Paulo Victor denuncia promotor, diz ser vítima de achaques e afirma que Câmara não tem bandido

Paulo Victor acusa Zanony Filho de achacá-lo

A Câmara Municipal de São Luís entrou ontem num processo de forte expectativa cujos desdobramentos são imprevisíveis. Numa atitude de coragem provavelmente inédito naquela Casa, que tem trajetória marcada por muitos momentos de agitação, o seu atual presidente, vareador Paulo Victor (PSDB), protagonizou um fato que abalou os alicerces do Palácio Pedro Neiva de Santana, atingiu duramente o Ministério Público do Estado (MPE) e pode gerar consequências devastadoras na Justiça. O chefe do parlamento municipal denunciou que um promotor de Justiça, Zenon Passos Filho, o achacou usando chantagem em troca da sua “ajuda” em investigações de supostos desvios praticado por vereadores, que correm contra ele e outros quatro parlamentares no âmbito do Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado – Gaeco, do MPE. O discurso do presidente estremeceu os alicerces e colocou a Câmara Municipal em estado de suspense quanto ao desdobramento do que foi dito na tribuna.

Na sua fala, o presidente Paulo Victor relatou, em tom de denúncia, que foi vítima chantagem e achaques por parte do vereador Zanony Filho, que teria exigido a contratação de parentes na Câmara, com salários de R$ 10 mil, em troca da sua atuação para reverter investigação. O presidente da Câmara e outros quatro vereadores estavam sendo investigados pelo Gaeco, na iminência de serem alvos de pedido de prisão, busca e apreensão, perda de mandato e outras medidas de investigação, com o objetivo de comprovar desvios com emendas parlamentares que chagariam a R$ 5 milhões.

Pressionado pelas ameaças, conforme seu relato, o presidente da Câmara ludovicense revelou que cedeu aos pedidos do promotor concedendo dois empregos, mas que as pessoas não foram trabalhar e posteriormente foram demitidas. O promotor, segundo o vereador-presidente, teria insistido e apresentado novos nomes, mas, garante o presidente, mas não foi atendido. E enfatizou que, diante da tal chantagem, decidiu denunciar, depois de ter batido às portas de Justiça pedindo acesso às investigações, o que lhe foi negado. E para confirmar suas palavras, o vereador Paulo Victor tornou públicas trocas de mensagens nas quais o promotor Zanony Filho faz ameaças, inclusive fazendo insinuação com foto da família der Paulo Victor.

– Muito corta meu coração e me desonra subir à tribuna com essa declaração, mas, se assim não fizer, estarei participando, de forma ativa, de um erro e cometendo um crime. Espero em Deus e na justiça do Maranhão, que se corrija esse erro. Se existe erro nesta Casa legislativa, que se corrija na justiça, apurando, investigando, não com outro erro. Estou tendo um ato de desespero. É hora de mostrar que essa Câmara não é formada só de bandidos e bandidas – discursou o presidente do parlamento ludovicense, diante de um plenário visivelmente silencioso e atento.

As declarações do presidente da Câmara Municipal de São Luís são o desdobramento da operação “Véu de Maquiavel”, realizada em agosto, destinada à apuração de supostos desvios de recursos de emendas parlamentares destinados a entidades comunitárias. Foi divulgado intensamente que havia quatro vereadores suspeitos, mas que entre eles não estava o presidente da Câmara. Ele obteve a informação de que havia sido incluído nas investigações, o que o levou a interpretar a inclusão como uma tentativa de atingi-lo supostamente armada pelo promotor Zanony Filho. E fez um apelo dramático: que o próprio Ministério Público, o CNMP e a própria Justiça entrem na investigação, para, segundo ele, colocarem as coisas nos seus devidos lugares.

Provocado pelo vereador-presidente, o procurador geral de Justiça, Eduardo Nicolau, divulgou nota cautelosa dizendo que a cúpula da instituição está ciente da denúncia e que está adotando medidas para apurar o caso.

Com o seu discurso, que repercutiu fortemente, o presidente o legislativo municipal abriu o jogo e colocou as cartas na mesa ciente de todos os riscos que corre um homem público da sua estatura numa situação como essa. Com suas declarações e as mensagens que tornou públicas, o presidente Paulo Victor abriu um enorme flanco no que respeita a ele próprio ao admitir a relação atípica com o promotor Zanony Filho, que por sua vez, se vier a ser considerado culpado, pode amargar um futuro sombrio. Mas levando em conta a regra universal de que ninguém se incrimina, o presidente da Câmara Municipal de São Luís decidiu pagar para ver. Um ato de coragem fora da curva.

PONTO & CONTRAPONTO

MDB já não defende apoio a Braide e fica entre Evangelista e Duarte Jr.

Eduardo Braide

Conversas diversas nos bastidores da mega-convenção do MDB, na semana passada, levaram vários observadores políticos a perceber que, ao contrário do que era uma tendência forte há alguns meses, o partido está agora cada vez mais distante de uma aliança com o PSD em torno do projeto de reeleição do prefeito Eduardo Braide.

Possibilidade que ganhou força com a declaração do novo presidente municipal do partido, deputado federal Cleber Verde, feita em julho, afirmando que defendia o apoio a Eduardo Braide e que trabalharia para o MDB abraçar o projeto. Entre os emedebistas de alto coturno houve quem concordasse, quem discordasse e quem ficou sobre o muro, numa situação nitidamente favorável ao prefeito.

De lá para cá, à medida que o empresário Marcus Brandão foi consolidando o seu poder no partido, o tom do discurso sobre São Luís foi mudando, abrindo o debate sobre dois caminhos: criar as condições para uma aliança com o União Brasil em torno da candidatura do deputado estadual Neto Evangelista, ou compor com o PSB e a Federação PT/PCdoB/PV em apoio à candidatura do deputado federal Duarte Jr. (PSB).

Uma fonte emedebista que sabe das coisas confirmou que a aliança com Eduardo Braide ainda está ainda é admitida, mas está quase descartada, que a parceria com o União Brasil por Neto Evangelista já esteve mais forte, e que a tendência pró-Duarte Jr. ganha força, apesar de todas as restrições a ele feita por vozes mais ligadas ao sarneysismo.

A mesma fonte acrescentou um detalhe que faz toda diferença: o MDB só vai decidir mesmo depois de conversas francamente com o governador Carlos Brandão.

São Luís pode ser invadida pelo Atlântico se o planeta esquentar mais

Parte de Maceió, a movimentada capital de Alagoas, está na iminência de afundar, o que deixará nada menos do que 60 mil pessoas sem teto. Ali ocorre a trágica consequência da ação humana, materializada pela empresa Braskem, na exploração de sal-gema, um mineral usado em larga escala na fabricação materiais plásticos, como o PVC, por exemplo.

A ação do homem também está fazendo com que o nível dos oceanos esteja subindo, com a ameaça de produzir, entre outros problemas, a submersão de parte de muitas grandes importantes cidades de todos os continentes, entre elas São Luís, que, vale lembrar, por ser um tesouro histórico e arquitetônico, é Cidade Patrimônio Cultural da Humanidade, título concedido pela Unesco, o braço cultural da ONU.

De acordo com a Organização Meteorológica Mundial (OMM) que considerou 2023 o ano mais quente da História, o planeta está esquentando e a consequência desse processo é a subida do nível dos oceanos, cujas águas poderão invadir boa parte de cidades importantes.

E exatamente no momento em que se realiza a COP28, na qual líderes mundiais discutem exatamente a emissão de gases na queima de combustíveis fósseis, como o petróleo, que a Climate Central, ligada à OMM, realizou uma simulação mostrando como a elevação do nível dos oceanos impactará cidades litorâneas como a Capital do Maranhão. Veja como, segundo a simulação, São Luís ficará se o oceano Atlântico subir de acordo com a previsão dos cientistas:

São Luís hoje

São Luís em provável futuro

Vale registrar que o maior impacto se dará exatamente no que a cidade tem de mais rico, que é o complexo arquitetônico da Praia Grande.

São Luís 05 de Dezembro de 2023.

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