Hoje os dois maiores e mais visados do País, exatamente por serem os mais importantes representantes dos dois grupos empenhados numa guerra sem trégua pelo poder na República, PMDB e PT se armam para as eleições municipais como protagonistas da disputa nas grandes cidades, seja porque querem chegar ao comando de grandes máquinas municipais, seja porque já estão no controle e se desdobram para renovar esse comando. Na disputa para a Prefeitura de São Luís, os dois partidos estão em situação atípica: até pouco tempo aliados firmes, PMDB e PT estão sem rumo, sendo o motivo principal a guerra do impeachment, que rompeu a aliança que unia os dois há mais de uma década de poder. O rompimento os mandou novamente para campos opostos, mas isso não lhes deu condições para que tomassem rumos firmes e seguros para disputar votos. Ao contrário, agora em rota de colisão, os dois partidos encontram-se em busca de aliados que se aliem aos seus projetos de poder, que têm como primeiros passos encarar as urnas.
O PMDB, que continua sendo o maior partido do Maranhão e tem o Grupo Sarney como a base do seu poder de fogo, vive uma espécie de transição cujo objetivo é se reafirmar no cenário político do estado depois da dura derrota que sofreu em 2014. Se tem nomes fortes para disputar Prefeituras importantes, como o deputado Roberto Costa, que é apontado como líder inconteste da corrida para a Prefeitura de Bacabal, e o delegado de Polícia Assis Ramos pode comandar uma coligação com o PSDB do o prefeito Sebastião Madeira, por exemplo, o PMDB ainda não amarrou definitivamente sua posição em São Luís.
Não há dúvidas de que o PMDB está em situação delicada em São Luís, principalmente por conta da divisão em relação à pré-candidatura do vereador Fábio Câmara, que não foi uma escolha do partido, mas um projeto do próprio aspirante a prefeito. Mas o projeto só avançou porque o PMDB não tem um nome disposto a carregar a bandeira partidária nessa disputa. O ex-deputado Ricardo Murad ensaiou entrar na briga, mas logo recuou e tentou viabilizar a deputada Andrea Murad, que não conseguiu o apoio da cúpula partidária. Na avaliação de muitos, o nome mais viável para disputar a Prefeitura de São Luís seria o deputado Roberto Costa, mas o comando partidário, liderado pelo senador João Alberto, decidiu que Costa seria candidato a prefeito de Bacabal, onde tem fortes bases eleitorais e lidera a corrida, segundo as pesquisas. Fábio Câmara fez o caminho inverso, entrou sem ser convidado e ocupou espaço à base de empurrões, tornando-se pré-candidato de si mesmo, mas sem as bênçãos do partido, que só pagou para ver, mas até agora nada viu.
Desde o final da semana passada, o PMDB tornou-se campo de um embate forte entre seus líderes mais visíveis, que começou com uma entrevista dura do deputado Riberto Costa, que fixou 10 de julho como data-limite para Fábio Câmara mostrar que é viável. Se não o fizer, o partido arquivará o seu projeto de candidatura e partirá para outra solução. A primeira seria apostar tudo na deputada Andrea Murad, ou até mesmo aliar-se ao prefeito Edivaldo Jr., juntando-se assim aos seus hoje mais duros adversários nos planos local e nacional – PDT e PCdoB. Muitos – até mesmo o deputado Roberto Costa – admite essa aliança, mas todos sabem que ela é improvável pelo fosso que separa esses partidos no plano nacional.
Em resumo: o PMDB ainda não tem rumo definido no maior colégio eleitoral do estado.
A mesma situação envolve o PT, que até aqui ainda não definiu como vai encarar as urnas de São Luís. Em processo de juntar os cacos, mirando a possibilidade de recompor o que for possível depois de uma longa aliança com o PMDB, que lhe deu poder, mas que lhe cobrou o preço impagável da divisão, o PT procura uma saída. Por meio de uma série de reuniões plenárias, o partido discute lançar candidato próprio ou aliar-se a um candidato do campo liderado pelo governador Flávio Dino.
Na hipótese da candidatura própria, o partido trabalha com três alternativas: o deputado estadual Zé Inácio, que parece determinado a conquistar a confiança dos chefes petistas; o deputado federal José Carlos Araújo, que parece disposto a ser candidato, mas desde que o partido o convoque; e o advogado e ex-presidente da OAB Mário Macieira, nome influente no partido e fora dele, que não pleiteia a candidatura, mas parece disposto a assumi-la se o partido se unir em torno do seu nome.
Nesse contexto de possibilidades que os dois partidos vislumbram em busca de uma saída, a única que não impossível seria exatamente a reedição de uma aliança PMDB-PT.
PONTOS & CONTRAPONTO
Madeira quebra silêncio e manda recado a adversários
O prefeito de Imperatriz, Sebastião Madeira (PSDB), saiu do silêncio e avisou que o jogo político para a montagem do quadro de candidatos à sua sucessão ainda não acabou. E que quem pensou que ele está politicamente fragilizado cometeu um erro e que está se preparando para participar ativamente do processo sucessório. Ou seja, Madeira vai entrar na briga por um candidato, que ele ainda não apontou, pois seu partido ainda não lançou nome nem negociou a participação em uma aliança. Tudo indica que Madeira não se engajará na candidatura de Rosângela Curado (PDT), o que significa que seu caminho de confronto com o governador Flávio Dino. O quadro político nacional desenhado pelo processo de impeachment ampliou o fosso que já havia entre PSDB e PCdoB, inviabilizando qualquer aliança para as eleições municipais. A expectativa agora é o que farão prefeito que, como disse um dos seus adversários, o deputado Marco Aurélio (PCdoB), está fragilizado, mas ainda é a voz política de maior peso na Princesa do Tocantins.
São Luís, 28 de Junho de 2016.