Declaração de Juscelino Filho pode recolocar Neto Evangelista na disputa em São Luís

Juscelino Filho quer Neto Evangelista candidato

Uma declaração do ministro das Comunicações Juscelino Filho, ontem, ao telejornal matutino da TV Mirante, pode dar uma mexida expressiva nas peças que se movem no tabuleiro da disputa para a Prefeitura de São Luís. Disse o ministro, que é deputado federal e um dos graúdos do União Brasil (UB) no plano nacional e no Maranhão: “Aqui em São Luís nós temos um grande quadro, que é o deputado estadual Neto Evangelista. Eu tenho defendido internamente no União Brasil que a gente coloque o nome do deputado Neto Evangelista à disposição da população com uma candidatura própria”. A declaração do ministro Juscelino Filho veio acompanhada de um reforço: ele previu que dentro de alguns dias a decisão de lançar ou não lançar candidato à Prefeitura de São Luís será tomada em conjunto pelas cúpulas estadual e nacional do UB. E deixou claro que se a opção for por lançar candidato próprio, esse será o deputado Neto Evangelista.

O deputado Neto Evangelista esperou muito tempo por essa posição do partido. Até três semanas atrás, quando lhe perguntavam sobre ser candidato ou não, ele sempre deixava no ar que estava aguardando uma decisão do partido. E a possibilidade do partido para lhe dar a vaga de candidato chegou duas semanas após o deputado Neto Evangelista ter aparentemente desistido de ser candidato a prefeito ao aceitar o convite do governador Carlos Brandão para ser o líder do Governo na Assembleia Legislativa, cargo que aceitou e no qual já estreou dando forte impressão de que nele pretende continuar. A política, porém, é dinâmica e pode mudar cenários a qualquer momento.

Nesse momento, o futuro da Prefeitura de São Luís encontra-se no resultado da disputa entre o prefeito Eduardo Braide (PSB), que lidera a corrida em busca da reeleição, e o deputado federal Duarte Jr. (PSB), que está em segundo, mas aposta alto numa reviravolta que o leve ao Palácio de la Ravardière. Se Neto Evangelista fosse candidato, todos os indicativos sugerem que ele estaria na terceira colocação, próximo ou distante do segundo colocado. É improvável que agora, se vier a se tornar candidato, ele promova uma mudança no quadro da polarização, uma vez que o eleitorado parece haver entendido que o ideal será repetir a peleja de 2020, na qual o então deputado federal Eduardo Braide levou a melhor na disputa em segundo turno.

O ministro Juscelino Filho não falou no assunto por acaso. Mesmo não tendo atualmente cargo na Executiva estadual do União Brasil, da qual já foi presidente, uma declaração dessa envergadura não seria dada sem motivação. O presidente estadual do partido, deputado federal Pedro Lucas Fernandes, não se manifestou sobre o assunto,   mesmo sabendo que o deputado Neto Evangelista estava trabalhando para se tornar o candidato do partido. Não tivesse ele assumido a liderança do Governo, cargo com enorme poder de fogo no cenário político maranhense, o caminho natural dele seria correr atrás da candidatura à Prefeitura de São Luís.

Agora, a situação é bem diferente. O deputado Neto Evangelista é o todo-poderoso líder do Governo na Assembleia Legislativa, função que o torna a ponte entre o governador e o parlamento estadual, orientando a gigantesca e heterogênea bancada governista, que chega a quase 40 dos 42 deputados. É improvável que, na posição em que se encontra, o deputado Neto Evangelista protagonize uma reviravolta radical, deixe o influente cargo de líder e entre numa disputa já desenhada entre dois candidatos fortes e na qual a polarização parece não deixar margem para um terceiro pretendente. Ele viveu essa situação em 2020 e tem a noção exata do que  pode ganhar e o que pode perder.

Não é demais lembrar que a ciranda da política às vezes é envolvente o suficiente para gerar situações imprevistas. Daí ser prudente aguardar um pouco mais os ecos das declarações do ministro Juscelino Filho.

PONTO & CONTRAPONTO

Líderes do UB estão divididos em relação à disputa em São Luís

Pedro Lucas Fernandes quer Duarte Jr. candidato

O União Brasil está dividido em relação à disputa para a Prefeitura de São Luís. Dois fatos políticos mostraram isso ontem, a entrevista do ministro das Comunicações Juscelino Filho (UB) ao telejornal matutino da TV Mirante e a presença do deputado federal Pedro Lucas Fernandes (UB) numa reunião, à noite, no Palácio dos Leões.

Na entrevista à TV Mirante, o ministro Juscelino Filho defendeu a candidatura do líder do Governo, deputado Neto Evangelista (UB) à Prefeitura de São Luís, acrescentando que essa decisão será tomada em breve e em conjunto pelas cúpulas estadual e nacional do partido.

Só que na reunião da noite, comandada pelo governador Carlos Brandão, o assunto principal foi a mobilização política e partidária em torno da candidatura do deputado federal Duarte Jr. (PSB) ao Palácio Henrique de la Rocque. A presença do deputado federal Pedro Luca Fernandes, que preside o União Brasil no Maranhão, significa, claro, o apoio do partido ao candidato do PSB.

Se o ministro Juscelino Filho defendeu a improvável candidatura do líder do Governo Neto Evangelista, é porque não apoia a candidatura do deputado socialista Duarte Jr., que, aliás, é avalizada por ninguém menos que o presidente Lula da Silva (PT), seu chefe. O mesmo se pode dizer do deputado federal Pedro Lucas Fernandes em relação ao deputado Neto Evangelista.

Em algum momento os chefes maranhenses do União Brasil vão bater martelo em torno de um nome.

Prefeita do Paço tenta se passar por vítima, mas errou feio com o grupo que a apoiou

Paula Azevedo:
reclamando de aliados

A prefeita de Paço do Lumiar, Paula Azevedo (PCdoB), também conhecida como Paula da Pindoba, divulgou carta aberta reclamando do apoio do governador Carlos Brandão à candidatura do empresário Fred Campos (PSB) à sua sucessão. Ela quer simplesmente filiar o vereador Jorge Maru ao PT, de modo a que ele seja candidato à sua sucessão pela Federação Brasil Esperança, da qual ela faz parte como filiada ao (PCdoB), mas cujos líderes já declararam apoio a Fred Campos.

Uma reclamação que não faz sentido, primeiro por que Fred Campos é filiado ao PSB, partido do governador, e segundo, porque ela foi reiteradas vezes convidada a participar dessa aliança. Paula Azevedo entendeu que no comando da Prefeitura tem força para eleger o prefeito de Paço do Lumiar, independente de quem seja o adversário.

Num dos trechos da carta, a prefeita lembra que teve “participação decisiva” na eleição de Flávio Dino para o Senado, de Carlos Brandão para o Governo e de Felipe Camarão para vice-governador. Errado. Se alguém deve alguma coisa a alguém nessa história, é exatamente Paula Azevedo. Ela foi colocada por Flávio Dino como vice de Domingos Dutra em 2016, ainda se chamando Paula da Pindoba. Em meados de 2018, Domingos Dutra adoeceu e teve de renunciar. Paula da Pindoba assumiu o cargo e graças ao enorme esforço de Flávio Dino, do PCdoB – ao qual ela se filiou – e de aliados, ela foi se consolidou no cargo e foi reeleita em 2020. E, logo nos primeiros meses do novo mandato começou a dar sinais de que contrariaria o grupo, o que aconteceu. Faz agora o papel pouco inadequado de “líder traída”.

A prefeita tem todo o direito de reclamar, mas jogou mal, decidiu que tinha cacife para enfrentar seus aliados e agora está sentindo o peso da sua escolha. Os próximos meses dirão se ela estava certa ou errou feio.

São Luís, 26 de Março de 2024.

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