreversível, Sarney, pai, deve resolver essa pendência com o senador João Alberto, que já teria sido sondado para ser candidato à vice, deixando, porém, a questão em aberto por enquanto.

Roseana Sarney sabe que as eleições de 2018 serão decisivas para o futuro do sarneysismo, que ainda abalado com a pancada de 2014, sabe o risco que corre nessa corrida se tomar decisões erradas. Como a de abraçar um projeto senatorial do ex-deputado Ricardo Murad, por exemplo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Palestra: Flávio Dino do que Lava Jato é “um imenso avanço”, mas alerta para os excessos

Flávio Dino: professor faz alerta para riscos ao Estado de Direito
Flávio Dino: professor faz alerta para riscos ao Estado Democrático de Direito em palestra para estudantes

A Operação Lava Jato está sendo “um imenso avanço” na luta contra a corrupção e no combate à “vergonhosa desigualdade” que ainda graça no Brasil. Mas a Lava Jato tem sido também  marcada também por muitos abusos e distorções que precisam ser corrigidas. Ao mesmo tempo, instrumentos judiciais – a delação premiada e a obstrução da Justiça -, instituídos recentemente, em lei cujo projeto foi por ele relatado quando deputado federal pelo PCdoB, estão sendo usados excessivamente abusivamente. Além disso, o excesso de judicialização impõe traumas ao estado de direito e coloca o Judiciário acima dos outros Poderes, empurrando a democracia para uma situação de risco.

Essas impressões, pronunciada no tom enfático dos convictos, foram feitas ontem pelo governador Flávio Dino em palestra sobre Direito Constitucional para estudantes de Direito da Uema, que realizam uma semana dedicada ao tema. O evento aconteceu em um dos auditórios da Assembleia Legislativa e terminou com o palestrante efusivamente aplaudido.

Bem à vontade e com uma fluência de professor de Direito Constitucional que é, e que sabe exatamente o que esta dizendo e onde quer chegar, o governador fez uma palestra em tom de alerta. Ele chamou atenção para o fato de que o excesso de judicialização tem sufocado e distorcido a função precípua do sistema judiciário brasileiro. E citou como exemplo fato de o Supremo Tribunal Federal, a mais alta corte de Justiça do País, cuja função resolver pendências de natureza constitucional, já foi provocado para decidir sobre campeonato de futebol. Chamou, por outro lado, a atenção para o farto de que as instituições no Brasil estão em processo de ajustamento. E é natural que haja distorções e abusos, daí o alerta para que futuros advogados aprimorem seus conhecimentos e s apliquem com o verdadeiro senso de Justiça.

 

Saída de Jefferson Portela da corrida eleitoral é vista com lente distorcida

Jefferson Portela desiste de encarar as urnas
Jefferson Portela desiste de encarar as urnas

Muito alarde sobre a decisão do secretário de Segurança Pública, delegado Jefferson Portela, de não mais concorrer a uma vaga na Câmara Federal pelo PCdoB. Mesmo tendo arquivado o projeto por motivos pessoais – relacionados com problemas de saúde na família – o movimento de recuo do secretário foi imediatamente debitado na conta de outro candidato, o jornalista Márcio Jerry, presidente do PCdoB e secretário de Articulação Política e Comunicação, e, de longe, o mais influente integrante do chamado “núcleo duro” de assessores diretos do governador Flávio Dino (PCdoB). É verdade que havia uma discussão forte e às vezes áspera em relação à candidatura de Jefferson Portela, mas tudo indicava tratar-se de uma questão de lógica e de número.

O argumento atribuído a Márcio Jerry era o seguinte: teria o PCdoB, mesmo numa coligação forte, cacife eleitoral para eleger de uma tacada o deputado federal Rubens Jr., candidato à reeleição, Márcio Jerry de Jefferson Portela, ambos marinheiros de primeira viagem nas urnas? Partidários do secretário de Segurança argumentavam que seria possível sim, a eleição dos três. Mas outras vozes, usando a ponderação, avaliavam que um deles “dançaria” nas urnas se as três candidaturas fossem lançadas. E como não havia qualquer possibilidade de sacar Rubens Jr., que se tornou homem de proa no projeto de poder do governador Flávio Dino, nem Márcio Jerry, cuja candidatura está nas ruas desde que, ao ser empossado, o chefe do Executivo o transformou numa espécie de “homem forte” do seu Governo. A lógica fria que move os bastidores do poder apontou Jefferson Portela como o aspirante a ser descartado.

Militante de esquerda aguerrido desde o movimento estudantil, no qual atuou junto com Flávio Dino e Márcio Jerry nos anos 80 do século passado, Jefferson Portela cursou Direito e se tornou delegado de Polícia por concurso. tendo sido secretário de Segurança no Governo de Jackson Lago (PDT). Um dos quadros mais ativos do movimento político que levou Flávio Dino ao poder, Jefferson Portela tem legitimidade política de sobra para pleitear uma vaga de candidato no PCdoB. Sua saída do páreo, se de um lado alivia as tensões dentro do partido, por outro, o grupo diretamente ligado ao governador perde um quadro meio pavio curto, mas politicamente correto e bom de briga.

São Luís, 09 de Novembro de 2017.

2 comentários sobre “Roseana Sarney pode enfrentar problemas sérios para montar a chapa majoritária que vai liderar

  1. Sarney Filho não é Candidato a Senador, totalmente sem sentido, numa disputa eleitoral apertada, como a próxima promete ser, termos dois irmãos na Majoritária.
    Na minha opinião, ele está tentando reservar uma vaga pra Roseana, caso ela decida não sair candidata ao Governo.

  2. Apenas uma correção, o senhor Jefferson Portela NÃO foi secretário de Segurança no governo de Jackson Lago, cargo este ocupado por Eurídice Vidigal. Jefferson foi Delegado Geral da SSP.
    Quanto à retirada de sua candidatura, vejo haver mais alguns problemas, como a falta de traquejo político do delegado, que trás no trato com outros olhos ranço do ódio e da vingança contra todos que não concordam e aplaudem seu modo de pensar. É uma pessoa de trato difícil e que tenta impor sua vontade a todos com mão de ferro.

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