As crises econômica, política, institucional e ética que vêm abalando o País com a força devastadora, a avaliação de que o Congresso Nacional será ainda mais influente na próxima legislatura, e o desenho do poder no Maranhão indicam que que as eleições de 2018 serão decisivas, e serão definidas em disputas duras, renhidas, nas quais cada voto será crucial. E nesse contexto, a briga para as 18 vagas da Câmara Federal é por muitos prevista como a mais difícil, a começar pelo fato de que dela sairão alguns campeões de votos para disputar mandatos em outras esferas – caso do deputado federal Sarney Filho (PV) , que agora disputará uma das vagas de senador – e da chegada nessa seara de nomes que entrarão com cacifes políticos e partidários poderosos – caso do secretário de Estado de Comunicação e Articulação Política, Márcio Jerry (PCdoB). A corrida à Câmara Federal começa com a medição de força por espaço entre os deputados federais que operam de olho na reeleição, mas também vem causando refregas dentro dos partidos situacionistas e oposicionistas e, mais evidente ainda, é motivo de tapas e beijos, caneladas e pontapés nos bastidores do Governo. No cenário oposicionista, a possibilidade mais radical é da candidatura do senador Edison Lobão (PMDB), na hipótese, remota, de não tentar mais um mandato senatorial.
Os atuais deputados federais estão se movimentando inicialmente para ampliar sua bolsa de votos nas próprias bases, mas também de olho na massa eleitoral que será deixada por Sarney Filho, Eliziane Gama (PPS) – foi a campeã na eleição passada com 130 mil votos – e agora deve disputar o Senado – e José Reinaldo Tavares (PSB), que, juntos, liberarão quase 400 mil votos. Na briga pela reeleição estão nomes cacifados como Hildo Rocha (PMDB), João Marcelo (PMDB), Rubens Jr. (PCdoB), Cléber Verde (PRB), Zé Carlos (PT), Pedro Fernandes (PTB), André Fufuca (PP), Juscelino Filho (DEM), Victor Mendes (PSD) e Aluísio Mendes (PTN). Todos reforçaram seus cacifes durante o mandato e devem entrar bem respaldados na briga por novo mandato.
De fora, preparam-se para voltar à Câmara Federal nomes de peso como Sebastião Madeira (PSDB), ex-prefeito de Imperatriz, e Gastão Vieira (PROS), ex-ministro do Turismo, ambos ex-deputados federais bem votados e que conhecem bem o caminho de volta. Da Assembleia Legislativa devem brigar por cadeiras na Câmara Federal Eduardo Braide (PMN), que entra com cacife reforçado pelo surpreendente desempenho como candidato a prefeito de São Luís, Edilázio Jr. (PV), que pode “herdar” parte da votação de Sarney Filho, e Bira do Pindaré (PSB), nome de peso na aliança governista. Outros deputados, como Antônio Pereira (DEM) e Marco Aurélio (PCdoB) – ambos fortes na Região Tocantina – Andrea Murad (PMDB) – que ganhou espaço fazendo oposição dura do Governo -, e Neto Evangelista (PSDB) – atual secretário de Desenvolvimento Social – são lembrados, mas até agora não se manifestaram sobre as especulações.
A temperatura da disputa para a Câmara Federal pode ser medida pela movimentação, intensa e tensa, que ocorre nos bastidores do Governo, envolvendo nomes de peso do núcleo mais próximos de assessores do governador Flávio Dino. De um lado o jornalista Márcio Jerry, que além de ser o poderoso secretario de Articulação Política e Comunicação, preside o hoje dominante PCdoB, de outro, o também poderoso e influente secretário de Estado da Segurança Pública, delegado Jefferson Portela (PCdoB). Ambos legitimados pelo histórico de militância – ambos vêm do Movimento Estudantil – e detentores da simpatia do governador, travam uma particular guerra nos bastidores. Ninguém divida que Márcio Jerry será um dos candidatos mais votados, mas Jefferson Portela também pode ter bom desempenho nas urnas. Também sairá das fileiras do Governo Márcio Honaiser, secretário de Agricultura que espera boa votação na Região Sul, principalmente em Balsas. Também sairá das fileiras do Governo o deputado federal Julião Amin (PDT), atual secretário de Estado do Trabalho. Especula-se ainda sobre projetos de candidaturas governistas, como a de secretário de Esportes, Márcio Jardim (PT), por exemplo. Mas é sabido também que na hora adequada todos esses projetos passarão pelo crivo do governador Flávio Dino.
Duas possibilidades de candidatura a deputado federal chamam atenção e são muito comentadas nos bastidores. A primeira envolve o vice-governador Carlos Brandão, que pode sair do PSDB e, nesse caso, perder as condições políticas e partidárias para ser de novo candidato a vice. Nesse caso, Brandão entrará na briga para a Câmara federal aproveitando o espaço deixado por José Reinaldo Tavares, candidato “de qualquer maneira” a senador. A outra, mais remota ainda, e a de que o senador Edison Lobão, hoje candidato forte à reeleição, venha a candidatar-se a deputado federal para abrir vaga de candidato a senador para Lobão Filho seu atual suplente. Nas rodas de conversa é dominante a especulação segundo a qual se o senador Edison Lobão vier a ser candidato a deputado federal, poderá disputar a posição de campeão de votos, provavelmente com Márcio Jerry.
Em Tempo: também concorrerão às reeleição os deputados federais Alberto Filho (PMDB), Júnior Marreca (PEN), Luana Costa (PSB), Deoclídes Macedo (PDT). Outro grupo expressivo será lançado pelos partidos nas convenções partidárias do ano que vem.
Naturalmente com algumas omissões – ainda é impossível desenhar um cenário mais preciso dessa instância da disputa eleitoral de 2018 -, é esse o cenário do momento, que pode sofrer muitas alterações.
PONTO & CONTRAPONTO
Ventos sopram para José Joaquim na corrida para a presidência do Tribunal de Justiça
A eleição para a presidência do Tribunal de Justiça, agendada para quarta-feira (4), será uma das mais disputadas dos últimos tempos. Ao contrário das eleições mais recentes, que depois das tensões iniciais acabaram resultando em acordos – a do atual presidente, desembargador Cleones Cunha, por exemplo, foi fruto do entendimento de que chegara a sua hora -, o pleito que se aproxima será realizado com dois candidatos dispostos a comandar o Poder Judiciário pelos próximos dois anos, o desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos e a desembargadora Nelma Sarney. Isso porque o terceiro participante do pleito, desembargador Marcelo Carvalho, já se declarou candidato a corregedor geral de Justiça, o que na prática o coloca fora da disputa pela presidência.
A medição de força entre José Joaquim Figueiredo e Nelma Sarney já vem agitando os bastidores do Tribunal de Justiça há meses e se tornará mais intensa nas próximas sessenta horas. Até ontem, todos os sinais indicavam claro favoritismo de José Joaquim Figueiredo, mas esse cenário não é sequer admitido por partidários da desembargadora Nelma Sarney, que, por sua vez, se mantém determinada como candidata para ganhar ou para perder. O desembargador, por seu turno, permanece tem em ação, atuando politicamente junto aos seus apoiadores para consolidar a liderança e confirmar a eleição.
Ao contrário do seu concorrente, que ainda não exerceu nenhum cargo de comando no Tribunal de Justiça – presidência, vice e corregedoria geral de Justiça -, a desembargadora Nelma Sarney movimenta-se ciente de que essa é a sua última chance de chegar ao comando do Poder Judiciário, do qual ela já foi corregedora-geral de Justiça. Tem ainda a possibilidade de ser vice, mas se vier a sê-lo não poderá mais almejar a presidência. O pleito é a última cartada da sua carreira, durante a qual, além de corregedora geral de Justiça, exerceu os cargos de vice-presidente e presidente do Tribunal Regional Eleitoral.
Uma rápida incursão pelos bastidores do Poder Judiciário leva à conclusão de que os ventos estão soprando fortemente a favor do desembargador José Joaquim Figueiredo dos Anjos. Mas como há forças interessadas no desfecho, uma campanha em curso e uma eleição pelo voto secreto e universal, a prudência recomenda que se aguarde a contagem dos sufrágios e a proclamação do eleito.
Grupo Sarney vai definir roteiro para as eleições depois que a Câmara decidir o futuro de Temer
O Grupo Sarney está trabalhando na definição de uma espécie de roteiro informal para a tomada de decisões relacionadas com as eleições de 2018. Os primeiros movimentos efetivos no sentido de definir candidaturas serão feitos tão logo a Câmara Federal decida o futuro do pedido de autorização, feito pelo Supremo Tribunal Federal, para que o presidente Michel Temer (PMDB) seja investigado por obstrução da Justiça e formação de quadrilha, conforme suspeita levantada pela Procuradoria Geral da República. O primeiro passo será uma ampla negociação interna para escolher o candidato à segunda vaga de senador, já que uma delas foi ocupada sem discussão pelo deputado federal Sarney Filho (PV). Os nomes a serem levados em conta são o senador Edison Lobão, o senador João Aberto e o suplente de senador Lobão Filho, todos do PMDB. Em seguida, o Grupo vai começar a organizar as chapas de candidatos a deputado federal e a deputado estadual. E finalmente, por volta de fevereiro ou março, baterá martelo sobre o candidato a governador, sendo quase certa a confirmação da ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), mas dependerá também da definição do quadro de candidatos à presidência da República. A definição da candidatura para o Governo do Estado ficará para o final da etapa preparatória porque os líderes do grupo – Roseana Sarney incluída – querem escolher um candidato muito bem afinado com um projeto presidencial em condições de chegar lá.
São Luís, 01 de Outubro de 2017.