Paulo Victor desiste da corrida à Prefeitura, mas sai com espaço amplo na política de São Luís

Paulo Victor anunciou a retirada da sua
pré-candidatura à Prefeitura em rede social

O vereador-presidente da Câmara Municipal de São Luís Paulo Victor (PSDB) desistiu de se candidatar à sucessão do prefeito Eduardo Braide (PSD) na eleição do ano que vem. Ele anunciou ontem sua decisão nas redes sociais e confirmou o anúncio em conversas com jornalistas e líderes políticos. A retirada da disputa se deu, segundo ele, “após muito refletir, ouvir nossas bases e importantes aliados”. Mesmo não tendo sido exatamente uma surpresa, de vez que essa possibilidade vinha ganhando corpo nos bastidores, onde já se dizia que a desistência seria anunciada em janeiro, a saída do vereador Paulo Victor da ciranda que movimenta a fase de definição de pré-candidaturas impactou o cenário que vinha sendo rascunhado para a disputa. A julgar pelo quadro desenhado por pesquisas confiáveis, a exclusão da sua pré-candidatura reforça o projeto de candidatura do ex-prefeito Edivaldo Jr. (sem partido) e devolve um amplo espaço de crescimento para a aspiração do deputado estadual Neto Evangelista (União) – isso sem alterar o seguro favoritismo do prefeito Eduardo Braide (PSD), que tem como principal adversário o deputado federal Duarte Jr. (PSB).

Desde que o seu projeto de candidatura veio à tona, o vereador Paulo Victor percebeu com clareza que, embora discretamente incentivado pelo governador Carlos Brandão – para quem trabalhou duramente na campanha em São Luís – e outras vozes importantes da base partidária governista, o seu projeto de disputar a Prefeitura dificilmente seria concretizado. A começar pelo fato de que o candidato mais forte na aliança, Duarte Jr. (PSB), pertence ao partido do governador e do ministro Flávio Dino, tornando muito difícil mudar essa realidade. Assim, mesmo exibindo disposição para tentar virar o jogo, concluiu que alimentar a investida como um trator poderia produzir uma baita desgastante crise dentro da aliança governista. Logo, a medida politicamente mais sensata reavaliar o projeto e retirar a pré-candidatura, o que foi feito nesta segunda-feira.

Mesmo tendo entrado e saído da corrida sucessória ludovicense como um cometa, liderando um projeto de candidatura que sobreviveu por alguns meses, o vereador Paulo Victor sai com alguns ganhos políticos importantes. Para começar, não há como negar o fato de que ele devolveu à Câmara Municipal parte do protagonismo que a instituição vinha perdendo no cenário político de São Luís, tornando-se um oponente declarado do prefeito Eduardo Braide, mas sem influenciar nas decisões do plenário. Ao mesmo tempo, Paulo Victor antecipou o debate sucessório na Prefeitura de São Luís, que pela agenda dos partidos e das lideranças, só seria aberto em janeiro do próximo ano. Foi por pressão dos seus movimentos que vários pré-candidatos começaram a se mexer em busca de apoio antes da hora prevista pelas lideranças maiores, para se mostrarem ao eleitorado.

No campo partidário, o vereador Paulo Victor deu uma contribuição importante: resgatou o PSDB em São Luís, devolvendo ao cenário político da Capital a agremiação que perdera força com a morte do ex-governador e ex-prefeito João Castelo e que quase desapareceu nas mãos do ex-senador Roberto Rocha. Sob a coordenação do presidente estadual do partido, Sebastião Madeira, chefe da Casa Civil, e com o discreto aval do governador Carlos Brandão (PSB), o presidente do parlamento ludovicense colocou mais uma opção importante no tabuleiro partidário de São Luís, onde o ex-prefeito Edivaldo Jr., por exemplo, tenta encontrar um partido para viabilizar a sua candidatura conversando com os partidos da federação governista – PT, PCdoB e PV.

O fato é que, além do peso político que acumulou como presidente da Câmara na retomada do protagonismo da instituição, e por haver ressuscitado o ninho dos tucanos, tornando-se comandante do PSDB em São Luís, o vereador-presidente Paulo Victor certamente reuniu capital político para sentar na mesa de definição de candidaturas na base governista ao Palácio de la Ravardière, facilitando muito o projeto de renovação do seu mandato de vereador no pleito de 2024. E o fará como comandante da Câmara Municipal até dezembro de 2024

PONTO & CONTRAPONTO

Ministro da Casa Civil faz jogo duplo com ministro da Justiça

Rui Costa faz jogo duplo com Flávio Dino

Difícil definir a postura do ministro-chefe da Casa Civil, Rui Costa, ex-governador e senador (PT) eleito pela Bahia, tentando se intrometer nas ações do Ministério da Justiça e Segurança Pública, primeiro se colocando como um dos “articuladores” dessas ações, e depois tentando se posicionar como defensor do ministro Flávio Dino, ex-governador e senador (PSB) eleito pelo Maranhão.

A Bahia toda e parte do Brasil sabem que os braços do crime organizado do Sudeste desembarcaram em território baiano na década de 2000, durante os dois períodos de governo do hoje senador Jaques Wagner (PT) e sentou praça para valer nos dois períodos de governo do hoje senador licenciado Rui Costa (PT), chefe da Casa Civil do presidente Lula da Silva (PT).

No meio político, notadamente no entorno do Governo Lula da Silva, é corrente que Rui Costa, que há tempos vem trabalhando um projeto de chegar à presidência da República, é parte ativa da ala petista que, incomodada com a postura e o desempenho do ministro da Justiça e Segurança Pública, vendo nisso um potencial candidato não petista à sucessão de Lula da Silva. E o caminho mais curto para minar a trajetória de Flávio Dino é exatamente culpa-lo pelo que está acontecendo na Bahia, que é nada menos que a exibição para o mundo do que já vem acontecendo há anos em Salvador e em parte do território baiano.

A jogada de má fé da ala petista que se posiciona criticando o desempenho do ministro da Justiça na área de Segurança Pública não consegue esconder que o seu interesse é político e tem duas vias, nem exibe a menor preocupação com o fato de que os adversários do Governo, em especial a ala bolsonarista do PL, que também quer ver Flávio Dino longe da corrida presidencial. Uma das vias é a de minar o prestígio político do ministro da Justiça; a outra é esquartejar a pasta tirando dela a Segurança Pública, de modo a transformá-la em ministério para ser comandado por um petista.

Nesse jogo, mesmo sob fogo cruzado, o ministro Flávio Dino vai pondo em marcha o seu programa na área de segurança pública, como o pacotão anunciado ontem, com ênfase para o Rio de Janeiro e para a Bahia. E leva com ele um argumento que seus adversários não podem contestar: a melhorada que ele deu no Sistema de Segurança do Maranhão – aumento do efetivo policial e investimentos em treinamento e aparelhamento das polícias – e a transformação do Complexo Penitenciário de Pedrinhas, que era um inferno onde não raro rolavam cabeças – literalmente –, numa instituição penal que tem sido referência para todo o País.

Rosa Weber aposentada. Quem vai para o Supremo?

Flávio Dino tem Bruno Dantas (TCU) e
Jorge Messias (AGU) como “concorrentes”

A ex-presidente do Supremo Tribunal Federal, Rosa Weber completou 75 anos ontem, 02 de outubro, já entrado hoje na condição de aposentada compulsória. A aposentadoria torna vaga a cadeira que ela ocupou até à meia-noite desta segunda-feira, o que dá ao presidente Lula da Silva a prerrogativa institucional de indicar o sucessor da agora ex-ministra. Recuperando-se da cirurgia ortopédica, mas com plena lucidez e já tomando decisões, o presidente pode fazer a indicação a qualquer momento.

Além de Flávio Dino, são citados Bruno Dantas, presidente do Tribunal de Contas da União, e Jorge Messias, advogado geral da União. O que não exclui a indicação de uma juíza negra, como querem 25 deputadas que se manifestaram em nota, embora o presidente da República já tenha dito que esse não será um critério para essa escolha.

A menos que esteja fazendo uma leitura invertida dos fatos, o que não parece ser o caso, a imprensa que cobre Brasília e o meio político dão como muito provável a indicação do ministro Flávio Dino. E ele, por sua vez, tem dado sinais de que, se for convidado, aceitará. Nesse caso, deixará de vez sete anos de Senado, um enorme horizonte no plano nacional e um imensurável vácuo na política do Maranhão.

Agora é clima de contagem regressiva.

São Luís, 03 de Outubro de 2023.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *