A filiação do deputado estadual Othelino Neto ao Solidariedade, sábado, em ato com a presença do presidente nacional do partido, o deputado federal Paulinho da Força, um dos mais famosos caciques do sindicalismo brasileiro, que controla a Força Sindical, consumou o racha que afastou da base de apoio do Governo do Estado o parlamentar, que deixou o PCdoB, e a senadora Ana Paula Lobato, que rompeu com o PSB e se filiou ao PDT. Retirado do ostracismo em que se encontrava, o braço do Solidariedade no Maranhão abre caminho para a formação de um foco expressivo de oposição a ser enfrentado pelo governador Carlos Brandão (PSB). Isso porque o PDT, que agora tem dois senadores, estará unido ao Solidariedade, duas agremiações de viés trabalhista. O Solidariedade recomeça agora no estado com um deputado estadual com peso político e uma suplente de deputado federal, Flávia Alves, irmã de Othelino Neto, que teve confirmada sua pré-candidatura à Prefeitura de São Luís.
À primeira vista, o mosaico criado por esses movimentos partidários parece confuso, a começar pelo fato de não haver uma explicação lógica para a senadora Ana Paula Lobato, que trocou o PSB pelo PDT, continuar em partido diferente do de seu marido e mentor político, o deputado Othelino Neto, que trocou o PCdoB pelo Solidariedade. Mas a explicação é simples: no PDT, a senadora Ana Paula Lobato injeta força política no partido, cujo presidente, senador Weverton Rocha, se prepara para tentar renovar o mandato ou chegar são Palácio dos Leões. Juntos em Brasília, os senadores pedetistas podem ajudar ou prejudicar pleitos do atual Governo do Estado na Câmara Alta.
No plano municipal, os dois partidos podem se juntar em apoio a candidaturas em municípios importantes, como Pinheiro, por exemplo, onde a senadora tem sua principal base política. No caso São Luís, é quase certo que o PDT vai rifar o ex-vereador Fábio Câmara, que não tem a menor chance de decolar, em favor de Flávia Alves, que pode alcançar algum espaço por ser um fato novo e invocar a condição de mulher. Pode contribuir para eleger uma bancada na Câmara Municipal, onde o PDT está prestes a desaparecer, contando apenas com o vereador Raimundo Penha. PDT e Solidariedade podem se juntar também em Timon, onde o deputado estadual Rafael Brito (PSB e apoiado pelo governador Carlo Brandão (PSB), ex-Leitoa, pleiteia o comando municipal disputando com a prefeita Dinair Veloso (PDT), candidata do grupo Leitoa, que hoje representam o PDT em Timon. E por aí vai.
Mas o foco maior da aliança tácita do PDT com o Solidariedade é demarcar território como oposição ao governador Carlos Brandão. E o objetivo é dar suporte ao projeto majoritário do senador Weverton Rocha, que pode ser candidato à reeleição ou ao Governo do Estado. Antes de procurar novos rumos partidários, a senadora Ana Paula Lobato e o deputado Othelino Neto tentaram um movimento ousado: tirar a presidência do PSB do governador Carlos Brandão e assumir o controle do partido. A cúpula nacional da agremiação socialista não aceitou a proposta, e a consequência do desfecho da operação foi o afastamento rápido e ostensivo do casal parlamentar do Palácio dos Leões. E o reflexo têm sido as falas de tom oposicionista, com variados graus de hostilidade, do deputado Othelino Neto na Assembleia Legislativa.
Até o momento, o Palácio dos Leões não fez qualquer movimento que tenha evidenciado uma preocupação maior com a migração da senadora Ana Paula Lobato e do deputado Othelino Neto para a Oposição. Orientou o líder do Governo, deputado Neto Evangelista (União Brasil) para responder pontualmente, a ataque, denúncia, acusação ou provocação na tribuna da Assembleia Legislativa. Escolado nesse jogo e conhecendo bem seus novos adversários, o governador Carlos Brandão se mantém em observação. “Vamos ver até onde isso vai. O governador está sempre pronto para conversar, mas também pronto para reagir com chumbo grosso”, disse à Coluna um cardeal do núcleo de ferro do Palácio dos Leões
PONTO & CONTRAPONTO
Presidente e vice da Câmara de São Luís estão em campos opostos, mas se dão bem
O presidente da Câmara Municipal de São Luís, vereador Paulo Victor (PSB), e o vice-presidente Francisco Chaguinhas (PSD) vão para a disputa municipal divididos.
O presidente Paulo Victor, além de buscar a reeleição, será um dos principais coordenadores da campanha do deputado federal Duarte Jr. (PSB) à Prefeitura, depois de ele próprio haver lançado a sua candidatura e a retirado semanas mais tarde. Com participação importante na vitória do governador Carlos Brandão em São Luís, o vereador Paulo Victor é considerado peça importante na estratégia do Palácio dos Leões para eleger o deputado Duarte Jr..
Apoiador incondicional do prefeito Eduardo Braide (PSD), o vice-presidente Francisco Chaguinhas vai à luta pela reeleição dele próprio e do chefe do Executivo. Francisco Chaguinhas, como Paulo Victor, tem forte convicção em relação ao campo em que atua. Desde o início do atual mandato ele abriu caminho para apoiar o prefeito de São Luís. Durante esse período, foi o interlocutor mais ativo do Palácio Pedro Neiva de Santana com o Palácio de la Ravardière. Será um dos coordenadores da campanha do prefeito Eduardo Braide.
Detalhe: diferenças políticas à parte, o presidente Paulo Victor e o vice-presidente Francisco Chaguinhas mantêm uma relação de excelência.
Juscelino Filho terá conversa decisiva com a PF sobre denúncias de desvio de emendas
A semana que começa será decisiva para o deputado federal e atual ministro das Comunicações Juscelino Filho (União Brasil). Ele terá de comparecer à Polícia Federal, em Brasília, para esclarecer, de uma vez por todas, o que de fato aconteceu com os R$ 7,5 milhões que mandou emendas parlamentares para Vitorino Freire, sua terra natal e principal base eleitoral, onde os Rezende mandam há muito tempo e a irmã dele, Luanna Rezende (União Brasil), é prefeita reeleita.
Entre outras coisas, a Polícia Federal vai querer em pratos limpos, sem conversa mole – do tipo “Não tenho nada a ver com isso” -, tudo o que envolve recursos federais no valor de R$ 7,5 milhão enviados para trecho de pavimentação em Vitorino Freire, mas que curiosamente pavimentaram trechos de estradas vicinais que dão a cesso a quatro fazendas da família Rezende no município.
Além disso, o ministro terá de esclarecer a estranha e suspeita relação que mantém com o empresário Eduardo DP, o controverso dono da Construservice, a empresa contratada para fazer a pavimentação, e com o qual o ministro teria relações pouco republicanas.
O assunto está batido, é verdade. O ministro Juscelino Filho já deu inúmeras declarações a respeito, sempre batendo na tecla segundo a qual não houve desvio de recursos e que, por não ser o responsável pela aplicação dos recursos, não pode ser responsabilizado pela aplicação dos recursos. Mais do que isso, garante que nada houve de errado no caso das emendas.
A conversa reservada com experimentados delegados da Polícia Federal, que ocorrerá nesta semana, poderá colocar um ponto final nesse caso. Para o bem ou para o mal.
São Luís, 05 de Maio de 2024.