Se não houver um entrave de última hora, como é comum acontecer em política, o deputado federal André Fufuca (PP) será um dos ministros do Governo do presidente Lula da Silva (PT). Iniciada há algum tempo, a costura com esse objetivo está nos pontos finais e pode ser concluída nas próximas horas pelo presidente da República, a quem cabe a palavra final sobre os acordos partidários para o fortalecimento da sua base na Câmara Federal. Ontem, os bem informados comentaristas dos programas de TV por assinatura deram como certo o iminente desembarque do parlamentar na Esplanada dos Ministérios, embora não tenha sido definida ainda a pasta que será por ele comandada em nome do PP. A certeza que circulou nesta quarta-feira em Brasília sobre o assunto reforçou a imagem do seu encontro com o ministro de Relações Institucionais, Alexandre Padilha, o principal negociador do Palácio do Planalto.
O quase certo ingresso do deputado André Fufuca tem dois vieses, um partidário e um pessoal. O viés partidário revela a decisão do PP de fazer parte da base governista, garantindo o seu apoio às matérias propostas pelo Governo Lula da Silva, contrariando inclusive o que pensa o presidente do partido, o senador piauiense Ciro Nogueira, que foi ministro-chefe da Casa Civil do Governo Jair Bolsonaro (PL), e que continua atacando o atual Governo. O grande fiador dessa mudança de posição do PP é o presidente da Câmara Federal, deputado Arthur Lira (AL), que tem no deputado André Fufuca um dos seus principais aliados nas articulações que ocorrem nos bastidores do Congresso Nacional.
No campo pessoal, a virtual nomeação do deputado André Fufuca para a equipe ministerial do presidente Lula da Silva é quase que o desdobramento natural de uma grande articulação na qual ele esteve ao centro. Junto com Arthur Lira, que o tem como uma espécie de braço direito, e com o aval de Ciro Nogueira, que o considera “como um filho”, o deputado André Fufuca foi desde o início escalado para ser um dos negociadores do PP com o Governo Lula da Silva. E atuou na condição de líder da bancada do PP na Câmara Federal, posição que tem lhe dado vasto poder de fogo como articulador. Teve, por exemplo, papel ativo na posição do partido na votação da Reforma Tributária e vem trabalhando intensamente pela aprovação do arcabouço que vai produzir o eixo fiscal do Governo do PT.
Nos nove anos em que atua na Câmara Federal, sete dos quais como membro do PP, o deputado André Fufuca aprendeu todos os caminhos e todas as regras para um desempenho parlamentar e político no imenso cipoal de interesses e diferenças que é o Congresso Nacional. Não é sem razão que ainda no primeiro mandato presidiu a CPI da Prótese, presidiu a Câmara Federal, presidiu nacionalmente o PP e hoje lidera a influente bancada do partido na Casa. Tudo isso sem expor excessivamente e sem entrar em bola dividida. Todos os degraus que alcançou foram resultado de um faro político excepcional e de um raro talento para articular nos bastidores.
Sua escalação para representar o PP no ministério é o desdobramento previsível de uma atuação política madura, que o colocou na cúpula do seu partido, no colégio de líderes e no alto clero da Câmara Federal. Em conversa com jornalistas, o ministro Alexandre Padilha declarou estar satisfeito com perfil do futuro ministro, deixando no ar a impressão de que é esse também o sentimento do presidente Lula da Silva, com quem o parlamentar esteve antes do embarque para a Europa. No encontro, do qual participou na condição de líder de bancada, o presidente teria manifestado simpatia pela postura política do congressista maranhense, que representa a banda mais lúcida do Centrão.
É nesse contexto que todos os ventos sopram a favor do deputado André Fufuca.
PONTO & CONTRAPONTO
Migração de Paulo Victor para o PSDB vai fragilizar o PCdoB em São Luís
A confirmação do vereador Paulo Victor, presidente da Câmara Municipal de São Luís, ao PSDB, que será sacramentada no dia 4 de agosto, será uma pancada forte no PCdoB, podendo desencadear uma debandada no partido na Capital. Pré-candidato à Prefeitura de São Luís, Paulo Victor muito provavelmente levará outros quadros do velho e honrado “Partidão” para o ninho dos tucanos, que ganha novo ânimo depois de quase desaparecer sob a “liderança” do empresário Inácio Melo.
O chefe do parlamento ludovicense dá todas as indicações de que não está nesse barco para uma mera aventura ou para figurar como candidato a prefeito em busca de alguma notoriedade. Sua movimentação indica claramente que seu projeto é consistente e seu objetivo está definido: a cadeira principal do Palácio de la Ravardière. E tem consciência de que o PCdoB, por conta de acordos já amarrados, dificilmente lhe daria a vaga de candidato.
É cedo ainda para se medir o estrago que a saída do vereador Paulo Victor fará nas fileiras do PCdoB. Mas no meio político a expectativa é a de que depois da tucanização do presidente da Câmara Municipal o “Partidão” não será o mesmo em São Luís.
Novo traz D`Ávila a São Luís em busca de quadros para se firmar no Maranhão
O partido Novo, que prega e defende com intransigência o ideário liberal ortodoxo e os ideais da direita dita civilizada, está se esforçando para fincar algumas estacas no tabuleiro da política do Maranhão. Ontem, por iniciativa do presidente regional, Leonardo Arruda, o Novo trouxe a São Luís o cientista político Felipe D`Ávila, um dos seus idealizadores e que foi o seu candidato na disputa para a presidência da República em 2022.
O programa da visita de Felipe D`Ávila: um jantar fechado com um grupo seleto de empresários, durante o qual o ex-candidato a presidente falaria sobre a visão do Novo a respeito do processo de desenvolvimento do Maranhão. E o motivo do Novo é claro: seduzir figuras da elite empresarial para reforçar as suas ainda inexpressivas fileiras no estado.
O primeiro passo do partido nessa direção foi dado em março, quando trouxe a São Luís o seu quadro mais importante: Romeu Zema, governador de Minas Gerais, que veio fazer política e abrir caminho para o seu projeto de disputar a Presidência da República em 2026.
O Novo é um partido que foi pensado para atrair as forças de uma vertente mais civilizada da direita, liberal na economia e cujas ideias se baseiam no capitalismo visto pela esquerda como “selvagem”. É conservador nos costumes, mas ciente de que a terra é redonda e faz parte do sistema solar, diferentemente do terraplanismo negacionista pregado pela direita radical identificada com a visão política do bolsonarismo.
No Maranhão, até agora o passo mais importante do Novo foi a filiação do médico Lahesio Bonfim, ex-prefeito de São Pedro dos Crentes como o seu quadro de proa, apostando na possibilidade – que muitos garantem não existir – de ele, que foi segundo na disputa pelo Governo do Estrado em 2022, vir a ser candidato à Prefeitura de São Luís no ano que vem.
São Luís, 20 de Julho de 2021.