Foi deflagrada e está em andamento uma guerra, e intensa, dentro da guerra maior em que se transformou a disputa pelo Palácio dos Leões. De um lado, o candidato do PDT, senador Weverton Rocha, segundo colocado na preferência do eleitorado, de acordo a pesquisa Econométrica mais recente, e de outro, o candidato do PSC, ex-prefeito de São Pedro dos Crentes Lahesio Bonfim, terceiro colocado. Os números trazidos à tona pela pesquisa mostram que, tomando-se por base a margem de erro, os dois encontram-se tecnicamente empatados. Esse cenário mostrou o governador Carlos Brandão (PSB), candidato à reeleição, 11 pontos percentuais de vantagem sobre o segundo colocado, deslocando-se, portanto, da peleja intermediária que definirá o seu adversário num segundo turno, caso a parada não seja resolvida em turno único. Convém alertar que as eleições ocorrerão daqui a dois meses, tempo suficiente para que tudo se mantenha, com algumas alterações, com desfecho pode surpreender.
A menos que uma nova pesquisa traga à tona um cenário diferente, é fato indiscutível que nesse exato momento, segunda a pesquisa mais recente, o governador Carlos Brandão está na dianteira, reforçando seu time de apoiadores dia após dia; que o senador Weverton Rocha trabalha duro para evitar uma debandada na sua base de apoio, e que Lahesio Bonfim se desdobra para avançar, alcançar e, se possível, ultrapassar o candidato pedetista. Logo, o candidato do PDT encontra-se numa situação absolutamente incômoda, pois se Lahesio Bonfim ultrapassá-lo, poderá chegar ao segundo turno, se houver, o que será o fim das suas pretensões neste pleito e, sem dúvida, o maior desastre da sua história política.
Não se discute que o senador Weverton Rocha é um candidato politicamente forte, e que demonstrou isso com a megaconvenção que comandou, mas não há como negar que ele estacionou na seara entre 20 e 25 pontos percentuais e enfrenta dificuldades para ir além, vivendo, portanto, uma situação, se não dramática, muito difícil. Isso porque, à medida que agora, ao mesmo tempo em que viu o governador Carlos Brandão sair do seu radar e alcançar uma vantagem razoável, depara com Lahesio Bonfim decidido a alcançá-lo. E foi o que o candidato do PSC disse ontem, em entrevista à TV Mirante, quando declarou que pretende vencer a eleição já no primeiro turno, e que só pensará em segundo turno se, anunciado o resultado, ele não tiver sido eleito. Sem a sombra do candidato do PSD, o ex-prefeito de São Luís Edivaldo Holanda Jr., que não deslanchou como era esperado, o ex-prefeito de São Pedro dos Crentes exibe convicção de que vai tirar o candidato pedetista do seu caminho.
Menos de uma semana depois, quando os ecos das convenções já não são tão fortes, os agora candidatos estão de volta à realidade nua e crua da corrida eleitoral, que é correr atrás de voto para manter e, se possível, ampliar os lastros políticos que construíram ou ainda estão construindo. É nesse realismo implacável que o governador Carlos Brandão se desdobra para ampliar sua vantagem, que ainda não está de todo consolidada; o senador Weverton Rocha tenta dar uma guinada para ampliar seu cacife; e Lahesio Bonfim se esforça para alcançá-los e deixá-los para trás, sem a preocupação de ter, pelo menos por enquanto, Edivaldo Jr. na sua cola. As próximas pesquisas dirão como será a evolução desse enredo.
Vale lembrar que o jogo está de fato começando e que o seu ponto alto será a campanha eleitoral propriamente dita e cuja largada será no dia 16 do mês em curso. Até lá os lastros políticos dos candidatos estarão consolidados. Resta saber como estarão os do governador Carlos Brandão, do senador Weverton Rocha e do ex-prefeito Lahesio Bonfim nessa guerra. Isso se o ex-prefeito Edivaldo Jr. não surpreender com uma guinada e entrar na briga pelo direito de disputar o segundo turno, se houver.
PONTO & CONTRAPONTO
Roseana libera MDB para voto ao Senado e a maioria irá com Dino
A presidente do MDB, ex-governadora Roseana Sarney confirmou o apoio do partido à candidatura do governador Carlos Brandão, mas liberou os emedebistas no voto para senador, embora o MDB tenha incluído o nome do ex-governador Flávio Dino na ata da convenção. A questão é pessoal. Ela não aceita ter sido derrotada por Flávio Dino logo no primeiro turno da eleição que os dois disputaram em 2018. E esse sentimento é geral na família Sarney, que não vota em Flávio Dino, mas com o cuidado de não o hostilizar. Quanto ao partido, a maioria esmagadora do MDB tende a votar em Flávio Dino, seguindo o vice-presidente do partido, deputado estadual Roberto Costa, que é um dos responsáveis pela articulação que levou o MDB a declarar apoio ao governador Carlos Brandão e parte dele definir voto no ex-governador para o Senado.
Apoio de Louro a Dino é fruto da boa relação que manteve com seu governo
Não surpreendeu a decisão do deputado estadual Vinícius Louro (PL) rejeitar a candidatura do senador Roberto Rocha (PTB) à reeleição e declarar apoio à candidatura do ex-governador Flávio Dino (PSB). O parlamentar não frequentou o círculo mais próximo do governador nos sete anos e meio de governo do socialista. Mas sempre foi da base governista, mantendo bom relacionamento com o Palácio dos Leões. Diante desse quadro, o presidente da Assembleia Legislativa, deputado Othelino Neto (PCdoB), que coordena politicamente a campanha de Flávio Dino, entrou no circuito e fez a intermediação. Por divergências na seara política na região polarizada por Pedreiras e por diferenças do seu grupo com o senador Roberto Rocha, ele conversou com o presidente do PL, deputado federal Josimar de Maranhãozinho, que não teve outra que não o liberar, mas sem abrir mão do voto do deputado no senador Weverton Rocha para governador e ex-governador Flávio Dino para senador.
São Luís, 03 de Agosto de 2022.