Alianças surpreendentes, rachas inexplicáveis e filiações inesperadas marcam cenário para as eleições

Na foto superior a surpreendente aliança
Ricardo Murad (e) e Luizinho Amovelar (d)
para enfrentar Edimar Franco (PSB),
apoiado por Lurdinha Pereira (PCdoB),
Carlos Lula e Orleans Brandão (MDB)

Os primeiros movimentos “para valer” no tabuleiro político-partidário do Maranhão visando as eleições municipais têm surpreendido por algumas montagens que estão juntando no mesmo balaio o que até pouco tempo era inadmissível. Mas num contexto em que os políticos se sobrepõem aos partidos, os primeiros acordos estão trazendo à tona alianças espantosas, como a dos Amovelar (PT) e os Murad em Coroatá, para enfrentar o candidato apoiado pela agora 1ª suplente de senador Lurdinha Pereira (PCdoB), apoiada pelo PSB e pelo MDB. São situações estranhas, mas que em política ganham explicações fáceis em pouco tempo, independente de que deem certo ou não. Existem também rachas inexplicáveis, como o de Imperatriz.

Difícil compreender, à primeira vista, uma aliança reunindo o ex-prefeito Ricardo Murad e o prefeito Luizinho da Amovelar (PT) em Coroatá, adversários com tom de inimizade. A explicação pode estar na força do adversário, Edimar Franco (PSB), apoiado pela vereadora e presidente da Câmara Municipal, Lurdinha Pereira (PCdoB), que dobrou seu cacife ao ascender à 1ª suplência da senadora Ana Paula Lobato (PSB). No poder há quase 16 anos, tendo o pai, Luiz, passado o poder para o filho Luizinho da Amovelar (PT), a família tenta sobreviver lançando uma sobrinha, Aryanna Amovelar, que se junta com Ricardo Murad, que pretende voltar ao poder emplacando a filha como vice. É quase impossível prever o desfecho desse emaranhado, que tem partidos da base governista nos dois lados.

A primeira surpresa foi a equação que juntou e vem mantendo alinhados os grupos Gentil, liderado pelo prefeito Fábio Gentil (Republicanos) e Coutinho, hoje representado pela ex-deputada Cleide Coutinho (PDT). Adversários históricos, que jamais fizeram concessões um ao outro, agora se juntam lançando Gentil Neto, indicado pelo prefeito Fábio Gentil, devendo o grupo Coutinho indicar o vice. No campo adversário vários grupos se juntam em torno do ex-vice-prefeito e suplente de deputado federal Paulo Marinho Jr. (PL), que aos poucos vai juntando ex-governistas, como o ex-deputado Adelmo Soares (PCdoB) e o suplente de deputado estadual e ex-secretário de Estado de Turismo Catulé Jr.. Há quem diga que a aliança Gentil/Coutinho é sólida, mas há também quem pense que ela poderá ser desmanchada. A conferir.

Ao mesmo tempo em que adversários se juntam em alianças surpreendentes, como em Caxias e Coroatá, ninguém consegue uma explicação lógica para o racha monumental que ganha corpo em Imperatriz, o segundo mais importante colégio eleitoral do Maranhão. Ali, o PP, controlado pelo ministro André Fufuca, banca o deputado estadual Rildo Amaral, que disputa a liderança com o deputado federal Josivaldo JP (PSD), apoiado por grupos de direita radical identificados com o bolsonarismo, e que tem fôlego para crescer e até vencer a eleição. Esse quadro poderia mudar se o ex-deputado Marco Aurélio, que deixou o PSB e retornou ao PCdoB, negociasse um acordo com Rildo Amaral, somando os seus potenciais eleitorais. Ocorre que Marco Aurélio, agora com o apoio da senadora Ana Paula Lobato e de parte do PSB, bateu pé e reafirmou sua candidatura, posição que pode fortalecer Josivaldo JP, que já estaria na cabeça da disputa.

Nesse quebra-cabeça monumental, chamam a atenção também algumas filiações ao PT, que podem mudar o curso da corrida eleitoral em alguns municípios importantes. Numa guinada espetacular, o partido recebeu nos seus quadros ninguém menos que Chiquinho da FC, um dos maiores empresários do Maranhão, responsável por 1.700 empregos diretos no seu grupo de empresas. Agora no PT, fazendo o L com a maior facilidade, Chiquinho da FC pode virar a mesa em Codó, onde o prefeito Zé Francisco (PSD) lidera a corrida, seguindo as pesquisas feitas até aqui. Nada menos que dois ex-prefeitos – Zito Rolim e Biné Figueiredo – declararam-lhe apoio após a guinada partidária. Também chama a atenção a migração para o PT da ex-prefeita de Rosário, Irlair Moraes, que nasceu, cresceu e até semana passada militava no MDB.

E como se não bastasse, até os pequenos partidos, sem qualquer chance de chegar ao poder estão se estranhando.  Em São Luís, onde o cenário é de polarização entre prefeito Eduardo Braide (PSD), que lidera, segundo as pesquisas, e o deputado federal Duarte Jr. (PSB), apoiado pelos Governo do Estado e da União, o PSOL e Rede, que formam uma federação nanica, resolveram medir força. A faísca na pólvora se deu depois que a Rede, sem consultar o parceiro, lançou a professora Janiselma Fernandes à Prefeitura. Insatisfeito por não ter sido consultado, o PSOL colocou o servidor público Odívio Neto, que já figurou como candidato a governador. O trabalho agora está com os bombeiros dos dois partidos.

Vale lembrar que esses são apenas alguns os primeiros movimentos da corrida às prefeituras.

PONTO & CONTRAPONTO

Polarização Braide/Duarte Jr. vai dominar mesmo a disputa em São Luís

Eduardo Braide e Duarte Jr.: sem espaço para terceiros

Com a saída do deputado estadual Neto Evangelista, que não conseguiu o aval do União Brasil para ser candidato e assumiu a liderança do Governo na Assembleia Legislativa, a corrida para a Prefeitura de São Luís vai se dar efetivamente entre o prefeito Eduardo Braide (PSD), que busca a reeleição, e o deputado federal Duarte Jr. (PSB), repetindo 2020.

A bolsa de candidatos na Capital está esvaziando rápido. O ex-prefeito Edivaldo Jr. (sem partido) continua sumido e distante, sem sinalizar se será ou não candidato. O deputado estadual Yglésio Moisés não conseguiu ainda resolver o seu problema partidário: permanece amarrado ao PSB, que não o libera nem lhe dará a vaga de candidato. O TRE lhe deu ganho de causa, mas ele corre o risco de sair do partido e perder no TSE e perder o mandato.

O deputado estadual Wellington do Curso vive uma situação curiosa: deixou o PSC e embarcou no Novo para ser candidato a prefeito. Só que o PSC fez lambança com a quota de gênero em 2022 e o parlamentar por ter seus votos anulados e perder o mandato – o TSE já formou maioria pela anulação, mas o julgamento foi suspenso. Mesmo que que venha a perder o mandato, Wellington do Curso poderá ser candidato elo Novo, já que não se tornará inelegível.

Assim, além de Wellington do Curso, Eduardo Braide e Duarte Jr. disputarão votos com o o candidato do PDT, Fábio Câmara, que parece não ter chance de chegar a lugar algum, e os candidatos dos nanicos de extrema esquerda: PSOL, PSTU, PCB, etc…

Maura mata dois coelhos com uma só cajadada ao se filiar ao PP

Maura Jorge e André Fufuca:
interesses casados com perfeição

Dois coelhos com uma só cajadada. Foi assim o resultado da migração da prefeita de Lago da Pedra, Maura Jorge, do PSDB para o PP, pelo qual será candidata à reeleição com largas chances de vitória nas urnas. Por sua vez, o ministro André Fufuca (Esporte) patrocinador da mudança partidária da prefeita, faz as contas e demonstra a convicção de que pode auferir bons resultados políticos e eleitorais.

A presença de Maura Jorge no PSDB não fazia sentido, à medida que, comandado no Maranhão pelo secretário-chefe da Casa Civil Sebastião Madeira, o ninho dos tucanos maranhenses está alinhado ao Palácio dos Leões e ao Governo do presidente Lula da Silva.

Ao se filiar ao PP, Maura Jorge se sente “em casa”. Isso porque, por ser ela bolsonarista assumida, ela se sente à vontade no partido cujo presidente no Maranhão é deputado federal e ministro do Governo do PT. Além disso, o PP tem uma banda bolsonarista ativa, como é o caso do presidente nacional do partido, senador Ciro Nogueira (PI), que não esconde que é alinhado ao ex-presidente Jair Bolsonaro e não poupa críticas ao Governo de Lula da Silva.

É uma situação aparentemente esdruxula, mas que se encaixa no cenário político estadual, principalmente no projeto senatorial do ministro do Esporte em 2026.

São Luís, 24 de Março de 2024.

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