Novo tempo: Sarney Filho e Domingos Dutra guardam as armas e discutem uma pauta de ações para Paço do Lumiar

 

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O deputado Rubens Jr., o prefeito eleito Domingos Dutra, o ministro Sarney Filho e assessores em reunião surpreendente na Sala da Liderança na Câmara Federal

Em meio à grande movimentação que agita os ânimos na corrida do 2º turno para a Prefeitura de São Luís entre o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e o deputado estadual Eduardo Braide (PMN), uma reunião na sala da Liderança do Governo na Câmara Federal mostrava ontem que uma coisa é atuar na oposição com liberdade de expressão, com direito a atacar duramente adversários, e outra é ter sobre as costas a responsabilidade de, na condição de prefeito eleito, buscar meios para cumprir os compromissos assumidos durante a campanha. O encontro naquela sala reuniu na mesa de trabalho ninguém menos que o ministro Sarney Filho, do Meio Ambiente, e o prefeito eleito de Paço do Lumiar, Domingos Dutra (PCdoB), inimigos políticos figadais, mas que no caso demonstraram que quando o interesse é coletivo, nada impede que o prefeito eleito de Paço do Lumiar, numa ação intermediada pelo vice-líder do PCdoB na Câmara Federal, deputado Rubens Jr., sente-se à mesa com o ministro do Meio Ambiente para formular pleitos para a cidade, como a solução de problemas relacionados ao armazenamento de lixo.

Esse primeiro gesto mostra que, ao contrário do que muitos podem estar pensando, o prefeito eleito Domingos Dutra e o ministro Sarney Filho se comportam como políticos civilizados e com capacidade para depor as armas e apresentar e discutir pleitos. Com um histórico de ser implacável com adversários, Dutra parece ter aprendido bem rápido que agora, na condição de prefeito eleito, não pode mais se dar o luxo de alimentar uma guerra verbal cruenta e correr o risco de fechar todos os canais de entendimento com um inimigo desprendido que pode ser um parceiro produtivo na viabilização de benefícios para Paço do Lumiar. Esse mesmo entendimento parece dominar o ministro Sarney Filho, que não pensou duas vezes em receber o prefeito eleito Domingos Dutra, e com ele discutir vários e desafiadores problemas enfrentados pela comunidade lumiense, particularmente os da área ambiental.

Dutra aproveitou e pediu ao ministro os recursos necessários para a desativação de dois lixões no município e que ficam próximos aos mangues. “Um dos mais significativos ecossistemas da ilha de São Luís vem sendo destruído ao longo de décadas. Precisamos nos mobilizar antes que seja tarde demais”, alertou Domingo Dutra, que pediu ainda que fosse colocado nos itens prioritários para Paço do Lumiar como a criação de mais parques, universalização das limpezas e preservação dos rios. O ministro Sarney Filho comprometeu-se em ajudar e deixou o ministério à disposição para demandas prioritárias do município de São Luís. Rubens Jr. acrescentou ainda sobre a necessidade a necessidade de mais diálogo entre os poderes a fim de buscar a melhoria do bem-estar dos maranhenses.

Politico muito tarimbado no jogo de acesso a ministérios e conhecedor profundo dos humores políticos de Brasília, Domingos Dutra sabe que como representante do PCdoB dificilmente conseguiria acesso à Esplanada dos Ministérios num Governo de Michel Temer (PMDB). Mas sabe também que numa parceria com o ministro Sarney Filho esse acesso será possível. Para isso, só precisou descarregar as armas e assumir uma postura pragmática e partir para um diálogo franco e maduro, livre dos ranços que as relações políticas produziram após décadas de pancadaria verbas de ambos os lados. Por estar no Congresso desde 1983, tendo sido nessa trajetória líder partidário, presidente de Comissões importantes e ministro de Estado do Meio Ambiente pela segunda vez, Sarney Filho tem tarimba e discernimento suficientes para sair da trincheira e, na condição de ministro, colocar as diferenças na geladeira e dialogar com o inimigo político.

O fato é que a trilha aberta por Domingos Dutra com o valioso auxílio do deputado Rubens Jr. e a boa vontade política do ministro Sarney Filho funcionaram como uma senha para qualquer preferido que tenha algum interesse em garimpar recursos no Ministério do Meio Ambiente desembarcar em Brasília com a certeza de que pelo menos será ouvido. O que está, portanto, acontecendo é que é possível praticar uma política de alto nível quando o interesse da coletividade está em jogo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Madeira alerta que Imperatriz está inviabilizada por causa dos gastos na área de Saúde
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Sebastião Madeira faz alerta a Assis Ramos sobre risco de inviabilidade financeira de Imperatriz

A menos de três meses de deixar o comando da Prefeitura de Imperatriz, que exerce a há 93 meses, que equivale a 2.880 dias, o prefeito Sebastião Madeira (PSDB), que é médico e tem a estrutura municipal de Saúde de Tocantins, faz um alerta e dramático: se as regras não forem mudadas, de modo a que o Governo Federal se sensibilize, Imperatriz será um município inviável e mergulhará numa crise sem precedentes, principalmente numa área crucial: a saúde. Atualmente, segundo o prefeito, a Princesa do Tocantins, gasta mensalmente o equivalente a 32% do orçamento municipal são utilizados para manter funcionando a estrutura hospitalar, sobrando quase nada para as outras áreas, o que exige do prefeito um malabarismo muito complicado. E a explicação do prefeito tocantino para esse gigantesco problema é igualmente fora de qualquer proporção plausível: “A Saúde de Imperatriz atende um grande pedaço do Brasil, porque para cá vêm doentes de muitos municípios dos vizinhos Estado do Tocantins e do Estado do Pará”. E com uma desvantagem a mais: esses municípios vão continuar mandando os seus doentes para Imperatriz, e para evitar isso, o próximo prefeito tem de uma de doido e impedir que mais doentes de outros estados tomem o lugar de imperatrizenses. Na opinião de Sebastião Madeira, o prefeito eleito Assis Ramos (PMDB) encontrará uma Prefeitura organizada, mas sem nenhuma condição de alimentar o problema da Saúde, já que ali existem cerca de três dos oito mil servidores do Município. “Não existe prefeito que possa segurar uma situação dessas por muito tempo Imperatriz. Isso não é uma questão de política, é uma realidade administrativa. O município vai muito bem em outras áreas. Se tirarmos a Saúde, temos uma Prefeitura viável, mas com o problema da Saúde, o município está inviabilizado”, diz Madeira, um tucano tarimbado que já foi deputado federal por dois mandatos e que termina agora sua gestão como prefeito de Imperatriz. O prefeito Sebastião Madeira diz ter dúvidas sobre se o prefeito eleito Assis Ramos está, de fato, preparado para administrar essa situação”.

 

Pinto Itamaraty esclarece observações da Coluna sobre sua situação política
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Pinto Itamaraty ao tomar posse no Senado

A propósito do comentário feito na edição de ontem, quando a Coluna registrou sua posse no Senado da República, o senador em exercício Pinto Itamaraty (PSDB) disse a Repórter Tempo que não se candidatou a 1º suplente na chapa do senador Roberto Rocha (PSB) porque estivesse com dificuldades para renovar o seu mandato de deputado federal em 2014, como foi sugerido. Garantiu que inclusive tinha todas as condições de ser o mais votado do seu partido, mas que desistiu de se candidatar depois que um gerente importante da sua empresa foi assassinado, o que o obrigou a permanecer no Maranhão, e que a suplência senatorial lhe chegou por meio de uma articulação dentro do seu partido. Pinto Itamaraty também contraditou a avaliação de que é um político em decadência, e explicou que a não eleição do seu filho, Pintinho Itamaraty, para vereador de São Luís, se deveu principalmente ao fato de ele haver entrado tardiamente na corrida eleitoral. O senador em exercício rebateu a impressão corrente de que teria sido um dos responsáveis pelo desastre que foi a participação da deputada federal Eliziane Gama (PPS) na corrida à Prefeitura de São Luís, assegurando que não foi o coordenador, mas apenas um colaborador da campanha. Além disso, Pinto Itamaraty se definiu como um político correto, que gosta de “fazer tudo certo”, e garantiu que fará tudo o que estiver ao seu alcance para que seu período de quatro meses no Senado seja produtivo. Que assim seja, portanto.

 

São Luís, 06 de Outubro de 2016.

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