A prisão, ontem, do ex-diretor geral da Polícia Rodoviária Federal, Silvinei Vasques, e a liberação das informações colhidas nas investigações da Polícia Federal ordenadas pelo Supremo Tribunal Federal sobre a operação rodoviária destinada a evitar que milhares de eleitores nordestinos votassem no candidato Lula da Silva (PT), na eleição presidencial de 2022, impôs uma guinada radical na CPMI dos Atos Golpistas. E turbinou a posição da relatora, senadora Eliziane Gama (PSD-MA). A radical mudança de rumo um dia depois do controverso depoimento do ex-ministro Anderson Torres tirou a CPMI do marasmo, livrando-a do risco de entrar para a história do Congresso Nacional como um fracasso monumental. “A prisão de Silvinei é a constatação real de que a CPMI elaborou e está adotando uma linha de investigação correta, em consonância com os fatos”, declarou Eliziane Gama, visivelmente animada em conversa com jornalistas.
Durante a entrevista, a senadora Eliziane Gama avaliou que a prisão do ex-chefe da PRF abriu um amplo horizonte para a Comissão que investiga os atos golpistas que culminaram com o 8 de Janeiro. Para ela, está claro agora que aquele domingo foi a última etapa de um roteiro golpista que começou a ser colocado em prática no dia do segundo turno da eleição presidencial de 2022, com a armação usando a PRF para prejudicar a circulação de ônibus que transportavam eleitores nas regiões nordestinas onde o candidato do PT era mais forte. Depois, com a vitória de Lula da Silva sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL), houve o “protesto” de caminhoneiros, que apoiados por policiais rodoviários federais, bloquearam, de maneira consentida e violenta, os principais troncos rodoviários do País. Houve tentativas de minar a eleição na Justiça com falsos argumentos, assim como o ato terrorista que por pouco não explodiu um carro-tanque carregado com combustível nas proximidades do aeroporto de Brasília, e a tentativa de invasão da sede da Polícia Federal num ato em que bolsonaristas vandalizaram o centro da Capital da República.
Para a relatora da CPMI, todas essas peças agora se encaixam e exigem que tanto o ex-diretor-geral da PRF, Silvinei Vasques, e o ex-ministro Anderson Torres sejam reconvocados, porque os novos fatos evidenciaram que os dois mentiram nos seus depoimentos à CPMI. Mais do que isso, os fatos vindos à tona nas últimas 24 horas aproximam perigosamente o imbróglio golpista do ex-presidente Jair Bolsonaro, que pode vir a ser convocado para depor na Comissão. Diante das revelações, muitos observadores passaram a suspeitar de que o ex-presidente da República é o mentor de todo o roteiro para o golpe de estado.
A CPMI dos Atos Golpistas vinha se arrastando prejudicada pela estratégia dos expoentes do bolsonarismo nitidamente envolvidos na aventura golpista de se manterem calados. Na terça-feira, o ex-ministro da Justiça e ex-secretário de Segurança do Distrito Federal, Anderson Torres, só falou o que quis e o seu discurso, ainda que escandalosamente contraditório, deu a bolsonaristas argumentos para defendê-lo. Mesmo sendo dura nos depoimentos e contundente nas suas posições, a relatora Eliziane Gama vinha enfrentando dificuldades, inclusive por conta da ambiguidade do presidente da Comissão, o deputado federal Arthur Lira (União-BA).
A comprovação da reunião no Ministério da Justiça para montar a ação politicamente criminosa na Bahia e outros estados do Nordeste, com a participação da cúpula da pasta, desmentiu de maneira contundente o depoimento do ex-ministro Anderson Torres, todas as suspeitas levantadas pela relatora Eliziane Gama. Isso ficou evidenciado na entrevista em que comentou o novo cenário e previu alguns passos que serão dados a partir dele. Nesse ambiente, a senadora maranhense – que ocupa o posto mais complicado do atual Congresso Nacional – ganha mais estatura e autoridade para continuar investigando até que tudo fique de fato esclarecido, deixando os bolsonaristas mais longe de inverterem a lógica como pretendiam.
PONTO & CONTRAPONTO
Pesquisa mostra Braide em alta, apesar da pancadaria de adversários
O prefeito Eduardo Braide (PSD) não precisou se manifestar para responder aos seus críticos. Por ele falaram os números levantados pelo Instituto Veritá, segundo os quais ele tem 71,7% de aprovação e 28,3% de desaprovação. A pesquisa tem dois pontos percentuais de margem de erro para mais ou para menos.
Os números impressionam, não há dúvida, e colocam o prefeito de São Luís como o oitavo mais bem avaliado entre os 26 prefeitos de capitais que tiveram seu conceito na opinião pública investigados. Mas vale lembrar que a pesquisa do instituto que sucedeu o Escutec, lhe dera quase 60 pontos percentuais de avaliação por parte do eleitorado.
A avaliação altamente positiva chega num momento em que o prefeito Eduardo Braide está enfrentando uma intensa a pancadaria na fase prévia da corrida eleitoral marcada para o ano que vem e na qual aparece como favorito.
Eric Costa retoma cruzada contra preço da carne no Maranhão
O deputado Eric Costa (PP) retomou ontem sua cruzada contra os preços elevados da carne bovina no Maranhão. No seu discurso, o ex-prefeito de Barra do Corda solicitou à Secretaria de Estado da Fazenda uma reavaliação do valor do ICMS cobrado aos criadores sobre a carne.
Na avaliação dele, o valor do imposto cobrado sobre a carne está elevado, causando problemas para os criadores.
– Essa pauta está defasada. Nós temos acompanhado a queda no valor da comercialização do gado em todo o Brasil. Hoje, um produtor rural que vai vender uma vaca, que tem em média 200 kg, que está num mercado o valor praticado de R$ 12 por 1kg, em média o valor dessa vaca custa R$ 2.400. Mas, quando ele vai emitir uma nota, ele tem que emitir, no mínimo, de R$ 3.243,00, que é o valor da pauta. Ou seja, está cometendo a ilegalidade para poder exercer a sua profissão – revelou o parlamentar.
Eric Costa defendeu urgência na solução desse problema, de modo a evitar que os criadores maranhenses sofram mais perdas.
São Luís, 10 de Agosto de 2023.