O anúncio de que o programa “Mais Asfalto” pavimentará 200 quilômetros de ruas e avenidas vitais para melhorar a mobilidade nos quatro municípios da Ilha de Upaon Açu, feito terça-feira em ato concorrido no Palácio Henrique de la Rocque, funcionou, para alguns, como uma espécie de senha para os primeiros movimentos das forças comandadas pelo governador Flávio Dino (PCdoB) na caminhada que as levarão às urnas em 2018. Ainda não serão ações focadas diretamente na corrida eleitoral, mas certamente terão repercussão importante à medida que forem se concretizando e poderão dar mais substância ao discurso de campanha do governador e seus aliados. Melhorar as condições viárias de São Luís, São José de Ribamar, Paço do Lumiar e Raposa, além de ser uma obra essencial e necessária para melhorar a movimentação de 1,4 milhão de maranhenses, será um dos itens mais vistosos na relação de feitos que o governador Flávio Dino apresentará como argumento na sua campanha para a reeleição.
Hoje com pouco mais de 1 milhão de habitantes, das quais mais de 700 mil se deslocam todos os dias, São Luís abriga mais de 300 mil veículos e é uma cidade com graves problemas viários, principalmente por falta de investimentos necessários à sua restauração, manutenção e ampliação. Com algumas exceções, os seus grandes complexos viários – ruas, avenidas, rotatórias e viadutos – encontram-se desgastados pela ação do tempo e do uso contínuo e intenso, exigindo do Poder Público cuidados e investimentos urgentes. É inaceitável a situação atual da Cidade Operária, uma verdadeira cidade, mas cuja avenida principal está praticamente intransitável. Quando se interliga os municípios da Ilha, esses números aumentam e os problemas se avolumam. Nas áreas urbanas, um dos itens fundamentais desses cuidados é exatamente a implantação, a restauração e a manutenção da pavimentação asfáltica, serviços extremamente caros e que se tornaram raros em tempos de avassaladora crise econômica, responsável pela penúria financeira que sufoca Estados e Municípios. Nesse contexto de crise, que afeta fortemente a vida de estados como o Maranhão, o programa “Mais Asfalto” funciona quase como uma dádiva. A começar pelo fato de que é fruto de boa gestão financeira e orçamentária de um Governo que tem se mostrado comprometido com a causa pública.
Nos seus pronunciamentos mais recentes, o governador Flávio Dino tem dito que “ainda não está fazendo política”, enfatizando que as ações do seu Governo até aqui são compromissos assumidos na campanha que o levou ao Palácio dos Leões. Mas a 14 meses das eleições, num ambiente onde está em debate a situação política presente e futura do País, sabe que não dá para separar ações de Governo da peleja eleitoral que se aproxima, principalmente quando o que está em jogo é a sua continuação ou não dele e do movimento que lidera à frente de um estado com sete milhões de habitantes em transformação. O governador Flávio Dino tem plena consciência do poder de fogo dos seus adversários e da vontade que eles estão de retomar o comando que detiveram por muitos anos. Tem consolidada a avaliação de que não pode dormir no ponto nem embarcar na ilusão de que está reeleito. Sabe, enfim, que tem de fazer política com os pés fincados no chão.
Até aqui, todos os passos dados pelo governador têm sido guiados pela coerência. Todas as ações do seu Governo têm visível viés social, os gastos públicos são transparentes e seus posicionamentos são coerentes. Por mais que seus adversários tenham tentado, não conseguiram encontrar uma só rasura ou desvio que os autorize a apontar manchas éticas localizadas ou no todo. Dar conotação política às suas obras visando o jogo eleitoral é lícito e justo, desde que o discurso e a publicidade sejam feitos dentro de parâmetros decentes.
Nesse contexto, ao acionar o programa “Mais Asfalto” para facilitar a vida dos 1,4 milhão de habitantes dos quatro municípios da Ilha de Upaon Açu, o governador Flávio Dino está fazendo política com o objetivo de obter também uma resposta política nas urnas.
PONTO & CONTRAPONTO
Flávio Dino prepara roteiro para liberar secretários que vão encarar as urnas nas eleições do ano que vem
A imprensa registra que o governador Flávio Dino começa a definir os procedimentos para liberar os secretários do seu Governo que pretendem deixar os cargos para encarar as urnas no ano que vem, objetivando cadeiras na Câmara Federal e na Assembleia Legislativa. Nesse item, o governador não foge à regra, que já funciona como uma espécie de “tradição”. Pelo que informa o jornalista Gilberto Leda, o governador planeja programar a saída dos secretários aspirantes a candidato a partir de janeiro do ano que vem, dando tempo para que eles preparem o desligamento do Governo dentro dos prazos previstos em lei.
No caso, é sabido que vários secretários aspiram mandato de deputado federal: Márcio Jerry (Assuntos Políticos e Comunicação) , Jefferson Portela (Segurança) e Simplício Araújo (Indústria e Comércio), e de deputado estadual: Neto Evangelista (Desenvolvimento Social), por exemplo. Outros casos estão sendo especulados e é quase certo que o número de candidatos saídos do secretariado será bem maior.
Os Governos via de regra produzem candidatos a cargos eletivos, que aproveitam o trabalho que realizam, o prestígio que angariam e o senso de oportunidade que os move para migrar da vida civil ara a seara política. E o Governo Flávio Dino não seria a exceção, ao contrário, emite todos os sinais de que praticará expressivamente esse caminho para consolidar do movimento que lidera. Resta saber se o eleitorado concorda.
Sarney Filho será exonerado e reassumirá seu mandato na Câmara para ajudar a salvar Michel Temer
Sarney Filho (PV) será exonerado do cargo de ministro do Meio Ambiente para reassumir seu mandato de deputado federal. Ele será um dos articuladores da base governista na Câmara Federal para negar autorização para que o Supremo Tribunal Federal abrir processo de investigação do presidente Michel Temer (PMDB) por suspeita de corrupção passiva e formação de quadrilha. Todos os ministros com mandato de deputado federal serão exonerados e novamente nomeados tão logo o pedido seja votado. Um dos quadros mais antigos – tem nove mandados federais – e experientes da Câmara Federal, o parlamentar maranhense vai se movimentar nos bastidores para tentar convencer indecisos a votar favoravelmente ao presidente, evitando assim que ele seja afastado do cargo ara ser investigado. A um interlocutor, o ministro previu que Michel Temer terá mais de 172 votos a seu favor. Disse também acreditar que sua volta ao comando do Ministério do Meio Ambiente se dará rapidamente.
São Luís, 26 de Julho de 2017.