Queda de Dilma e fim da “Era PT” deixam Flávio Dino politicamente isolado e cercado de adversários fortes

 

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Para chegar a MIchel Temer, Dino terá de passar por José Sarney e Roberto Rocha

 

A deposição da presidente Dilma Rousseff (PT) por decisão Senado da República e a efetivação do presidente Michel Temer (PMDB) por ato do Congresso Nacional, ontem, alterou completa e radicalmente o mapa do poder político no Brasil. Terminou a “Era PT”, a guinada à esquerda dada pelo Brasil com a eleição do metalúrgico Luiz Inácio Lula da Silva presidente da República em 2002, numa aliança com as forças conservadoras que comandam o PMDB. Entram em cena agora, no comando, as mesmas forças conservadoras do PMDB, agora associada aos ultraliberais do PSDB e associados de direita. Dos 27 estados federados, o cenário político do Maranhão talvez seja o que traduza mais fielmente essa reviravolta, com o governo de esquerda comandado pelo governador Flávio Dino (PCdoB), que foi o mais incisivo e exposto aliado da então presidente Dilma contra o impeachment, perdendo terreno no plano nacional e assistindo, de um lado, ao retorno do Grupo Sarney ao poder e, de outro, o fortalecimento visível do senador Roberto Rocha (PSB) no novo cenário político nacional.  E daqui para a frente, o enredo serão os preparativos para uma guerra política de vida ou morte em 2018.

Todos os indícios sugerem que, sob a batuta do ex-presidente José Sarney e da ex-governadora Roseana Sarney, o PMDB do Maranhão vai fazer de tudo para fragilizar, ou até desestabilizar, o Governo Flávio Dino e, assim, desmotivar o seu projeto político. A eleição de Dino e a desenvoltura com que ele vem conduzindo o Estado e ocupando todos os espaços que foram do grupo sarneysista são espinhas incômodas na garganta do ex-presidente e da ex-governadora, que publicamente se mantêm discretos, mas nos bastidores não se cansam agir como Catilina pregando a destruição de Cartago. A ordem é arregimentar todas as forças possíveis para fazer oposição cerrada a Dino e seu grupo, evitando principalmente que o governador consiga abrir canais eficientes de convivência institucional produtiva com o presidente Michel Temer e com os ocupantes da Esplanada dos Ministérios.

Quando assumiu a defesa intransigente do mandado da presidente Dilma Rousseff, o governador Flávio Dino provavelmente não esperava que  seria esse o desfecho do processo de impeachment. Apostava que o bem engendrado projeto de catapultar Dilma Rousseff da cadeira principal do Palácio do Planalto andaria até ao Senado, mas avaliava que ele seria reversível. E foi exatamente acreditando em estancá-lo que ele assumiu a defesa do mandado da presidente Dilma como uma bandeira política com substância ideológica, mas também por acreditar que, se conseguisse mandar a denúncia para o arquivo morto do Congresso Nacional, teria crédito de suficiente para turbinar sua gestão. Flávio Dino dedicou muito da sua energia pessoal e cacife político na defesa do mandato presidencial, numa maratona que teve como um dos pontos altos o histórico discurso “contra o golpe”, que fez no Palácio do Planalto no ato em que artistas e intelectuais foram à sede do Governo manifestar apoio e solidariedade à presidente – foi criticado por aliados por se expor tanto numa guerra que não era sua. O governador sabe o que o aguarda na seara política, onde agora seus aliados são escassos.

Na semana que passou, veio a público, via blogs, a especulação segundo a qual, já sabendo que o impeachment da presidente Dilma era irreversível,  Flávio Dino estaria tentando construir uma ponte com o presidente Michel Temer via Renan Calheiros, que em outros tempos fora militante do PCdoB. Especulou-se também que o governador teria avaliado a possibilidade de controlar o PSB no Maranhão, operação que não teria prosperado devido ao crescente poder de fogo do senador Roberto Rocha em Brasília. E, finalmente, o jornalista Gilberto Leda postou em seu prestigiado blog que o governador teria cogitado repetir Chateaubriand com o projeto de candidatar Dilma ao senado pelo Maranhão.

O fato é que a derrubada da presidente Dilma Rousseff e, com ela, a interrupção drástica da guinada do Brasil à esquerda, colocou o governador do Maranhão numa situação politicamente muito complicada. Vai encontrar muitas dificuldades para dar andamento nos seus projetos em Brasília, vai enfrentar uma oposição cada vez mais dura e implacável de um Grupo Sarney returbinado, e o visível e desafiador crescimento político do senador Roberto Rocha, de quem vem se distanciando a passos largos. Por outro lado, podem estar errados os que subestimam o poder de fogo de Flávio Dino, um politico jovem, ideologicamente definido e convicto e que hoje é respeitado na esquerda, no centro e na direita.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Trio sintonizado
trio setatorial
João Alberto, Edison Lobão e Roberto Rocha votaram em sintonia

Os senadores João Alberto (PMDB), Edison Brandão (PMDB) e Roberto Rocha (PSB) se posicionaram em bloco nas duas decisões tomadas ontem pelo senado da República. Votaram em sintonia a favor do impeachment da presidente Dilma Rousseff. E também disseram não à inabilitação que proibiria a residente para exercer cargos públicos por oito anos. João Alberto e Edison Lobão deram os dois votos seguindo um entendimento dentro do PMDB. Roberto Rocha foi um dos cinco – de uma bancada de sete – representantes do PSB que votaram pelo impeachment; quanto ao voto pela não inabilitação da ex-presidente, esse posicionamento foi pessoal, decisão própria, sem submetê-la ao crivo do partido. Todos os três estiveram com o então presidente interino Michel Temer nos últimos dias.

Reação irada
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Eliziane : indignada com o  Ibope

O desempenho da candidata do PPS, Eliziane Gama (16%) na primeira pesquisa do Ibope sobre a corrida à Prefeitura de São Luís causou forte impacto no meio político e assombrou aliados que estavam seguros de que ela iria para o segundo turno com o prefeito Edivaldo Jr. (PDT), que apareceu com 29%. Eles contavam que ela permanecia em segundo lugar, mas se surpreenderam ao vê-la na terceira posição, ultrapassada pelo candidato do PP, Wellington do Curso. Eliziane reagiu irada e acusando o Ibope de estar a serviço da TV Mirante para prejudicá-la, convocando seus partidários a se mobilizarem para intensificar a campanha.

 

São Luís, 01 de Setembro de 2016.

 

 

 

 

 

Um comentário sobre “Queda de Dilma e fim da “Era PT” deixam Flávio Dino politicamente isolado e cercado de adversários fortes

  1. Essa eleição caminha para vitória de Edivaldo já no primeiro turno, basta analisar o cenário, uma cai, o outro estagnou e ele está em ascedência.

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