A Caxias nascida no território ancestral das Aldeias Altas, e que ao longo do tempo se transformou no reconhecido e ativo empório cultural de hoje, traz na sua base de conhecimento uma curiosa e assumida ligação com a leitura, expressada na sua paixão por livros e jornais. Ali, o livro sempre foi tratado como um valor cultural e educativo acima de qualquer discussão, o que pode ser constatado pelas bibliotecas públicas, pelos espaços de leitura das escolas e instituições – como a Academia Caxiense de Letra e o SESC, por exemplo -, além de bibliotecas particulares. Na mesma via, Caxias está historicamente consagrada como o maior e mais importante centro de produção jornalística do Maranhão depois de São Luís, com nada menos que 217 jornais desde 1833, com o surgimento de “A Crônica”, até 2007, com o “Folha do Povo”, de acordo com “Do Prelo ao Prego”, Catálogo Histórico da Imprensa Maranhense (2º Volume), garimpado e organizado pelo poeta, pesquisador e colecionador Quincas Vilaneto.
Esse universo culturalmente rico e fascinante esteve exposto e colocado em discussão no 5º Salão do Livro de Caxias, realizado quinta-feira e ontem, tendo como homenageados dois craques imortalizados da imprensa caxiense: Vitor Gonçalves Neto e Gentil Menezes, que dispensam apresentação para as gerações acima dos 60 e agora devidamente apresentados às gerações mais jovens, para não serem esquecidos. O Salão que irmana Literatura e Imprensa, e que teve na sua programação uma mesa de debates sobre liberdade de imprensa, liberdade de expressão, intolerância com o peso da informação, agressão a jornalistas e ameaças à democracia, entra para a crônica do nosso tempo como um grito de alerta e um marco firme de resistência aos que tentam esmagar o estado democrático de direito e impor o obscurantismo movido pela força bruta.
Vitor Gonçalves Neto, intelectual nato e ao mesmo tempo boêmio e livre-pensador, comandou a “Folha de Caxias” por mais de uma década e, depois, o “Pioneiro, tornando-se uma das principais referências do registro jornalístico da vida caxiense na segunda metade do século passado e sobrevivendo à virada do milênio, tempo em que produziu um expressivo conjunto de recortes na forma de crônicas ácidas, às vezes marcadas por humor cortante, por angústia e por visões sombrias do mundo. Gentil Meneses, por sua vez, era em postura o oposto: elegante, educado, bem-humorado e cordial, que ao mesmo tempo em que escrevia sobre fatos e situações políticas, tinha desprendimento suficiente para manter ativo e sem cortes o seu espaço de crônica social. E foi por essa ótica que, por meio das suas notas de celebração, produziu um registro invulgar da vida caxiense.
Como prometido no folheto de apresentação, o 5º Salão do Livro de Caxias promoveu “uma viagem pulsante” na exposição do acervo que conta a trajetória da imprensa em Caxias, revelando também personagens do rádio – que teve papel fundamental na vida da cidade a partir dos anos 50, com programas de calouros que agitavam Caxias inteira – e da televisão. “Tudo junto e misturado, presente e passado, cada um com seu estilo, com seu jeito de ser, um retrato de corpo inteiro marcando lugar de duração na nossa memória”, segundo a reza do convite público. E que foi mais longe: “Uma ação mais que necessária, principalmente porque nos tempos bicudos de hoje jornalistas têm levado soco na boca do estômago, a liberdade de imprensa intimidada diariamente, com gestos ou palavras, na tentativa de corroer a democracia”. Uma resenha com a cara, o jeito e o tempero de Caxias, a Princesa (orgulhosa, consciente, arisca e indomada) do Sertão Maranhense.
Como não poderia deixar de ser, o primeiro item da programação, na noite de quinta-feira, foi uma palestra instigante sobre literatura e jornalismo pronunciada pelo jornalista e literato Cineas Santos. Um tema fascinante, uma vez que esmiúça a natureza e o alcance do livro e do jornal, procurando a fronteira que os separa e ao mesmo tempo os aproxima, que muitos enxergam com clareza, enquanto outros dizem que não conseguem traçar – as duas correntes fogem da via realista: mesmo tendo a palavra como matéria prima, literatura não é jornalismo nem jornalismo é literatura. Ontem, a programação foi aberta com uma mesa redonda sobre o oportuno tema “Imprensa e democracia: liberdade de expressão e informação qualificada”, com Antônio Henrique Santos e Antônio Manoel Veloso, e mediação de Ezíquio Barros Neto. E foi fechada pelo psiquiatra Ruy Palhano, que palestrou sobre o impacto da pandemia do novo coronavírus sobre a emoção e o comportamento, e lançou o livro “Crônicas do cotidiano na visão de um psiquiatra”.
Item destacado e já consagrado no calendário cultural de Caxias, o Salão do Livro é uma iniciativa da Academia Caxiense de Letras, organizada pelo poeta e acadêmico Renato Menezes e Isaac Souza, curadores da Exposição “A Imprensa em Caxias”. O acervo exposto exibe a relação da cidade com o jornalismo ao longo de 188 anos. E mostra que, além de ter sido a primeira cidade do Maranhão a ter jornal depois de São Luís, quando o Brasil dava ainda os primeiros passos como nação independente sob a liderança de Dom Pedro I. Para se ter uma ideia do pioneirismo de Caxias em matéria de Imprensa, Rosário teve seu primeiro jornal em 1855, nada menos que 22 anos depois do primeiro de Caxias, que é de 1833.
A exemplo das edições anteriores, o 5º Salão do Livro de Caxias resultou de um esforço gigantesco de intelectuais como Renato Menezes, um militante integral da área cultural com larga visão de casa e do mundo, que planejou o evento cuja edição deste ano foi financiada pela Secretaria de Estado da Cultura, por meio da Lei Aldir Blanc, tendo Isaac Souza como parceiro. O 5º Salão do Livro de Caxias – Ano de Gentil Menezes e Vitor Gonçalves Neto entra para a rica história cultural de Caxias como um marco a ser lembrado sempre. Todas as honras, portanto, aos organizadores, patrocinadores e à Academia Caxiense de Letras, que é um diferencial para mais entre as entidades da sua natureza.
PONTO & CONTRAPONTO
Othelino Neto fecha o “Assembleia em Ação” de 2021 com a bem-sucedida edição de Carolina
Bem-sucedida a última edição do programa “Assembleia em Ação” de 2021, realizado nesta sexta-feira em Carolina. A participação de pelo menos 15 deputados e um número expressivo de prefeitos e vereadores da Região Sul foi um resultado avaliado como altamente positivo pelo presidente do Poder Legislativo, deputado Othelino Neto (PCdoB), que saudou seu colegas presentes: Rildo Amaral (Solidariedade), autor do requerimento que solicitou a realização do encontro em Carolina; Paulo Neto (DEM), Wendell Lages (PMN), Zito Rolim (PDT), Socorro Waquim (MDB), Roberto Costa (MDB), Thaiza Hortegal (PP), Vinicius Louro (PL), Marco Aurélio (PCdoB), Rafael Leitoa (PDT), Antônio Pereira (DEM), Valéria Macedo (PDT), Betel Gomes (PRTB), Wellington do Curso (PSDB) e Márcio Honaiser (Licenciado). Também esteve presente ao evento a presidente do Grupo de Esposas de Deputados do Estado do Maranhão (Gedema), Ana Paula Lobato, que também é vice-prefeita de Pinheiro.
No seu discurso de abertura, Othelino Neto destacou que a itinerância da Assembleia Legislativa abre caminho para que os deputados tenham uma visão mais abrangente do estado e conheçam melhor a situação dos municípios, habilitando-se para conhecer mais de perto as demandas de cada região e debater ações e estratégias para o seu desenvolvimento. No caso da Região Sul, em especial o município de Carolina, o presidente do Legislativo estadual destacou sua vocação para o turismo, ressaltando que o Sul do Maranhão, é rico em potencial turístico, podendo se transformar numa alavanca para a economia do estado.
– O nosso estado é muito grande e, por isso, precisamos ir aos municípios para sabermos, em detalhes, as suas necessidades. A região Sul, por exemplo, é um dos principais polos turísticos do Maranhão, e nós precisamos debater e estimular as atividades que são ecologicamente corretas e geram muitos empregos. Para todos nós, deputados estaduais, o ‘Assembleia em Ação’ é um momento muito importante – afirmou o chefe do Legislativo maranhense.
A programação, que teve como ponto alto as exposições dos diretores do Poder Legislativo, com palestras ‘Processo Legislativo’, ministrada pelo diretor-geral da Mesa Diretora da Assembleia, Bráulio Martins, e pelo consultor legislativo constitucional da Casa, Anderson Rocha; além de ‘Inovações do Direito Eleitoral’, proferida pelo diretor de Administração da Alema, Antino Noleto. Na etapa de audiência pública, os participantes também puderam apresentar as pautas da região, demandar obras de infraestrutura rodoviária, melhorias nas áreas da saúde e educação, além de investimentos no polo turístico do Parque Nacional da Chapada das Mesas.
A vereadora Luciane Martins (PL), presidente da Câmara Municipal de Carolina, disse que o ‘Assembleia em Ação’ dá voz aos representantes da população. Ela entregou, ainda, uma pauta de solicitações, em nome de todos os vereadores, ao chefe do Parlamento Estadual. “A iniciativa é uma forma, também, de nos ajudar a continuar crescendo, pois somos uma cidade turística e com um potencial muito grande. A Assembleia Legislativa acertou em desenvolver esse importante programa itinerante”, disse.
Fábio Gentil aposta espera a indicação de Carlos Brandão para disputar Governo
O prefeito de Caxias, Fábio Gentil (Republicanos) torce para que o vice-governador Carlos Brandão (PSDB) seja o indicado pelo governador Flávio Dino (PSB) para disputar o Governo do Estado em nome da aliança partidária governista. Político experiente e vitorioso, com uma trajetória recheada de bons resultados nas urnas, um deles sua reeleição em 2020 com mais de 70% dos votos, Fábio Gentil aposta que, se for o indicado, o vice-governador reúne as condições para se reeleger. O prefeito de Caxias não esconde que, além de torcer pela indicação e pela reeleição de Carlos Brandão, será linha de frente na campanha, disposto a trabalhar duro para que o tucano seja reeleito.
São Luís, 27 de Novembro de 2021.