A ex-governadora Roseana Sarney (PMDB), o ex-secretário de Estado da Saúde, Ricardo Murad, e mais 15 pessoas vão ter de explicar suspeita de irregularidades na construção de 64 hospitais do programa Saúde é Vida, em que foram gastos R$ 151 milhões. A pancada mais forte atinge exatamente a ex-governadora, no exato momento em que ela está atuando como articuladora para consumar o processo de impeachment destinado a derrubar a presidente Dilma Rousseff (PT). Roseana Sarney, o ex-secretário Ricardo Murad e outros quinze envolvidos diretamente com o programa foram denunciados pelo promotor Lindonjonson Gonçalves de Souza, acusados de cometer crimes de dispensa ilegal de licitação, fraude a licitação, peculato, falsidade ideológica e associação criminosa, o que, somadas as penas possíveis, podem condenar a ex-governadora e o ex-secretário de Estado da Saúde a 29 anos de prisão. A denúncia, se estiver lastreado com provas incontestáveis, pode gerar uma enorme dor de cabeça para a ex-governadora, a começar pelo fato de que pode criar-lhe problemas graves se ela estiver de fato cotada para assumir uma cadeira ministerial num eventual Governo Michel Temer, como tem sido especulado.
As informações foram divulgadas ontem pelo competente jornalista Raimundo Garrone, na estreia da nova versão do Blog do Garrone. Ele teve acesso à denúncia formalizada pelo promotor Lindonjonson Gonçalves e afirma que ele é sólida e consistente. Na fundamentação, o promotor afirma que as “fraudes foram cometidas por uma estrutura criminosa com a finalidade de enriquecimento à custa das verbas da saúde pública, bem como financiamento de campanhas eleitorais, quais sejam, as campanhas da ex-governadora e do ex-secretário de Saúde Ricardo Murad em 2010”. E vai além apontando uma série de distorções que, na sua avaliação, são crimes que podem resultar em penas de prisão: dispensa de licitação no valor total de pelo menos R$ 57 milhões, superfaturamento de obras, ações de peculato, associação criminosa e que R$ 1,9 milhão da saúde abasteceram a campanha da ex-governadora e de seu partido, o PMDB.
Mesmo levando em conta o fato de que a denúncia é forte e contundente, com elevado teor explosivo, especialmente num cenário em que a ética e a correção são os itens mais cobrados aos políticos, não é possível prever os seus desdobramentos. Se for condenada em pelo menos um dos itens relacionados pelo promotor Lindonjonson Gonçalves, a ex-governadora poderá ter suspenso os seus direitos políticos e ficará proibida de se candidatar a qualquer mandato eletivo por oito anos, como também assumir cargo na máquina pública, o que pode significar o seu afastamento definitivo da política. O mesmo pode acontecer com o ex-deputado Ricardo Murad, que até agora não emitiu qualquer sinal de que esteja planejando sua aposentadoria política.
Não é segredo que Roseana Sarney reviu e arquivou há tempos sua decisão de não mais concorrer a cargos públicos pelo voto direto, seara que ela domina de maneira competente, tanto que até agora só perdeu uma, para Jackson Lago (PDT) das seis eleições que disputou – uma para deputada federal (1990), quatro de governador (1994, 1998, 2006 e 2010) e para o Senado (2002). Ninguém duvida que, mesmo sem a pujança de antes, quando era fortemente embalada pelo poder político do seu grupo no Maranhão e em Brasília, ela ainda tem cacife para viabilizar uma candidatura majoritária – Prefeitura de São Luís, Senado ou Governo do Estado, e seria eleita deputada federal ou estadual “sem sair de casa”.
Pode-se prever que a denúncia do encontrará pela frente dois acusados influentes e traquejados nesse jogo. Roseana Sarney já saiu inteira da Operação Lunus, que lhe custou a aventura de ser candidata a presidente da República em 2002, quando chegou a liderar com folga as pesquisas de intenção de voto. Não só sobreviveu politicamente, como depois de amargar uma derrota e derrubar o vencedor no tapetão da Justiça Eleitoral, venceu uma eleição em turno único em 2010, façanha que a colocou na galeria dos maiores campeões de votos da história política do Maranhão. Mas os tempos são outros, e a denúncia, se prosperar, poderá recomendar, de maneira enfática, que ela continue aposentada e sem cair na tentação de querer ser ministra.
PONTO & CONTRAPONTO
Vitórias do Sampaio Corrêa fortalecem projeto de candidatura de Sérgio Frota a prefeito de São Luís
A vitória maiúscula do Sampaio Basquete, que se sagrou, por mérito, campeão da Liga Feminina de Basquete, colocou o Maranhão no epicentro da modalidade no país, constituindo um ganho singular para os desportos no estado. Mas o ganho real foi o da marca Sampaio Corrêa, que se transformou numa máquina de produzir grupos vencedores, como os esforços que levaram o time de futebol do clube à 2ª Divisão do Campeonato Brasileiro, com méritos para ter alcançado a 1ª Divisão. Mas nenhum grupo, tenha ele a natureza que tiver, chega tão longe sem um líder, um comandante, um estrategista, enfim, alguém que o organize, que o guie, que consiga viabilizar as condições, quase sempre desanimadoras, que lhe permita alcançar um objetivo. O Sampaio Corrêa Futebol Clube tem Sérgio Frota, um empresário do ramo da informática e hoje deputado estadual e pré-candidato a prefeito de São Luís. Vale lembrar que o sucesso dos times de futebol e de basquete do “Mais Querido” é o resultado do empenho genial dos atletas que o integram. Mas não há como escapar do fato de que eles não chegariam muito longe sob um comando fraco, sem visão, sem capacidade de articulação e para buscar as alianças certas para viabilizar as condições necessárias ao sucesso no estádio e na quadra. Sérgio Frota tem sido a base desse projeto vencedor, primeiro como seu idealizador, e depois como o seu principal executivo. Em conversas reservadas, o nome de Sérgio Frota, que não era nem considerado como pré-candidato a prefeito de São Luís, começa a frequentar a relação dos possíveis candidatos. E ele próprio vem reafirmando com muita ênfase: é pré-candidato e vai brigar dentro do PSDB para ser o candidato do partido. Tem agora um baú de razões para levar a briga em frente.
Edivaldo Jr. monta estratégia de divulgação e defesa na Assembleia Legislativa
Enquanto boa parte da classe política do Maranhão está com as suas atenções voltadas para o desenrolar do cada vez mais polêmico processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff (PT), sem dar muita atenção para a guerra eleitoral que se aproxima – faltam apenas três meses para a corrida às urnas -, o prefeito Edivaldo Holanda Jr. (PDT), ao contrário de outros pré-candidatos, intensifica os preparativos para o embate. Um dos itens da sua estratégia é o plenário da Assembleia Legislativa, onde diariamente um ou dois deputados ocupam a tribuna para “vender” ações da sua administração, ampliando a cruzada até há pouco empreendida solitariamente pelo deputado Edivaldo Holanda (PTC). Esses parlamentares, que representam partidos já formalmente aliados ao prefeito, como PCdoB, DEM e PDT, por exemplo, não apenas apontam melhorias na cidade, como também contribuem efetivamente para minimizar o impacto das críticas dirigidas diariamente à administração municipal por adversários e, principalmente, por pré-candidatos a prefeito, como Wellington do Curso (PP), Bira do Pindaré (PSB), Eduardo Braide (PP) e Sérgio Frota (PSDB). Na semana que passou, o 1º vice-presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB) destacou enfaticamente o que definiu como conquistas da atual gestão de São Luís nas áreas de transporte de massa e infraestrutura urbana. Na terça-feira, ocupou a tribuna o deputado Stênio Rezende (DEM), para fazer uma alentada avaliação positiva dos resultados alcançados até aqui pelo prefeito Edivaldo Jr. na área de saúde. Ontem, o deputado Fábio Macedo (PDT) fez um esforçado pronunciamento em defesa da administração do seu colega de partido na Capital. Não se sabe é se esse esforço concentrado na Assembleia Legislativa tem a repercussão necessária para turbinar o projeto de reeleição do prefeito Edivaldo Jr..
São Luís, 27 de Abril de 2016.