
e Carlos Brandão pode lançar Orleans Brandão
A semana começou sob o impacto de três movimentos políticos que podem ter repercussão decisivas na corrida ao Palácio dos Leões no ano que vem. Os três fatos foram, de alguma maneira, desdobramentos da entrevista do vice-governador Felipe Camarão (PT), reafirmando enfaticamente a sua pré-candidatura, tendo como resposta as declarações do governador Carlos Brandão sugerindo a possibilidade de lançar seu sobrinho, Orleans Brandão, secretário de Assuntos Municipalistas, à sua sucessão.
Na noite de sexta-feira (09), ao abrir a Aula Magna do Curso de Direito da UNDB, em São Luís, o ministro Flávio Dino (STF), num rasgo de descontração, cumprimentou o vice-governador Felipe Camarão, e em nome do “exercício da política com seriedade”, sugeriu que ele ponha a jovem advogada Teresa Helena Barros como vice, “porque vai ficar imbatível”. E arrematou: “A mulher é popular, viu?” O gesto do ministro Flávio Dino ganhou, de imediato, inúmeras interpretações, sendo que a dominante foi a de que a sua fala teria sido um recado eloquente, de que, independentemente do que vier a acontecer na aliança governista, o vice-governador Felipe Camarão será candidato a governador.
As declarações do ministro foram dadas no mesmo dia em que, horas antes, numa conversa com o ministro do Desenvolvimento Social, Wellington Dias (PT), no lançamento do programa Maranhão Contra a Fome, que notou a ausência do vice-governador Felipe Camarão no evento, ouviu do governador Carlos Brandão um relato de que está encontrando dificuldades para apoiar o vice-governador e pré-candidato do PT. Político de larga experiência – foi três vezes governador do Piauí e é senador licenciado –, o ministro ouviu atentamente o governador Carlos Brandão. E na previsão de duas fontes, certamente relatará a conversa ao presidente Lula da Silva (PT) e à cúpula nacional do partido, que já teriam definido a candidatura de Felipe Camarão como prioridade para as eleições de 2026.
No final da semana, o jornal O Globo procurou o governador Carlos Brandão e o indagou sobre o clima tenso que se estabeleceu na relação com os aliados do ministro Flávio Dino, por causa da corrida ao Governo em 2026. Em resposta, o governador reafirmou sua posição de que não tratará de sucessão neste ano, que está sendo dedicado ao trabalho: “Esse não é momento de disputa política. É momento de governar, de cuidar do nosso povo e de transformar o Maranhão. E é isso que a nossa gestão tem feito: transformar vidas no social e no econômico. (…) Nosso foco é trabalho. Nosso compromisso é com o povo. Aqui se arregaça as mangas e se entrega resultado. Disputa política não é o nosso caminho, transformar vidas é”.
Não há dúvida de que, pelo menos no plano dos discursos, o racha separando dinistas de brandonistas se acentuou largamente. A fala descontraída do ministro Flávio Dino foi um recado político sem rodeio, avisando, a quem interessar possa, que, com ou sem um acordo de reconciliação com o governador Carlos Brandão, o vice-governador Felipe Camarão será candidato, agora com a recomendação de ele próprio escolher o seu vice, sem negociar, ultrapassando a tradição de que essa escolha fecha acordos para as disputas majoritárias. O governador Carlos Brandão, por exemplo, é resultado dessa fórmula.
Em outra seara, ao relatar ao ministro Wellington Dias as dificuldades que enfrenta para apoiar a candidatura de Felipe Camarão – a guerra judicial pela presidência da Assembleia Legislativa e contra as indicações para o Tribunal de Contas do Estado, por exemplo –, o governador Carlos Brandão devolveu o recado, só que agora dirigido aos principais interessados no futuro da candidatura do vice-governador: o presidente Lula da Silva e a cúpula nacional do partido. E a julgar pelo que tem dito e ouvido estado a fora, o governador tem feito conta e concluído que ficando no Governo pode eleger seu sucessor. Dinistas com os pés fincados no chão já não duvidam tanto disso.
O que causa distensão nesse ambiente de tanto “disse- me, disse-não disse” é que ainda resta muito tempo para que se dê a palavra final no desenho da disputa. Lembrando que o candidato de uma chapa de união liderada por Felipe Camarão e tendo o governador Carlos Brandão como candidato ao Senado, ou dois candidatos de uma aliança rompida têm o maior de todos os desafios: encarar o prefeito de São Luís, Eduardo Braide (PSD), principalmente se ele continuar nesse ritmo.
PONTO & CONTRAPONTO
Quem é a advogada que foi alçada por Flávio Dino para o epicentro da política maranhense
Quando ocupou a cadeira ao lado do vice-governador Felipe Camarão, colega de profissão, a advogada Teresa Helena Barros Sales, não imaginava que seria arremetida verbalmente para o epicentro da política maranhense por uma fala descontraída do ministro Flávio Dino na abertura da Aula Magna do Curso de Direito da UNDB.
Sem qualquer aviso, ela foi apontada pelo ministro como sugestão de nome para a vaga de vice na chapa que ele, segundo o ministro e ele próprio, vai liderar na corrida ao Governo do Estado no ano que vem. A chapa “vai ficar imbatível”, avaliou o ministro, arrematando em seguida: “A mulher é popular, viu?” Diante da reação da plateia de advogados, magistrados e políticos, Teresa Helena Barros Sales ficou alegremente impactada, mas deixando claro que seu rumo é outro.
Ela tem uma carreira bem-sucedida pela frente. Graduada em Direito pela UNDB, especialista, mestra e agora doutoranda em Direito Constitucional pelo Instituto Brasiliense de Direito Público de Brasília – IDP, ela é também especialista em Direito Processual Civil pelo Instituto De Pós Graduação e Graduação, e professora no Curso de Direito da UNDB. Já publicou “O Amicus Curiae e a Consolidação de Precedentes na Vigência do Código de Processo Civil de 2015” e “Que voz ouvir? Uma análise da teoria da sociedade aberta de Haberle e a atuação do amicus curiae”. E integra atualmente a Assessoria Jurídica do Tribunal de Justiça do Maranhão.
Pelo visto, pretende continuar no campo do Direito.
Brandão anuncia a duplicação da Inpasa em Balsas, um projeto fruto de ação sua apoiada por Alckmin

Quando a Inpasa, gigante produtora de proteína vegetal e etanol, inaugurou seu complexo industrial em Balsas, no ano passado, dentro do prazo previsto a partir do lançamento da pedra fundamental, o governador Carlos Brandão (PSB) previu que em pouco tempo aquela unidade seria duplicada em tamanho e capacidade produtiva. Ontem, ele confirmou a previsão ao anunciar, no pátio do complexo em Balsas, a duplicação da biorrefinaria de grãos.
Não é coisa pequena. Durante a implantação, a duplicação do complexo vai gerar direta e indiretamente 4,5 mil empregos, com a abertura de 500 empregos quando estiver em operação plena, a partir de junho, conforme previsão anunciada ontem. No total, serão investidos R$ 2,5 bilhões. Atualmente, a empresa tem capacidade para processar diariamente a produção quase 3 mil toneladas, números que serão simplesmente duplicados com a ampliação do complexo industrial.
No ato de ontem, o governador Carlos Brandão anunciou que a inauguração da segunda etapa, em julho, contará com a presença do vice-presidente da República Geraldo Alckmin (PSB). A presença tem motivo duplo. Primeiro, por ser ele o ministro da Indústria, Comércio e Desenvolvimento, diretamente ligado à obra. E segundo, porque foi ele quem indicou o investimento para o Maranhão, dando ao governador Carlos Brandão a chance de brigar pela sua confirmação. Foram meses se negociações intensas, com a concorrência de Mato Grosso do Sul. Em sintonia com Geraldo Alckmin, de quem é amigo desde os tempos em que os dois eram tucanos, Carlos Brandão convenceu a Inpasa de que a região de Balsas seria ideal para a o investimento. Deu certo.
A instalação da Inpasa em Balsas é, portanto, um caso de uma ação de Governo plenamente bem-sucedida no plano econômico.
São Luís, 12 de Maio de 2025.