PMDB começa a se definir descartando Edivaldo Jr. e impondo condições duras para conversar com Eliziane Gama

 

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João Alberto descarta Edivaldo Jr. e impõe condições opara conversar com Eliziane Gama sobre a participação  do PMDB na corrida eleitoral em São Luís

Como previu a Coluna na edição de ontem, o PMDB começou a definir o seu rumo na corrida para a Prefeitura de São Luís. Em duas declarações sumárias – ambas publicadas no bem informado blog do jornalista Marcos D`Eça -, o presidente regional da agremiação, senador João Alberto, o que elimina de cara duas possibilidades de aliança e, assim, aumenta as chances de o partido prosseguir com a candidatura do vereador Fábio Câmara. Na primeira declaração, o líder pemedebista fulminou qualquer possibilidade de incluir o PMDB na locomotiva com 17 vagões partidários liderada pelo prefeito Edivaldo Jr., tendo como carro-chefe o seu partido, o PDT. Na segunda, João Alberto condicionou qualquer início de conversa com a deputada federal Eliziane Gama, candidata da aliança PPS/PSDB, a ela tomara iniciativa de procurar e conversar com a ex-governadora Roseana Sarney e, após isso, mostrar à cúpula do PMDB a posição que alimenta em relação ao Palácio dos Leões, ou seja, ao governador Flávio Dino e ao projeto político dele.

Em relação ao prefeito Edivaldo Jr., o comandante do PMDB maranhense foi decisivo, surpreendendo ao não deixar qualquer janela pelo menos entreaberta como é comum em fase prévia de negociação política com finalidade eleitoral. “Com o Edivaldo não vamos de jeito nenhum!”, disparou, taxativo, não deixando qualquer réstia de dúvida quanto à posição do partido em relação à candidatura do prefeito à reeleição. E justificou, sem meias palavras, como costuma fazer em situações como essa: “Como é possível a gente ir com alguém que foi contra o nosso grupo?” A indagação é suficiente para justificar a decisão, pois estabelece a regra segundo a qual, pelo menos nesse pleito, o PMDB não moverá uma palha pela reeleição do prefeito; ao contrário, se movimentará como for possível para impedir que ele renove seu mandato.

No caso da deputada Eliziane Gama, o senador João Alberto foi claro ao avisar que qualquer conversa da candidata do PPS com o PMDB só serás aberta a partir de um gesto dela: “Ela precisa conversar com Roseana e dizer exatamente o que espera dela; depois, tem que deixar claro para o nosso grupo seu posicionamento em relação ao Palácio dos Leões”.   Com a primeira condição, João Alberto coloca Roseana Sarney no centro da articulação, transferindo-lhe o poder de conduzir o entendimento. Com a segunda, o senador insinua que o PMDB só vai reforçaria o projeto eleitoral de Eliziane Gama se ela manifestar independência em relação ao governador Flávio Dino. Só depois de cumpridas essas condições ela poderia conversar com o vereador Fábio Câmara, após o que o PMDB se posicionará.

Ao alinhavar essas condições politicamente complicadas, o senador João Alberto parece ter fulminado qualquer possibilidade de abrir uma porta para Eliziane Gama no PMDB. O passo de procurar a ex-governadora Roseana Sarney para pedir-lhe apoio para ter o PMDB como parceiro nessa corrida dificilmente será dado pela candidata popular-socialista. Menos por pruridos pessoais, mas por cálculo político. Valeria a pena para ela pedir as bênçãos de Roseana para atrair o PMDB? E como se posicionar em relação ao governador Flávio Dino de modo a agradar a cúpula pemedebista? Mesmo politicamente ambiciosa e determinada a alcançar a prefeitura de São Luís, Eliziane Gama sabe que todo gesto em busca de apoio político tem um preço. As exigências feitas pelo presidente do PMDB são duras, o que à primeira vista sugere que a que dificilmente a candidata do PPS as aceitará.

Evidente que o senador João Alberto mandou nas declarações um recado claro: o PMDB não quer conversa com o prefeito Edivaldo Jr. por ser ele o candidato do governador Flávio Dino, e não vê qualquer futuro numa articulação para atrelar o PMDB ao projeto da deputada Eliziane Gama. A manifestação do senador dá sobrevida ao projeto de candidatura de Fábio Câmara. Mas como as raposas mais espertas dizem que na política do Maranhão “até boi voa, e de asa quebrada”, é prudente aguardar o próximo gesto.

 

PONTO & CONTRAPONTO

Acusações a Lobão continuam carecendo de provas
Brasília - O ministro de Minas e Energia, Edison Lobão, participa de reunião conjunta das comissões de Infraestrutura e de Assuntos Econômicos do Senado, sobre a renovação de concessões e royalties do pré-sal
Lobão aguarda decisão sobre acusações até agora mantidas sem qualquer prova

Já é intensamente conversado em rodas de políticos e advogados em Brasília que todas as acusações feitas ao senador Edison Lobão (PMDB), ex-ministro de Minas e Energia, na Operação Lava Jato, só existem até agora na palavra de delatores, mas não teriam surgidos elementos concretos que lhes dessem consistência. Essa tem sido a tese com que o advogado criminalista Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakai, tem insistido na tentativa de anular os inquéritos nos quais o ex-ministro de Minas e Energia é citado, pois argumenta que sem provas concretas não faz sentiu do manter as acusações. Na primeira acusação, feita pelo ex-diretor de Abastecimento da Petrobras. Paulo Roberto Costa, de em 2010  teria recebido ordem do então ministro Edison Lobão para mandar R$ 1 milhão para a então governadora e candidata à reeleição por meio do doleiro Alberto Yousseff, foi inclusive negada por Yousseff, que afirmou até em acareação não se lembrar disso. Todas as outras acusações feitas ao senador o incluem de maneira solta em esquemas de desvio na Petrobras e da Eletronuclear, situação bem diferente dos verdadeiros integrantes de esquemas de corrupção que foram flagrados com milhões em espécie, em patrimônio e outras formas de esconder dinheiro desviado. Até agora, nada do que se falou de Lobão nesse sentido se confirmou, e a menos que tais provas venham a ser finalmente apresentadas, o que parece cada dia mais improvável, a previsão de alguns advogados experientes é a de que as acusações ao senador vão acabar no arquivo morto da Operação Lava Jato.

Dono da Dimensão deixa o Complexo de Pedrinhas para provar que é vitima ou ser desmascarado como uma farsa empresarial
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Barbosa e viaturas da Polícia Federal na Operação Liliput, terça-feira, em São Luís

O empresário Antonio Barbosa Alencar, capitão do Grupo Dimensão, que tem como carro-chefe a Dimensão Engenharia Ltda., preso terça-feira pela Polícia Federal por crimes fiscais por meio dos quais deixou de recolher pelo menos R$ 25 milhões à Receita Federal num esquema que envolveu a corrupção de fiscais. Por conta de um câncer em tratamento, segundo revelou o bem blog do bem informado jornalista Gilberto Leda, Barbosa e os outros acusados deixaram Pedrinhas para cumprir prisão domiciliar. Mas nada muda no andamento do inquérito, pois a Polícia Federal acusa o empresário de chefe de uma organização criminosa com atuação frequente e danosa para o Fisco estadual. A prisão do dono do Grupo Dimensão, que atua fortemente na construção imobiliária, foi um golpe devastador na imagem de empresário correto e bem sucedido, que alimentava exibindo na Litorânea, nas manhãs de domingo, uma Ferrari como símbolo maior desse sucesso. Se conseguir provar que está sendo vitima de um erro da PF, tudo bem, poderá restaurar, com verniz moral, pelo menos parte da imagem gravemente arranhada. Mas se, por outro lados, ficar confirmado que ele comandava mesmo uma organização criminosa que lesava o Fisco e engordava contas e patrimônio, entrará para a história empresarial do Maranhão como uma farsa. E seu destino será permanecer preso em casa e passar o resto dos tempos com uma tornozeleira eletrônica na perna.

São Luís, 15 de Julho de 2016.

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