Deu a lógica na reunião de ontem dos líderes dos 13 partidos da base governista, na qual o governador Flávio Dino (PSB) formalizou sua posição de apoiar a pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão (PSDB) ao Governo do Estado na eleição do ano que vem. Mesmo contando com o aval de mais da metade desses partidos, e emitindo sinais claros de que manterá sua posição, o governador pregou a união do grupo e deixou a questão em aberto até janeiro, quando voltará a reunir o grupo para, então, saber com quem contará efetivamente no jogo sucessório. O senador Weverton Rocha (PDT), o secretário de Educação Felipe Camarão (PT) e o secretário de Indústria e Comércio Simplício Araújo (Solidariedade) anunciaram que manterão suas pré-candidaturas até lá, quando o martelo será batido em definitivo.
Ao contrário do que alguns previam, foi uma reunião tranquila, como o próprio governador avaliou logo em seguida no comunicado que fez no twitter. Flávio Dino abriu os trabalhos com um discurso no qual anunciou sua posição de apoiar a pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão e as razões que o levaram e essa decisão. Não cobrou apoio instantâneo, defendeu a união do grupo, deixando cada líder partidário à vontade para manifestar sua posição logo ali, com liberdade plena para continuar avaliando o cenário até janeiro, quando voltarão a conversar. Não houve fechamento de questão em torno do vice-governador, mas também não houve reação contrária à escolha feita pelo governador.
A lógica prevaleceu na declaração de apoio do governador Flávio Dino ao vice-governador Carlos Brandão: é o número 2 há sete anos, eleito e reeleito, leal ao grupo, está afinado com as linhas gerais do Governo, conhece a máquina, tem conhecimento detalhado das condições do Governo e exibe uma trajetória reta, sem percalços. Além disso, será o governador do Estado a partir de abril, o que reforça sua posição política e turbina seu potencial eleitoral. Ao mesmo tempo, a indicação liberou o vice-governador para ele próprio montar sua rede de apoio dentro do grupo, bem como abriu caminho para que os demais pré-candidatos façam o mesmo.
O anúncio do senador Weverton Rocha de que manterá seu projeto de candidatura e sua agenda de pré-campanha, posição também assumida pelo secretário Simplício Araújo, também ocorreu dentro da lógica e não produziu uma situação de impasse no grupo. Ao contrário, foi uma demonstração clara de que, mesmo que não haja unanimidade em torno da candidatura de Carlos Brandão, e o senador pedetista leve em frente o seu projeto de ser governador agora, o clima em que se deu a reunião indicou que a corrida ao Palácio dos Leões dentro do grupo que está no poder não criará uma situação de ruptura. O discurso do governador foi um esforço claro e, ao que parece, bem-sucedido nessa direção.
Daqui até janeiro, em meio ao espírito natalino e os ânimos positivos em relação ao novo ano, caberá a Carlos Brandão a desafiadora tarefa de consolidar, com uma eficiente ação política, o efetivo que já mobilizou, e turbiná-lo reforços importantes e ainda dispersos dentro do próprio grupo. E é exatamente isso o que fará o senador Weverton Rocha, para chegar em janeiro com uma base política forte o suficiente para levar em frente sua empreitada eleitoral. Nesse cenário, o que não parece claro é a posição do petista Felipe Camarão, que mantém agenda de pré-candidato, mesmo ainda dependendo do PT para confirmar sua caminhada.
Não foi sem razão que, momentos após a reunião, o governador Flávio Dino comunicando a realização e o resultado da reunião:
“Nesta segunda, fizemos reunião com os 13 partidos que compõem o nosso Governo. A eles manifestei a posição de apoiar a pré-candidatura do vice-governador Carlos Brandão ao cargo de governador em 2022. Agora os partidos vão debater em busca do máximo de unidade. Registro e agradeço a presença dos quatro pré-candidatos do nosso grupo: o senador Weverton, o vice Brandão e os secretários Felipe Camarão e Simplício. A reunião foi tranquila, com muito espírito de diálogo e união. Devemos conversar novamente durante o mês de janeiro”.
Ainda que não tenha produzido a unidade, reunião de ontem não foi uma boa notícia para os pré-candidatos Edivaldo Holanda Jr. (PSD), Roberto Rocha (a caminho do PL), Lahesio Bonfim (PTB) Josimar de Maranhãozinho (PL).
PONTO & CONTRAPONTO
Eliziane faz discurso contraditório como relatora da indicação de Mendonça ao STF
Ao confirmar, em entrevista à TV Jovem Pan, sua escolha para relatar o processo de indicação do ex-ministro da Justiça, André Mendonça, para a vaga aberta com a aposentadoria do ministro Marco Aurélio Mello – que foi um magistrado integral e acima de picuinhas ideológicas e religiosas – no Supremo Tribunal Federal (STF), a senadora Eliziane Gama (Cidadania) produziu um pote de contradições. Sua fala:
“O convite vindo a mim por parte do presidente Davi (Alcolumbre – DEM), é um prestígio à bancada feminina no Senado e também aos evangélicos, pois demonstra claramente o seu respeito pelos evangélicos e pela diversidade religiosa no Brasil. Como relatora, vou me pautar por informações e também pela boa técnica legislativa, sem qualquer preconceito político, ideológico e muito menos religioso. O ministro do Supremo Tribunal Federal precisa ter como qualidades conhecimentos jurídicos, honorabilidade, ética, compromisso absoluto com a democracia e compromissos com as liberdades. O nosso relatório será pautado dentro desses princípios, que, aliás, são definidos pela Constituição Federal, que inclui grande saber jurídico. Nós estamos num estado laico, em que a liberdade de religião, de fé, de credo, deve ser respeitada. Portanto, o que importa nesse momento é o currículo e a capacidade técnica do indicado”.
As palavras da senadora causam espanto. Desde quando ser evangélico, católico, judeu, muçulmano é pressuposto essencial para motivar a escolha de um relator de processo de escolha de ministro do STF no Senado? Se realmente teve o propósito de “prestigiar” os evangélicos, o senador Davi Alcolumbre cometeu um ato que contraria a Constituição, à medida que referenda a motivação político-religiosa do presidente Jair Bolsonaro com o objetivo de minar a imparcialidade jurídico-político-religiosa do STF. Afronta exatamente a natureza laica do estado brasileiro, curiosamente lembrada pela senadora, que enxergou na sua escolha como relatora a motivação religiosa.
Nada contra o ex-ministro André Mendonça, por mais “terrivelmente evangélico” que ele seja, desde que não faça do STF espaço para um “ministro evangélico”. Mas, independentemente da sua competência e da sua consciência de magistrado, o fato é ele está sendo mandado para o STF na esteira de uma campanha evangélica, envolvendo pastores e referendada pelo presidente da República, e que a senadora Eliziane Gama abraçou, sem meios termos, comprometendo seria e gravemente a imparcialidade que deve orientar a escolha, conforme está claro no seu discurso à TV Jovem Pan.
Braide mostra sensatez ao suspender concentrações na virada do ano
Sensata e oportuna a decisão do prefeito Eduardo Braide (Podemos) de cancelar as festas de Ano Novo agendadas pela Prefeitura de São Luís. Afinal, por mais que a vacinação tenha avançado na seara ludovicense, o que é louvável e gera um ambiente de certa tranquilidade, há pessoas que não se vacinaram, presas fáceis para o novo coronavírus e suas variantes. A não interferência nas festas particulares faz sentido, mas isso não significa tolerar excessos. São Luís tem uma cobertura vacinal fantástica, mas isso não recomenda organizar festas populares com a participação de milhares e milhares de pessoas , colocando em risco a disseminação do vírus e suas variáveis. Certamente está sendo criticados pelos negacionistas, mas certamente está consciente de que está fazendo o que é certo.
São Luís, 30 de Novembro de 2021.