Ainda senador, Dino se despede da seara política e Brandão consolida seu comando no estado

Flávio Dino, Carlos Brandão e Felipe Camarão no
gabinete que foi do primeiro, agora é do segundo
e deverá ser do terceiro em abril de 2026;
Felipe Camarão, Carlos Brandão, Duarte Jr.
e Flávio Dino: indicativo para 2024

O senador licenciado e ainda ministro da Justiça e Segurança Pública e virtual ministro do Supremo Tribunal Federal Flávio Dino (PSB) desembarcou ontem em São Luís, para dois compromissos formais, um, ontem mesmo, como ministro, e outro, hoje, como detentor de notório saber jurídico. No primeiro, como ministro da Justiça, participou de ato no Palácio dos Leões, ao lado do governador Carlos Brandão (PSB), a quem entregou 46 motocicletas, 14 camionetas, 12 automóveis e duas viaturas, para a Polícia Militar, no valor de R$ 8,4 milhões. O outro compromisso será cumprido hoje, como conferencista convidado, na abertura de um encontro realizado pelo Ministério Público do Estado. A apertada e agitada agenda que cumprirá até o dia 13, quando será sabatinado e submetido a votação no Senado, dificilmente permitirá que ele retorne ao Maranhão ainda como titular do Ministério da Justiça e como senador.

Compromissos à parte, a impressão causada em alguns observadores foi a de que Flávio Dino, independentemente das pressões feitas pela direita bolsonarista, que perdeu o sono com a sua indicação, será aprovado pelo Senado e assumirá cadeira no Supremo Tribunal Federal, o que exigirá que ele renuncie ao seu mandato de senador e aposente em definitivo o aguerrido militante político que o colocou no mais alto patamar da política brasileira. As imagens registradas ontem no Palácio dos Leões indicam com clareza um clina de despedida do ministro da Justiça e Segurança Pública e do senador da República, que dificilmente serão registradas como distante e circunspecto integrante da Suprema Corte do País.

O que está desenhado no Maranhão é óbvio. No momento em que o presidente Lula da Silva (PT) o indicou para a cadeira vaga com a aposentadoria da ministra Rosa Weber, Flávio Dino começou a vestir a toga e a mudar o discurso, ao mesmo tempo cuidando da aposentadoria do político. Exatamente naquele momento, o governador Carlos Brandão chamou para si o comando político da grande aliança partidária criada em 2014 e mantida até aqui com base num bem-sucedido projeto de Governo e de poder que já dura nove anos e tem todas as condições para seguir em frente.  Até agora, a despeito de todas as diferenças de visões e de pontos de vista, Flávio Dino e Carlos Brandão demonstraram uma surpreendente afinidade, que tem por base um item decisivo para a estabilidade das relações políticas: a lealdade.

Talvez o segredo do sucesso dessa relação esteja no fato de que, ao longo dos dois Governos Flávio, o vice-governador Carlos Brandão tenha cumprido à risca o seu papel, compreendendo que o Governo tinha um titular, e Flávio Dino tenha assumido integralmente a condição de ex-governador no momento em que passou o bastão para Carlos Brandão, compreendendo que o Governo tinha um titular. Nenhum tentou avançar no espaço do outro. Houve muitas especulações a respeito de rusgas, ranhuras e até risco de rompimento. Nada, porém, aconteceu até ontem, quando os dois se reuniram para o último ato institucional antes que o ministro da Justiça e o senador saiam de cena. A aliança foi mantida integralmente.

O destino político do Maranhão está nas mãos do governador Carlos Brandão, que deve intensificar os ajustes que já iniciou no tabuleiro, como o fortalecimento do MDB, hoje comandado por seu irmão, Marcus Brandão, e a ressurreição do PSDB, comandada pelo secretário-chefe da Casa Civil Sebastião Madeira. E tem mostrado inteligência política ao manter viva e, se possível, forte, sua relação com aliados da esquerda, como PT, PCdoB, PV, e de alimentar a boa e produtiva convivência com aliados do porte do PP (ministro André Fufuca), União Brasil (ministro Juscelino Filho), e por aí vai. O governador prepara terreno para o grande embate de 2026, quando passará o bastão para o vice Felipe Camarão (PT), quando deverá seguir para o Senado, abrindo caminho para que o quadro político do Maranhão avance com a mesma feição conservando a mesma aliança.

O caminho está desenhado e as linha serão confirmadas no momento em que o Senado disser sim ao novo ministro do Supremo.

PONTO & CONTRAPONTO

Neto Evangelista mantém firme projeto de candidatura a prefeito de SL

Neto Evangelista: confiante
de que será candidato

O deputado estadual Neto Evangelista (União Brasil) mantém firme o seu projeto de se candidatar à Prefeitura de São Luís. Ele revela que colocou seu nome à disposição do governador Carlos Brandão (PSB) e admite a possibilidade de uma aliança com o MDB, podendo se tornar uma espécie de segunda via na base governista para enfrentar o prefeito Eduardo Braide (PSD), que se mantém como franco favorito, segundo todas as pesquisas feitas até aqui sobre a disputa na Capital.

Político experiente, apesar da pouca idade, Neto Evangelista diz que não tem pressa, mas deve começar em pouco tempo uma agenda de conversas para balizar seu projeto de chegar ao Palácio de la Ravardière, um projeto que alimenta desde que entrou na política como herdeiro do seu pai, o deputado.

Prudente, o parlamentar não quer precipitar qualquer movimento. Mas deixa claro que vai trabalhar duro, mas sem açodamento, para consolidar o projeto de candidatura. Parece acreditar piamente que tem potencial para uma boa performance nas urnas ludovicenses.

Câmara abre processo que pode cassar Domingos Paz

Domingos Paz: alvo de pedido de cassação

Nem bem assentou a poeira do bombástico discurso do presidente Paulo Victor (PSDB) na segunda-feira, quando denunciou que foi chantageado pelo promotor Zanony Filho, a Mesa Diretora da Câmara Municipal de São Luís (CMSL) comunicou, ontem, o recebimento de Representação contra o vereador Domingos Paz (Podemos) por quebra de decoro parlamentar.

A Representação registra que o vereador Domingos Paz é acusado de um suposto abuso cometido contra menor de idade, conforme denúncia formulada pela vereadora Silvana Noely (Mais Brasil), presidente da Comissão de Direitos Humanos do parlamento municipal.

No documento, a vereadora Silvana Noely pede a abertura de processo disciplinar contra o vereador Domingos Paz e sugere à Comissão de Ética da Câmara a pena de perda do mandato do parlamentar. Domingos Paz terá direito a ampla defesa, mas tudo indica que o destino dele está selado.

O relator do pedido de cassação será o vereador Aldir Júnior (PL)

Em Tempo: Na Coluna de ontem (05/12) foram observadas várias imprecisões no texto, que já foram resolvidas. O editor pede desculpas aos leitores.

São Luís, 06 de Dezembro de 2023.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *