O PMDB entrou numa linha de contagem regressiva para definir o caminho que seguirá de fato nas eleições para a Prefeitura de São Luís. E o faz travando um intenso debate interno sobre candidatura própria e a a possibilidade de alianças. No epicentro do debate intenso está a pré-candidatura do vereador Fábio Câmara, que de acordo com as pesquisas mais recentes, patina nas últimas colocações e não emite nenhum sinal de que tem fôlego político e eleitoral para reagir. O deputado estadual Roberto Costa, hoje uma das mais importantes vozes do PMDB, sugere a data de 10 de Julho como limite para Fábio Câmara mostrar que tem poder se fogo para se manter como pré-candidato do partido; caso contrário, o partido poderá rever o projeto de lançar candidato próprio, podendo optar por entrar numa aliança com um candidato mais viável. Na contramão da proposta de Roberto Costa, várias vozes com peso no partido, como o deputado federal Hildo Rocha, a deputada estadual Andrea Murad e o suplente de senador Lobão Filho, defendem que o partido deve ir para as urnas com candidato próprio.
Essa iminência de impasse gera duas alternativas que só um grande acordo interno pode resultar numa escolha de consenso. Se Fábio Câmara não conseguir convencer o partido de que ele tem alguma viabilidade, ele fatalmente perderá a vaga de candidato. Se a tese da candidatura própria se mantiver, o nome poderá ser o de Andrea Murad, que já desistiu do projeto, mas sempre deixou a porta entreaberta. Mas o caminho poderá ser também o da participação do PMDB numa aliança em torno de outra candidatura, que pode ser a do prefeito Edivaldo Jr. (PDT).
Se vier mesmo a optar pela participação em uma aliança viável, o comando pemedebista não deve descartar também as alternativas Eliziane Gama (PPS), que está no grupo de frente da corrida às urnas, Wellington do Curso (PP), outro do pelotão da frente, podendo também fechar em torno da candidatura do deputado Eduardo Braide (PMN), se ele pelo menos dobrar os atuais quatro pontos percentuais na preferência do eleitorado.
Essa possibilidade iminente de mexida de pedra pelo PMDB no tabuleiro sucessório foi desenhada pelo deputado Roberto Costa, que conhece bem o cenário da disputa eleitoral e as filigranas do seu partido, numa entrevista esclarecedora publicada na edição de fim de semana de O Estado do Maranhão. Costa, que presidia o PMDB de São Luís e abriu mão de liderar as forças pemedebistas e o grupo sarneysista na Capital para disputar a Prefeitura de Bacabal, tem autoridade para rascunhar esse panorama na agremiação, e suas afirmações funcionaram como recado claro e direto ao vereador Fábio Câmara e às demais lideranças pemedebistas.
A situação de Fábio Câmara é, portanto, dramática, pois sua pré-candidatura está por um fio. Para começar, ao contrário do que se previa, ele não tem o cacife eleitoral necessário para justificar sua candidatura a prefeito por um partido como o PMDB numa cidade com 1,1 milhão de habitantes. Todas as pesquisas feitas recentemente o apontaram como um aspirante sem gás para seguir em frente e ameaçar os primeiros. Na semana passada, o presidente regional do PMDB, senador João Alberto, que abraçou deu projeto de candidatura contrariando quase todas as correntes do partido, levou Fábio Câmara aos bairros para testar a sua empatia com o eleitorado. Retornou preocupado.
A julgar pelos seus movimentos, Fábio Câmara dedicou muito tempo engalfinhado em pequenas e não foi às ruas, aos bairros, às comunidades, para medir seu cacife eleitoral e fazer a leitura necessária para tomar decisões que pudessem melhorar sua posição na preferência do eleitorado. Agora, trava uma luta perigosa contra o tempo, provavelmente consciente de que suas chances de continuar como pré-candidato são mínimas. Câmara sabe também que a essas alturas ele corre o risco de, além de perder a vaga de candidato a prefeito, enfrentar dificuldades na sua reeleição de vereador, já que sua corrida pela Prefeitura abriu frestas perigosas nas suas bases de vereador.
O fato é que o debate voltou ao PMDB, que tem pouco tempo para decidir seu rumo na corrida de São Luís.
PONTO & CONTRAPONTO
PV vai sabatinar pré-candidatos a prefeito
O PV decidiu saber o que os pré-candidatos a prefeito de São Luís vão propor nos seus programas de governo em matéria de preservação ambiental. O anúncio foi feito ontem pelo presidente municipal do partido, deputado estadual Adriano Sarney, em discurso na Assembleia Legislativa. Para tanto, a direção partidária preparou uma programação em que ouvirá os pré-candidatos em sabatinas a serem realizadas ao longo da semana que vem. “Vamos convidar todos os pré-candidatos. A deputada Eliziane Gama (PPS), o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), os deputados Eduardo Braide (PMN), Wellington do Curso (PP), Bira do Pindaré (PSB), o vereador Fábio Câmara (PMDB), a vereadora Rose Sales (PMB), o médico João Bentivi (PHS), Zeluís Lago (PPL), Valdeny Barros (PSOL), enfim, todos os pré-candidatos, porque nós queremos discutir o meio ambiente da Ilha”, afirmou Adriano Sarney. O parlamentar informou que a sabatina ocorrerá em um dos auditórios da Assembleia Legislativa em datas a serem definidas, e informou que será um debate organizado, no qual será ouvida a direção de cada partido, discutindo as principais questões voltadas ao meio ambiente. “Vamos discutir a poluição dos rios, a coleta de lixo, a arborização da cidade, entre outros assuntos. Queremos ouvir dos pré-candidatos os seus planos para a área ambiental e também debater outras questões. Nós vamos, ainda, apresentar as propostas do Partido Verde para os pré-candidatos. Isso é uma atitude inovadora do PV de São Luís e será uma oportunidade para o partido definir apoio a um dos pré-candidatos”, explicou Adriano Sarney.
Com saúde frágil, mas firme, Cafeteira completa 92 anos
O ex-governador Epitácio Cafeteira aniversariou ontem: 92 anos. Dono de um dos currículos mais ricos da história política recente do Maranhão, tendo sido deputado federal quatro vezes, prefeito de São Luís, governador do Maranhão e senador duas vezes. Paraibano de origem, Epitácio Cafeteira Afonso Pereira reside em Brasília, onde luta bravamente contra sérios problemas de saúde, que se agravaram nos últimos anos quando ele sofreu um AVC e um infarto. Um dos grandes momentos da sua carreira foi a aprovação de projeto de lei de sua autoria, em 1963, para que fosse restaurada a eleição para prefeito de Capital, conquista que o fez entrar para a História e lhe deu prestígio eleitoral para eleger-se-prefeito de São Luís em 1065. O outro grande momento foi ter governado o Maranhão no período em que José Sarney foi presidente da República.
São Luís, 27 de Junho de 2016.