Agora réu acusado de corrupção, Josimar de Maranhãozinho pode perder o controle do PL

Josimar de Maranhãozinho pode perder o
ouro que exibe no dedo e nos pulsos

A condição de réu que começou a lhe pesar sobre os ombros na semana passada, quando a maioria de votos da 1ª Turma do Supremo Tribunal Federal – faltam ainda os votos dos ministros Flávio Dino e Cristiano Zanin – entendeu que ele tentou extorquir a prefeitura de São José de Ribamar num esquema com emendas parlamentares no valor de R$ 6,5 milhões, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho (PL), um dos políticos mais poderosos e influentes do Maranhão, entrou numa rota com destino imprevisível. Junto com ele, o deputado federal Pastor Gil (PL) e um suplente Bosco Costa (PL-AL). Segundo o ministro-relator Edson Fachin, as provas contra o trio são robustas e muito difíceis de serem contestadas, porque têm por base a denúncia feita pelo então prefeito Eudes Sampaio (PTB), que não aceitou saquear a Prefeitura em R$ 1,6 milhão num esquema de corrupção e decidiu denunciá-lo à Polícia Federal.

Mesmo afirmando que não existem provas que o incriminem e que vai mostrar sua inocência durante o processo, Josimar de Maranhãozinho enfrenta o pior momento da sua carreira, que começou como prefeito de Maranhãozinho em 2004, tendo sido em seguida o deputado estadual mais votado em 2010, em 2014 e em 2018, e o segundo – o primeiro foi sua mulher, Detinha (PL) – mais votado em 2022. Comandou a eleição de dezenas de prefeitos em 2020 e em 2024, mantendo sólida a sua base de sustentação. Com capilaridade política e eleitoral em todo o território estadual, lidera atualmente uma minibancada de quatro deputados federais e outra de seis deputados estaduais, mais de 30 prefeitos e dezenas de vereadores, sendo, vez por outra, apontado como candidato forte a governador ou a senador.

Todo esse poder será mandado para o espaço se Josimar de Maranhãozinho for condenado por corrupção. Ele poderia continuar comandando seu grupo na surdina. Mas o seu problema é muito maior: o comando do PL, partido do qual é um dos chefes mais fortes em todo o País, como declarou, no final do ano passado em São Luís, o próprio presidente nacional, Waldemar Costa Neto, com quem Josimar de Maranhãozinho tem uma relação de “´pai e filho”, está dividido.

O ex-presidente Jair Bolsonaro, que mede forças com Waldemar Costa Neto na briga pelo comando do PL, declarou guerra a Josimar de Maranhãozinho com dois objetivos: tira-lo do comando regional da legenda para repassá-lo a um bolsonarista fiel. Jair Bolsonaro não aceita o fato de Josimar de Maranhãozinho não se empenhar nas suas campanhas no Maranhão, como se não entendesse que o PL sem o parlamentar seria um nanico como qualquer outro, sem nada no estado. Isso porque o seu grupo segue sua orientação, e a esmagadora maioria o seguiria para qualquer partido para o qual ele migrasse – ou venha a migrar.

O processo que passa a responder por corrupção, além do incômodo pessoal, coloca o seu poder de fogo político sob uma densa e cinzenta nuvem de riscos. Sim, porque se conseguir provar inocência – o que parece muito difícil a julgar pelo que já se sabe sobre a denúncia -, ele poderá prosseguir no comando do partido e manter o seu grupo. Mas se for condenado, poderá perder o controle sobre o grupo e, o que é pior, o comando da legenda, que pode cair nas mãos de aliados de Jair Bolsonaro, como o ex-senador Roberto Rocha, que está sem partido, ou pode ser entregue ao deputado estadual Yglésio Moises, que está filiado ao PRTB, um nanico de aluguel sem qualquer futuro. O fato é que a condição de réu de Josimar de Maranhãozinho assanhou nichos bolsonaristas que estão olho no PL.

Depois de muitas idas e vindas sob a suspeita de comandar um esquema de desvio milionário com emendas parlamentares, o deputado Josimar de Maranhãozinho caiu de vez na malha da Justiça, e com o enorme desafio de contestar provas robustas que o atingem.

PONTO & CONTRAPONTO

Mulheres

Elas estão avançando na representação política, algumas com destaque

Não há dúvida de que as mulheres estão, de fato, avançando na política maranhense. Os números estão aí mesmo para comprovar essa avaliação.

Elas ocupam hoje duas das três cadeiras maranhenses no Senado da República – Eliziane Gama (PSD) e Ana Paula Lobato (PDT); já são três na bancada na Câmara Federal Detinha (PL), Roseana Sarney (MDB) e Amanda Gentil (PP) – não havia nenhuma na bancada anterior; formaram uma bancada com 12 assentos na Assembleia Legislativa, liderada hoje pela presidente Iracema Vale; e saíram das urnas das eleições municipais de 2024 com 42 eleitas prefeitas, o equivalente a quase 20% dos 217 municípios, com destaque para a reeleição de Maura Jorge (PSDB) em Lago da Pedra. Além delas, várias vice-prefeitas – a exemplo da vice-prefeita reeleita de São Luís – Esmênia Miranda (PSD) – e um expressivo número de vereadoras foram eleitas, como aconteceu na Câmara Municipal de São Luís, hoje com seis mulheres exercendo mandatos, como a vereadora Clara Gomes (PSD), da novíssima geração e integra a bancada feminina formada por Concita Pinta (PSB), Thay Evangelista (União), Professora Magnólia (União), Rosana da Saúde (Republicanos) e Flávia Berthier (PL) plenos e três co-vereadoras do Coletivo Nós.

Não é pouca coisa, ainda que os números estejam ainda muito, mas muito mesmo, longe da tão sonhada paridade, uma vez que a política era uma espécie de Clube, no qual a presença de mulheres era, se não uma heresia, uma “coisa” estranha. Isso quer dizer que a barreira foi removida e que o caminho está finalmente aberto, apesar dos ataques via preconceito de gênero, cujo o pior deles e a misoginia.

Mas mulheres como Roseana Sarney (primeira  mulher a governar um estado na América Latina e primeira maranhense a chegar ao Senado), Iracema Vale (pioneira na presidência da Assembleia Legislativa) e Gardênia Castelo (primeira mulher a chegar à Prefeitura de São Luís), para citar os exemplos mais destacados.

A Assembleia Legislkativa conta com as deputadas: Iracema Vale (PSB), Fabiana Vilar (PL), Solange Almeida (PL), Mical Damasceno (PSD), Dra. Vivianne (PDT), Andreia Martins Rezende (PSB), Abigail (PL), Daniella (PSB), Edna Silva (Patriota), Janaina Ramos (Republicanos), Claudia Coutinho (PDT) e Ana do Gás (PCdoB): 27.425.

E o municipalismo ganhou cuidados femininos em Água Doce do Maranhão — Eliane Dias, Alto Alegre — Nillsilene do Liorne, Amapá do Maranhão — Nelene Gomes, Amarante do Maranhão — Vanderly, Arari – Simplesmente Maria, Axixá — Roberta Barreto, Bacabeira — Naila Gonçalo, Bacurituba — Letícia de Sibá, Boa Vista do Gurupi — Dilcilene Oliveira, Bom Jardim – Cristiane Varão, Bom Lugar – Marlene Miranda, Brejo – Thâmara Castro, Brejo de Areia – Geyse Costa, Buriti-Bravo — Luciana Leocádio, Chapadinha — Belezinha, Central do Maranhão — Fechinha, Conceição de Lago Açu — Professora Cici, Esperantinópolis – Simone Carneiro, Feira Nova do Maranhão — Luiza Coutinho, Fernando Falcão — Raimunda do Josemar, Formosa da Serra Negra — Juceni, Fortaleza dos Nogueiras — Dr.ᵃ Fernanda, Gonçalves Dias — Suane Dias, Governador Archer — Professora Leide, Igarapé do Meio — Aldenira, Itinga do Maranhão — Paula do Quininha, Lago da Pedra — Maura Jorge, Maranhãozinho — Deusinha, Monção — Dr. Bárbara, Nova Colinas — Dr. Mariana, Paraibano — Vanessa Furtado, Pedreiras — Vanessa Maia, Presidente Vargas: Fabiana Mendes, Riachão — Paula Coelho, Sambaíba — Fátima Dantas, Santa Quitéria do Maranhão — Sâmia Moreira, Santo Antônio dos Lopes — Cibelle Napoleão, São Francisco do Brejão — Ednalva Brandão, São Roberto — Danielly Trabuci, São João do Soter — Lacerda, Serrano do Maranhão — Val Cunha e Zé Doca — Flavinha Cunha

Sarney dá lição de experiência política em entrevista a O Globo, mas não trata de mudanças no Maranhão

José Sarney, quase centenário,
dando lições de política

Todo político de bom senso e todo brasileiro mergulhado em dúvida sobre a radicalização política em que o País está mergulhado deveria ler a entrevista do ex-presidente José Sarney (PMDB), prestes a completar 95 anos, publicada na edição deste domingo do jornal O Globo.

Ao mesmo tempo em que é uma aula de sobriedade e inteligência política, a entrevista chama a atenção pelo fato de o ex-presidente não fazer qualquer referência ao cenário político do Maranhão, onde ele continua sendo uma das vozes mais influentes, com o diferencial de que o sarneysismo, que pontificou no estado por décadas, ter perdido o poder para o dinismo, um movimento liderado por Flávio Dino, que hoje é ministro do Supremo Tribunal Federal.

Na entrevista, o ex-presidente diz que teve adversários e inimigos na política, e manifesta preocupação com a radicalização ideológica que divide o Brasil, criando um cenário em que adversário político é visto como inimigo político. Diz que a era da política de inimigos ficou para trás e que o tempo é o da política de adversários. Diante dessa declaração, é legítimo supor que o ex-presidente tenha o ex-governador e atual ministro da Suprema Corte apenas como adversário.

José Sarney defende enfaticamente que o MDB, do qual é presidente de honra, se alie ao PT para reforçar a base política do presidente Lula da Silva (PT). É como acontece no Maranhão, onde o MDB é aliado do governador Carlos Brandão (PSB), que foi linha de frente do movimento dinista, mas decidiu seguir seu próprio caminho, tendo o que restou do Grupo Sarney como aliado.

Atendo-se a temas nacionais, as declarações do ex-presidente são verdadeiros ensinamentos políticos.

São Luís, 09 de Março de 2025.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *