A informação central já foi anunciada pela Coluna, mas vale repeti-la: o Grupo Inpasa do Brasil, considerado o maior transformador de milho em etanol na América Latina, confirmou ontem a implantação em Balsas, no Sul do Maranhão, um dos celeiros de produção de milho na região, da sua quinta unidade industrial no Brasil. Lançada solenemente, a planta industrial representará um investimento de R$ 2,5 bilhões e deverá gerar 2.500 empregos durante a fase de implantação, e produzirá 2,5 milhões de toneladas de etanol por ano. A planta prevê um complexo de quatro fábricas, que vão produzir etanol de milho, alimento, proteína para ração animal, energia elétrica a partir da biomassa, gerando 1,5 mil postos de trabalho diretos, quando entrar em operação, em cerca de três anos. O empreendimento representará o ingresso efetivo do Maranhão na chamada economia verde.
O projeto é o resultado de um esforço conjunto do Governo do Estado, do Governo Federal e do Grupo Inpasa. O lançamento levou a Balsas o governador Carlos Brandão (PSB), o vice-presidente da República e ministro do Desenvolvimento, Indústria, Comércio e Serviço Geraldo Alckmin (PSB), e o presidente e o vice-presidente do Grupo Inpasa no Brasil, respectivamente José Odvar Lopes e Rafael Ranzolim. Além deles, marcaram presença o ministro do Esporte André Fufuca (PP), a senadora Eliziane Gama (PSD), quatro deputados federais e 15 deputados estaduais, liderados pela presidente da Assembleia Legislativa, deputada Iracema Vale (PSB).
Visto pela ótica estritamente econômica, o complexo industrial da Inpasa vai injetar boa dose de gás na economia do estado, com forte repercussão e desdobramentos práticos em Balsas e no Sul do Maranhão, uma vez que absorverá parte da produção de milho da região, gerará expressiva quantidade de empregos indiretos, além de reforçar a posição de Balsas com o maior centro de referência da gigantesca fronteira agrícola conhecida como Matopiba. Foi essa a expectativa revelada pelo prefeito daquele município, Eric Silva (PDT). Já no aspecto sócio-político, a implantação de uma unidade de produção de etanol na região dará ao Maranhão impulso para ampliar o seu espaço no mapa brasileiro de produção de combustível, com geração de trabalho e renda, podendo se transformar num importante foco de atração de investimentos na área de transformação de grãos, a começar pela soja.
O governador Carlos Brandão teve atuação decisiva na grande articulação para convencer o Grupo Inpasa a investir no Maranhão: reuniu-se várias vezes com a direção da empresa, conversou muito com o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, numa triangulação que envolveu o comando do grupo industrial. “A Inpasa irá gerar emprego e renda. Isso vai construir toda uma cadeia de produção de alimentos não só de proteína vegetal, mas também animal”, observou Carlos Brandão. Para acrescentar: “Representando o presidente Lula, estamos recebendo o vice-presidente Geraldo Alckmin, que foi muito importante nesse processo de vinda da Inpasa ao nosso estado. Foi ele que anunciou que esse grande empreendimento gostaria de se instalar no Maranhão. Então, abraçamos essa empresa para gerar milhares de empregos por meio da indústria de etanol de milho”.
Visivelmente entusiasmado, o vice-presidente Geraldo Alckmin completou: “É um grande investimento. Uma planta industrial de quatro fábricas, que vão produzir etanol de milho, alimento, proteína para ração animal e energia elétrica a partir da biomassa. É energia renovável. E o principal, vai gerar empregos, renda e desenvolvimento para a região”, afirmou Alckmin, que já conhece muito bem a região.
A expectativa externada nas falas do governador e do vice-presidente foi confirmada pelo vice-presidente do Grupo Inpasa no Brasil, Rafael Ranzolin: Ele disse: “A Inpasa vem para o Maranhão com uma grande oportunidade de desenvolver culturas de segunda safra para o biocombustível e para toda a cadeia de proteína animal. O etanol de milho nesse momento passa a se chamar etanol de cereais, otimizando as áreas onde se faz o cultivo, por meio de uma tecnologia agronômica que potencializa a produção em escala. Acreditamos em uma revolução por meio da bioeconomia. O Maranhão vai ser verde, o Brasil vai ser verde. E a Inpasa será a grande precursora dessa expansão”.
Pode ser que muita gente veja o lançamento do complexo industrial da Inpasa em Balsas como evento econômico a mais numa região rica. Mas é muito mais, e começa com o fato de que, graças à eficiente articulação do governador Carlos Brandão com o vice-presidente e ministro Geraldo Alckmin, o Maranhão vai entrar de vez num futuro em que a economia verde será a grande referência
PONTO & CONTRAPONTO
Balsas atraiu 15 deputados estaduais liderados por Iracema, quatro federais, uma senadora e um ministro
O lançamento da planta industrial da Inpasa em Balsas ultrapassou o viés econômico e alcançou também a seara política. Para começar, a presidente da Assembleia Legislativa Iracema Vale liderou uma comitiva de 14 deputados estaduais, incluindo a anfitriã, deputada Viviane Silva (PDT), esposa do prefeito pedetista de Balsas Eric Silva: Arnaldo Melo (PP), Florêncio Neto (PSB), Francisco Nagib (PSB), Zé Inácio (PT), Antônio Pereira (PSB), Rildo Amaral (PP), Ana do Gás (PCdoB), Ricardo Rios (PCdoB), Ariston Ribeiro (PSB), Davi Brandão (PSB), Júnior Cascaria (Podemos), Glaubert Cutrim (PDT) e Cláudio Cunha (PL).
Durante o evento, a presidente Iracema Vale parabenizou o governador Carlos Brandão e definiu assim o complexo industrial a ser implantado em Balsas: “Um empreendimento desse porte só tem a agregar ao Maranhão, principalmente pelo fortalecimento da pauta voltada à produção de energia limpa, aproveitando todo o potencial que temos nessa região do nosso estado”.
A comitiva política reuniu em Balsas os deputados federais da região e visitantes: Márcio Honaiser (PDT), que é do município; Josivaldo JP (PSD), que tem base em Imperatriz e faz política na região, e Duarte Jr. (PSB), que tem base em São Luís, mas apoia o empreendimento, e Marreca Filho (Patriotas), com base no Baixo Itapecuru e também apoiador do projeto.
Duas presenças políticas importantes surpreenderam os participantes do evento em Balsas: o ministro do Esporte André Fufuca e a senadora Eliziane Gama (PSD). Os dois viajaram na comitiva do vice-presidente Geraldo Alckmin. André Fufuca deu uma pausa na montagem do seu projeto para o Ministério do Esporte para ir a Balsas. Para integrar a comitiva, Eliziane Gama suspendeu momentaneamente a desafiadora tarefa de elaborar o seu balanço como relatora da CPMI dos Atos Golpistas.
Yglésio bate forte em decisão de juiz e afirma que anular nomeação de conselheiro foi “covardia institucional”
O deputado Yglésio Moyses (PSB) contestou, numa dura reação, a sentença do juiz Douglas Cunha, titular da Vara de Direitos Difusos e Coletivos de São Luís, anulando a nomeação de Daniel Brandão para o Tribunal de Contas do Estado, afirmando que a nomeação feriu o princípio da impessoalidade e da moralidade”. Num discurso enfático, ao longo do qual analisou diferentes pontos da decisão do magistrado, o parlamentar foi duro, qualificou a decisão de política, e defendeu a nomeação assinalando que ela foi autorizada por 40 dos 42 deputados e que a vaga pertencia ao Poder Legislativo, cabendo ao governador apenas o ato formal de nomear.
Mostrando as regras da Constituição do Estado e as do Regimento da Assembleia Legislativa, Yglésio Moyses bateu forte no despacho do juiz Douglas Martins. Disse que o juiz não teve cuidado, não levou em conta a manifestação do Ministério Público favorável à nomeação, e defendeu que haja uma institucionalidade para que sejam proferidas decisões “com cuidado”, apontando o que, na sua avaliação, seriam erros na sentença.
“Essa ação popular, a meu ver, tem uma série de error in judicando. Tem que ter cuidado em uma sentença quando se vai julgar uma decisão de 42 deputados, representantes do povo. Tem que analisar a Constituição do Estado onde você é juiz antes de escrever algumas coisas. É o básico”, disparou.
E criticou o juiz Douglas Martins avaliando que, além dos erros que apontou, esse tipo de situação leva a uma instabilidade política e a uma tentativa de desgaste do Governo.
Para o deputado, o titular da Vara de Interesses Coletivos e Difusos de São Luís cometeu “uma covardia institucional” e desrespeitou a decisão de 40 deputados estaduais. E defendeu a derrubada da sentença pelo Tribunal de Justiça.
São Luís, 11 de Outubro de 2022.