Eleições produziram mapa político com Dino fortalecido, Roseana ainda forte e Rocha tentando a terceira via

 

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Flávio Dino se fortaleceu, Roberto Rocha nao conseguiu espaço e Roseana Sarney perdeu e ganhou nas urnas

Anunciado o resultado das urnas, a pergunta que mais se ouve no meio político e fora dele é: quem foi o grande vencedor das eleições municipais no Maranhão? E na esteira dela, o contraponto: quem mais perdeu? E as respostas comportam três personagens centrais da vida estadual nos tempos atuais: o governador Flávio Dino (PCdoB), que trabalhou e vai continuar trabalhando para construir uma base política e partidária forte para dar suporte ao seu sólido  projeto de poder; a ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), que nesse contexto representa o Grupo Sarney; e o senador Roberto Rocha (PSB), que numa movimentação ainda quase solitária tenta dar forma a uma terceira via. As três correntes entraram no roldão das disputas travadas em 217 campos de batalha e sofreram ganhos e perdas em diferentes proporções. Todas as evidências indicam que o governador Flávio Dino foi o grande vencedor desse pleito, mesmo tendo amargado resultados absolutamente inesperados, como Imperatriz e Caxias, onde adversários levaram a melhor. Roseana Sarney e seu grupo saíram da eleição menor do que entraram, sofrendo revezes ali e virando o jogo acolá. E o senador Roberto Rocha perdeu em Balsas, não levou suas apostas mais elevadas – Imperatriz e São Luís -, mas viu o PSB emplacar mais de uma dezena de prefeitos.

Em períodos pós-eleitorais, é comum cometer-se o equívoco de tachar como derrotado líder ou grupo que não conseguiu nas urnas o respaldo que projetaram. E o melhor exemplo disso neste pleito é o PCdoB, partido do governador Flávio Dino, que atualmente tem menos de uma dezena de prefeitos, lançou mais de uma centena de candidatos e saiu das urnas com 43 eleitos e mais de uma dezena de vice-prefeitos.  A sigla comunista participou de dezenas de coligações em que candidatos a prefeito de outros partidos foram bem sucedidos. Feitas as contas, o partido do governador Flávio Dino cresceu mais de 500% nessas eleições. O mesmo aconteceu com o PSDB, ao contrário do PMDB, por exemplo, que encolheu mais da metade, mas que, em compensação, ganhou a segunda mais desejada cereja do bolo: a Prefeitura de Imperatriz.

Nesse contexto, o governador Flávio Dino e seu grupo se deram bem nessa corrida eleitoral. A partir de janeiro, terá sua base política e partidária fortalecida por pelo menos 150 prefeitos, parte deles ligadas à velha ordem e que migrou para a seara governista de agora. E com um dado interessante do ponto de vista geopolítico: os prefeitos do PCdoB e dos partidos aliados do Governo estão espalhados em todas as regiões do Maranhão, o que dá ao governador um alcance político abrangente e equilibrado. Na Ilha de Upaon Açu, por exemplo, o Palácio dos Leões vai dar as cartas em Raposa e Paço do Lumiar, terá um aliado forte em São José de Ribamar, e poderá confirmar a permanência do prefeito Edivaldo Jr. (PDT), apoiado pelo PCdoB. Assim, não é plausível afirmar, por exemplo, que Flávio Dino “foi derrotado” em Imperatriz. A interpretação correta é a de que ele não ganhou uma Prefeitura que não tinha, o que significa fizer que continuará na mesma, perdendo apenas a oportunidade que teve de ganhar bem mais. Se o prefeito Edivaldo Jr. for derrotado, essa sim, será uma derrota do governador.

No caso de Roseana Sarney e seu grupo, a avaliação possível é a de que a ex-governadora perdeu as eleições, a começar pelo fato de que o PMDB e o PV se deram mal em pelo menos metade dos prefeitos que ainda têm. Em compensação, o PMDB ganhou o comando de Imperatriz, considerada a mais importante cereja do bolo municipal, e que a partir de 1º de Janeiro de 2017 será governada pelo pemedebista Assis Ramos. Poderá contabilizar também a Prefeitura de Caxias, que a partir daquela mesma data terá um prefeito do PRB e um vice do PMDB. Não existem, portanto, elementos que possam rotular a ex-governadora e sua turma de “derrotados”, exatamente pelo fato de que saíram da corrida eleitoral com um pouco mais do que tinham quando andaram.

No plano geral sob avaliação, o senador Roberto Rocha, que nada mais ganhou ou perdeu nesse processo eleitoral. É verdade que Roberto Rocha não teve sucesso no projeto que programou avançar expressivamente na montagem de uma plataforma política da qual se lançaria para voos mais altos – como disputar o Governo do Estado em 2018, por exemplo. E qualquer avaliação isenta e despretensiosa poderá seguramente observar que Rocha não foi muito além do que já tinha alcançado. Esse desempenho o manteve do mesmo tamanho, e com força política suficiente para prosseguir em busca de um espaço no qual possa dar vazão ao que poderá ganhar a forma de uma terceira via política no Maranhão.

Em resumo: as urnas deram ao governador Flávio Dino um poder de fogo político-partidário muito maior do que ele tinha até no sábado. O Grupo Sarney, comandado a ex-governadora Roseana Sarney, perdeu muita da força política nas eleições de domingo. Embora esteja saindo do processo com a chave da Prefeitura de Imperatriz na mão do delegado Assis Barros. E se não fortaleceu o grupo que está tentando formar para se tornar uma alternativa atraente nas eleições de 2018, o senador Roberto Rocha manteve pelo menos a ousadia e o gás que precisa para continuar em movimento formando a terceira via.

PONTO & CONTRAPONTO

Wellington se sente “vitorioso”, mesmo que “massacrado”
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Wellington do Curso diz que foi vitorioso e massacrado

“Fui massacrado pela política suja, mas saí com o sentimento de vitória e de gratidão”. Assim deputado Wellington do Curso (PP) definiu seu estado de ânimo ontem, ao ocupar a tribuna da Assembleia legislativa para fazer um balanço da sua surpreendente participação na corrida para a Prefeitura de São Luís, da qual saiu embalado por 103 mil votos.  O parlamentar parabenizou o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e o deputado Eduardo Braide pelo fato de ter eles sido escalados pelo eleitorado para disputarem o comando municipal. Avaliou como “extremamente positiva” a sua participação no certame, mas criticou duramente o que chamou de “política suja” que o transformou em alvo de “mentiras e injustiças”. Não foi explícito e direto, mas deixou claro que alimentará o “sonho” de ser prefeito de São Luís. Wellington do Curso foi cumprimentado pelo deputado Edilázio Jr. (PV), que o apoiou na corrida e destacou seus esforços para superar as dificuldades durante a campanha, principalmente no que diz respeito à maneira como se conduziu no contato direto com o eleitorado. “Espero que o senhor seja muito feliz”, disse Edilázio Jr., que ouviu palavra de agradecimento do ex-candidato a prefeito da Capital. Em seguida, numa conversa informal com jornalistas, Wellington do Curso revelou que até amanhã, quarta-feira, anunciará publicamente a sua posição em relação à disputa do segundo turno entre o prefeito Edivaldo Jr. (PDT) e o deputado Eduardo Braide (PMN). “Quero desejar sucesso aos dois e em breve vou dizer como procederei neste segundo turno”, disse.

Braide não pretende negociar apoio por cargos
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Braide não trocar apoio  por cargos

O deputado Eduardo Braide (PMN) mandou um recado curto e direto a quem pretende negociar com ele apoio para o segundo turbo da corrida à prefeitura de São Luís. Avisou que não fará qualquer tipo de acordo envolvendo rateamento de cargos se ele chegar ao Palácio de la Ravardière. Se vier a ser eleito, Braide pretende montar um governo de perfil técnico, porque entende que toda a responsabilidade do Governo sua e não pretende dividi-la com ninguém, pretendendo com isso evitar a pulverização do poder na gestão municipal. O candidato do PMN não descarta sentar e discutir apoiamentos políticos, mas não aceita que  partidos imponha a condição de só firma uma aliança político-eleitoral condicionando à garantia de espaço no poder. Braide está disposto a correr todos os riscos políticos, mas está determinado a ser ele mesmo o prefeito que comandará sua gestão sem fazer concessões que comprometam a qualidade do serviço que pretende prestar à coletividade.

 

São Luís, 04 de Outubro de 2016.

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