A dez meses e seis dias das eleições a oposição está dispersada, sem referência nem pontos de convergência, principalmente no que diz respeito à disputa para o Governo do Maranhão. Enquanto a aliança liderada pelo governador Flávio Dino (PSB), mesmo sacudida por disputas internas, vai se estruturando e definindo os seus caminhos, o mesmo acontecendo como a “coluna do meio”, representada pela pré-candidatura do ex-prefeito de São Luís, Edivaldo Holanda Jr. (PSD), as fatias oposicionistas se movimentam aparentemente sem interesse em formar uma frente que seja um contrapeso na corrida eleitoral. Até aqui, só dois nomes se dizem dispostos a disputar a cadeira principal do Palácio dos Leões, o prefeito de São Pedro dos Crentes, Lahesio Bonfim (PTB), pré-candidato dele próprio, e Josimar de Maranhãozinho (PL), cujo projeto de candidatura vem sendo bombardeado por investigações da Polícia Federal sobre o suposto envolvimento dele em esquemas de corrupção com o desvio de recursos de emendas parlamentares. Nome mais expressivo da seara oposicionista, o senador Roberto Rocha, além de estar sem partido, vem mantendo silêncio sepulcral sobre se será candidato à reeleição, se vai encarar a disputa para o Governo do Estado ou se procurará outro rumo.
Dos três nomes da Oposição, o que vem construindo uma candidatura ao Palácio dos Leões é o prefeito Lahesio Bonfim. Ele vem mantendo o mesmo discurso desde que se lançou pré-candidato. O seu projeto, no entanto, sofreu um duro golpe, quando ele fracassou numa malsucedida operação para assumir o controle do PTB no Maranhão, que segue sob a direção da deputada estadual “terrivelmente evangélica” Mical Damasceno. Chama a atenção de ele fazer pré-campanha apoiado política e financeiramente por grupos de extrema-direita, com outdoors espalhados no interior, numa ação que alcançou São Luís, reforçando a iniciativa com entrevistas, com o que alcançou alguma notoriedade. E o resultado apareceu nas pesquisas, mais recentes, quando chegou ao patamar de oito pontos percentuais. No entanto, o ralho que recebeu na Justiça Eleitoral por propaganda antecipada parece tê-lo feito tirar o pé do acelerador.
O deputado federal Josimar de Maranhãozinho vive um momento difícil. Embalado pela eleição de 40 prefeitos numa gigantesca ação eleitoral na qual gastou mais de R$ 30 milhões, em dinheiro vivo, conforme os vídeos feitos pela PF, o chefe do PL – que manda também no Patriotas e no Avante – ensaiou candidatar-se a governador. O projeto, porém, parece estar desmoronando, em que pese o fato de Josimar de Maranhãozinho continuar exibindo força financeira com campanhas caras em que se “vende” como o deputado que faz chover emendas milionárias. Na avaliação de um prefeito experiente, ficou difícil para ele até mesmo compor uma chapa como vice. No meio político, a expectativa é a de que o agora lugar-tenente do bolsonarismo no Maranhão poderá, no máximo, buscar a reeleição.
Se não surpreender nas próximas 72 horas, o que é improvável, o senador Roberto Rocha deve desembarcar em 2022 como uma surpreendente incógnita. Não tem partido – permanece filiado ao PSDB, mas já sem participar das decisões do partido – e não disse até agora se pretende tentar a reeleição numa disputa com o governador Flávio Dino ou entrar na briga pelo Governo, medindo força com o vice-governador Carlos Brandão (PSDB ou PSB), que na campanha será governador em busca da reeleição, ou com o senador Weverton Rocha (PDT), ou com os dois ao mesmo tempo. Fonte próximo ao senador especula que o caminho mais provável é a filiação ao PL, para entrar na peleja pelo Palácio dos Leões, fazendo dobradinha com o presidente Jair Bolsonaro, de quem é aliado linha de frente, no Maranhão. E a julgar pelo grau de imprevisibilidade política do senador, não será surpresa se ele passar bastão para o filho, o ex-vereador Roberto Rocha Jr., que é candidato forte a deputado federal.
Há quem aposte essas forças de oposição se juntarão tão logo as forças governistas encerrem o ciclo da disputa interna, o que deverá acontecer no dia 31 de janeiro do ano que começa no próximo sábado, daqui a 72 horas, portanto.
PONTO & CONTRAPONTO
Brandão intensifica agenda de conversa com prefeitos
Não chega a ser uma romaria, mas é intenso o entra e sai de prefeitos na residência do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), principalmente quando ele encerra sua agenda de compromissos fora de São Luís e inicia a de conversas com dirigentes municipais, vereadores, deputados estaduais e deputados federais, que quase sempre acompanham os prefeitos Nos cálculos de um parlamentar que visita o vice-governador com frequência, pelo menos 130 chefes de administrações municipais de todas as regiões do estado já conversaram com Carlos Brandão. A fonte não soube dizer se todas as conversas resultam em acordos políticos e eleitorais. Observou, no entanto, que o vice-governador exibe mais confiança no seu projeto eleitoral a cada rodada de conversa. E prevê que essa ciranda de encontros será bem ais intensa a partir de abril, quando o hoje vice-governador assumir a condição de titular e de candidato à reeleição.
Yglésio fecha ano legislativo com excelência parlamentar
O deputado Yglésio Moisés (PROS) vai fechar 2021 como o quadro mais produtivo da Assembleia Legislativa do Maranhão. Médico e advogado, o parlamentar é dono de uma inteligência privilegiada e de uma cultura ampla e consistente, o que o torna uma espécie de “operário” legislativo, com dezenas de projetos de lei, indicações e moções. Participa intensamente das sessões plenárias, presenciais ou remotas, ocupa a tribuna com frequência para fazer discursos via de regra recheados de informações, de denúncias e também de críticas, tendo por isso se notabilizado como um polemista provocador. Yglésio Moises é, portanto, um deputado integral que, mesmo envolvido em situações controversas, faz do plenário da Assembleia Legislativa um ambiente parlamentar por excelência.
São Luís, 29 de Dezembro de 2021.