Com a experiência de quem sabe onde está pisando, Brandão faz incursão produtiva em Brasília

Carlos Brandão com Geraldo Alckmin: encontro de quem se conhecer há tempos

O governador Carlos Brandão (PSB) conseguiu viabilizar todos os objetivos que o levaram a Brasília nesta semana. Reuniu-se com a bancada maranhense no Congresso Nacional, obtendo dos seus integrantes o compromisso de mandar recursos para investimentos na Uema; conversou longamente com senador piauiense Marcelo Castro (MDB), relator do Orçamento da União que está sob revisão; reuniu-se com senadores, também para falar sobre Orçamento; esteve em reuniões da transição, e fechou a agenda ontem com uma conversa importante com o vice-presidente eleito Geraldo Alckmin (PSB), que coordena o processo em nome do presidente eleito Lula da Silva (PT). Pode-se especular com alguma segurança que o governador se deu muito bem na incursão, e volta para o Maranhão certo de que não precisará incursionar vez por outra na Capital da República com o pires na mão.

É verdade que a condição de governador reeleito em único turno lhe dá estatura para abrir portas em Brasília, principalmente se o Governo central estiver em mãos amigas, como vai acontecer ao longo do seu próximo mandato. Mas, além disso, a desenvoltura com que o governador maranhense visitou alguns dos gabinetes mais influentes de Brasília neste momento, está no fato de que, ao contrário do que muitos imaginam, Carlos Brandão conhece bem os caminhos da Capital da República, fruto de um intenso e produtivo trabalho de reconhecimento que realizou ao longo dos dois mandatos de deputado federal que ali exerceu entre 2007 e 2014 pelo PSDB.

Sua experiência de deputado federal lhe deu condição e autoridade para falar de igual para igual com os atuais representantes maranhense, notadamente nas questões relacionadas com definições orçamentárias e emendas individuais e de bancada. E foi exatamente sua vivência de deputado federal que o levou ao senador Marcelo Castro, com quem conviveu na Câmara Federal e de quem se tornou amigo. Tanto que o relator prometeu-lhe viabilizar seus pleitos na peça orçamentária em revisão.

O encontro de trabalho com o vice-presidente Geraldo Alckmin teve a leveza de uma visita a um velho amigo. Isso porque Carlos Brandão foi deputado federal pelo PSDB num período em que Geraldo Alckmin era um dos tucanos mais influentes do país como governador de São Paulo. Tanto que, quando o então pré-candidato a governador Flávio Dino, então no PCdoB, não tendo o apoio do PT, foi buscar aliança com os tucanos, que indicaram o então deputado federal Carlos Brandão para a vaga de candidato a vice-governador. A eleição da chapa Dino/Brandão em 2014 produziu o cenário de hoje com o vice agora governador reeleito e o titular agora senador eleito, com a possibilidade de ser ministro da Justiça.

Ainda em Brasília, ao falar sobre o encontro de trabalho com o vice-presidente eleito, o governador do Maranhão assinalou, sem rodeios: “É meu amigo de longa data. Saio muito entusiasmado porque não tenho dúvida de que nossas demandas serão bem atendidas. O Maranhão e o Brasil terão dias melhores”.

Os prováveis bons resultados da incursão do governador Carlos Brandão em Brasília não serão, portanto, produtos de um lance produzido pelo senso de oportunidade, mas do movimento de um governante que sabe muito bem onde está pisando e com quem está tratando.

PONTO & CONTRAPONTO

Ministério: se for confirmada, Sônia Guajajara terá grandes desafios pela frente

Sônia Guajajara: militância respeitada deve torná-la ministra dos Povos Originários no Governo Lula

É verdade que o presidente eleito Lula da Silva (PT) ainda não deu palavra final sobre a escolha, tendo avisado que só se manifestará sobre nomes para o ministério quando retornar do Egito. Mas não será nenhuma surpresa se ele vier a confirmar a unanimidade formada em torno de Sônia Guajajara para o futuro e necessário Ministério dos Povos Originários, que será inteiramente voltado para o resgate da dignidade dos povos indígenas do Brasil.

Nascida há 48 anos na Terra Indígena Arariboia, localizada no município de Amarante, no sertão maranhense, Sônia Guajajara é deputada federal eleita (PSOL) por São Paulo, e tem gravados no currículo formação superior em Letras e Enfermagem, cursados na Uema, uma pós-graduação em Educação Especial, uma militância indiscutível a favor da causa indígena e a experiência política convencional de quem foi candidata a vice-presidente da República em 2018, na chapa encabeçada por Guilherme Boulos (PSOL). É hoje uma liderança cujo trabalho é reconhecido e respeitado internacionalmente, O presidente eleito a conhece bem e sabe que entre as poucas opções que dispõe para comandar essa pasta, Sônia Guajajara é uma garantia de que ela vai atuar intensamente.

Sônia Guajajara é uma liderança indígena de ponta, respeitada exatamente pela seriedade com que tem encarado essa difícil e árdua militância em favor da causa indígena. A começar pela luta para manter o seu próprio berço, a Terra Indígena Araribóia, que vive sob frequente ameaça causada pela pressão de criadores e produtores do sul do Maranhão, que não aceitam a extensão daquela reserva indígena. Têm sido frequentes os movimentos com o objetivo de reduzir o tamanho da reserva, que representa quase a metade do território do município de Amarante. Um dos porta-vozes dos fazendeiros, o deputado estadual Antônio Pereira (PSB) vez por outra ocupa a tribuna da Assembleia Legislativa para pregar a redução da área da Terra Indígena Araribóia.

Esse dado, que envolve somente um caso de um aspecto da complexa questão indígena, é um indicador do desafio que Sônia Guajajara tem pela frente, caso venha ela ser escolhida pelo presidente Lula da Silva para o Ministério dos Povos Originários. O mais importante é que, se vier a ser ministra, a líder guajajara, que é mãe de três filhos já adultos, saberá onde pisar e o que deverá fazer.

Memória

Tauá Mirim: iniciativa de vereador lembra “mico” em campanha

Evandro Bessa Filho e Conceição Andrade: ele armou e ela caiu

A iniciativa do vereador Álvaro Pires (PMN) de protocolar na Agência de Mobilidade e Serviços Públicos do Maranhão (MOB) ofício solicitando providências para a regularização da travessia de estudantes da Ilha de São Luís para a ilha de Tauá Mirim, que, segundo ele, deveria estar sendo resolvido pela Prefeitura de São Luís, inspirou a Coluna a resgatar uma gafe histórica registrada uma campanha para o Palácio de la Ravardière.

Aconteceu em 1992, durante um debate realizado na então TV Ribamar, entre o então vereador Evandro Bessa Filho e a então deputada Conceição Andrade, ambos candidatos à Prefeitura de São Luís.

O tema em discussão era transporte público. Numa investida ao mesmo tempo inteligente e maliciosa, Evandro Bessa Filho atacou:

– Deputada, como a senhora pretende resolver o problema de transporte para Tauá Mirim?

Sem pensar duas vezes, como se já tivesse uma resposta pronta, mas sem se dar conta de que estava caindo numa armadilha, Conceição Andrade respondeu na bucha:

– Vamos resolver. Se não tiver estrada, vamos construir estrada. E se for preciso, colocaremos uma linha de ônibus para lá. O importante é que os estudantes tenham transporte.

Com um sorriso maroto de quem acertou na mosca, e sem perder a calma nem alterar a voz, Evandro Bessa Filho disparou:

– É muito estranho que a senhora queira fazer estrada e colocar linha de ônibus lá, porque Tauá Mirim é uma ilha.

Traída pelo impulso, Conceição Andrade ficou sem chão. Teve de encarar muita gozação por conta da derrapada, mas riu por último ao ser eleita prefeita de São Luís.

São Luís 11 de Novembro de 2022.

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