Brandão orienta grupo a “segurar” disputa por cargos no Governo e na AL e pede esforço por Lula no Maranhão

 

Carlos Brandão quer evitar movimentos que tirem o foco da eleição presidencial 

Na semana passada, em meio à maratona para consolidar e, se possível, ampliar a vantagem do ex-presidente Lula da Silva (PT) sobre o presidente Jair Bolsonaro (PL) no Maranhão, o governador Carlos Brandão (PSB) fez chegar aos membros da sua equipe e aos líderes da aliança partidária que lhe dão apoio a seguinte orientação: qualquer decisão sobre a composição do novo Governo e sobre a participação da base governista na Assembleia Legislativa deve ser deixada para depois do anúncio do resultado da eleição presidencial, na noite do dia 30 deste mês. Até lá, ele estará administrativamente entregue às tarefas indispensáveis e inadiáveis do Governo e, politicamente, envolvido na campanha do presidente Lula da Silva para a eleição do 2º turno. Com a orientação, o governador quer evitar que se crie uma situação de disputa num momento em que, na sua avaliação, todas forças da aliança governista devem estar mobilizadas na tarefa de embalar a campanha do líder petista.

A orientação do governador Carlos Brandão se deu por causa da intensa movimentação que começava a agitar os bastidores da base política governista, com o surgimento de nomes para o secretariado a ser montado para o futuro Governo. Esses movimentos causaram inicialmente a impressão de que ocorriam com a anuência do gabinete principal do Palácio dos Leões, quando o governador estava centrado, juntamente com o senador eleito Flávio Dino (PSB), na montagem de uma agenda de campanha para fortalecer a posição de Lula da Silva no Maranhão. E na tomada de decisões administrativas destinadas a garantir que o seu Governo fechará o exercício de 2022 em condições normais, apesar das perdas de ICMS causadas pela política de preços dos combustíveis armada pelo presidente Jair Bolsonaro às vésperas das eleições.

Segundo duas fontes distintas com trânsito na cúpula do Governo, ao orientar que deputados eleitos e reeleitos da base governista puxem o freio de mão e evitem movimentação antecipada em torno da eleição da Mesa da Assembleia Legislativa, o governador Carlos Brandão pretendeu igualmente evitar embates paralelos, quando, na sua avaliação, o foco do momento é centrar fogo na campanha para a presidência da República. E a explicação é simples e direta: o desfecho da disputa para o Palácio do Planalto, qualquer que seja ele, terá influência importante nas decisões administrativas e políticas que moverão o Governo a partir de janeiro do ano que vem.

E é exatamente para evitar que a disputa se acirre na seara parlamentar, e se reflita negativamente na mobilização pró-Lula da Silva na campanha em curso, que o governador pediu aos membros da bancada governista que “segurem a onda” até o dia 30. Pois passada essa data e definido o novo presidente, será dado sinal verde para as articulações destinadas à montagem do novo Governo, que deverá ter um perfil predominantemente técnico. E também para as forças governistas no sentido de que busquem a construção de um consenso para a eleição da Mesa da Assembleia Legislativa. (Tudo indica que esse esforço será concentrado no presidente Othelino Neto, do PCdoB, que vem recebendo manifestações de apoio para comandar a Casa no primeiro biênio da nova legislatura).

Com a experiência de anos de Casa Civil no Governo de José Reinaldo Tavares e de sete anos e meio como vice-governador politicamente atuante no Governo Flávio Dino, Carlos Brandão conhece como poucos as manhas e os humores do poder, e por isso tem a noção exata do que deve ser feito para evitar que movimentações fora de contexto acabem prejudicando o objetivo do momento, que é fortalecer a posição do ex-presidente Lula da Silva no estado. Principalmente agora, quando o presidente Jair Bolsonaro concentra esforços para, pelo menos, reduzir a vantagem avassaladora do líder petista no Maranhão.

Já há sinais bem claros de que os aliados do governador compreenderam a orientação e parecem dispostos a desacelerar a disputa por cargos no Governo e no comando do Poder Legislativo.

 

PONTO & CONTRAPONTO

 

Genésio perdeu espaço em Pinheiro com o fortalecimento do grupo liderado por Ana Paula

Luciano Genésio perde terreno em Pinheiro com o fortalecimento de Ana Paula Lobato e seu grupo

O grupo comandado pelo prefeito Luciano Genésio (PP) em Pinheiro sofreu um baque monumental. Além da derrota do seu candidato a governador, senador Weverton Rocha (PDT), e do seu candidato ao Senado, senador Roberto Rocha (PTB), o grupo e seu comandante também amargaram o fracasso da candidatura de Luciana Genésio (PDT), irmã do prefeito, à Câmara Federal, que muitos apontavam como eleita, e ainda com a derrota da deputada estadual Thaíza Hortegal (PP) na tentativa de renovar o mandato. No contraponto, o grupo ali liderado pela vice-prefeita de Pinheiro Ana Paula Lobato (PSB) comemorou a reeleição do governador Carlos Brandão, a eleição do ex-governador Flávio Dino para o Senado, da vice-prefeita para a primeira suplência de senador, e a reeleição do deputado Othelino Neto.

Os dois resultados tiraram o prefeito Luciano Genésio do eixo, criando um ambiente em que o deixa sem uma base política sólida para conduzir a sua própria sucessão. Ao mesmo tempo, a vice-prefeita e suplente de senador eleita Ana Paula Lobato reuniu forças para comandar o processo, podendo ela própria vir a ser candidata ao comando da Princesa da Baixada.

 

Insatisfeito com o resultado de 22, Roberto Costa quer preparar o MDB para as eleições municipais de 24

Roberto Costa quer mudança no MDB

Reeleito para a Assembleia Legislativa, o deputado estadual Roberto Costa tem dois propósitos: realizar um bom mandato na Assembleia Legislativa – da qual é um dos mais importantes articuladores – e montar uma estratégia para fortalecer o MDB nas eleições municipais de 2024. Vice-presidente estadual do partido, ele pretende retomar as ações para intensificar as mudanças na agremiação, que encolheu sob o comando da ex-governadora Roseana Sarney, cujo poder de fogo se revelou pífio nessas eleições. O modesto desempenho eleitoral do partido, o quase fracasso na própria ex-governadora e a humilhante votação do ex-suplente de senador Lobão Filho, que representou a ala do ex-senador Edison Lobão na corrida à Câmara federal, além da não reeleição dos deputados federais Hildo Rocha e João Marcelo representaram um sinal poderoso de que o partido precisa mudar o mais rápida e amplamente possível. O deputado Roberto Costa não parece interessado em desencadear uma crise nas entranhas do MDB, mas parece convencido de que amplas mudanças devem ser feitas no comando e no modelo de ação do partido.

São Luís, 17 de Outubro de 2022.

 

 

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