A pouco mais de 11 meses das eleições, os partidos, de um modo geral, estão mergulhados em articulações, seja para definir candidaturas e alianças, seja para afastar o risco de definhar e ser mandado para o espaço. No Maranhão, quase todos partidos estão se movimentando com intensidade, o que indica o enfrentamento, por eles, de problemas que vão desde a busca do fortalecimento, passando pela indefinição quanto a candidatos, e também por luta pelo poder nos quatro cantos da legenda. Comandado pelo governador Flávio Dino, o PSB pode ser considerado uma exceção, à medida que sua tendência mais visível é “engordar” expressivamente. No outro extremo, o Solidariedade vive o que se pode chamar de desagregação, correndo o risco de ser varrido do mapa político maranhense. Nas demais agremiações, o ânimo é o de brigar pela sobrevivência, de preferência superando gigantescas dificuldades internas e saindo das urnas com o cacife reforçado.
No campo governista, o PSB é, de longe, a agremiação partidária com melhor situação, à medida que muitos políticos, entre eles vários candidatáveis de peso a mandatos proporcionais, especialmente para a Câmara Federal. O PCdoB dá sinais de que vem conseguindo, se não debelar de vez, pelo menos, colocar a debandada em ritmo mais lento, embora seja corrente no meio político a avaliação de que ele não corre esse risco. E o PSDB, agora na condição de partido com pré-candidato e virtual candidato a governador, tende a ganhar peso com a possível adesão de prefeitos, vereadores e deputados estaduais.
Controlador absoluto do PL, do Avante e do Patriota, o deputado federal Josimar de Maranhãozinho corre o risco de ter abalado o seu poder sobre essas legendas, principalmente o PL. Essa possibilidade passou a ser considerada no momento em que o presidente Jair Bolsonaro começou a andar na direção do PL. A primeira especulação dava conta de que, uma vez filiado ao partido, seguindo o presidente da República, o senador Roberto Rocha estaria interessado em assumir o comando do PL e, para isso, teria cobrado o controle do partido no Maranhão. A informação era falsa, levando o senador Roberto Rocha dizer que pode entrar no PL, mas não tem interesse em assumir o seu comando, “porque não tenho tempo de me envolver com burocracia partidária”. Ontem, aliados de Josimar de Maranhãozinho espalharam nas redes sociais que quem na verdade tentou tomar-lhe o comando do PL teria sido o vice-líder do Governo na Câmara Federal, deputado federal Aluísio Mendes (PSC), arqui-inimigo do chefe do PL no estado.
A situação do PT nada tem a ver com força política, mas com uma profunda divisão interna. Nesse momento, o partido do ex-presidente Lula da Silva é sacudido por três correntes, que se digladiam nas suas entranhas. Uma quer ir para as urnas com chapa completa, incluindo candidatura ao Governo do Estado, apostando suas fichas no secretário estadual de Educação, Felipe Camarão. A segunda propõe que o PT se alie ao vice-governador Carlos Brandão, podendo inclusive indicar o candidato a vice. E a terceira quer o partido aliado ao PDT em torno da candidatura do senador Weverton Rocha. As três correntes continuam medindo forças, situação que deve mudar a partir de uma definição sobre candidatura dentro da aliança governista.
Comandados, respectivamente, pelos deputados federais Juscelino Filho e Pedro Lucas Fernandes, DEM e PSL vivem uma situação de absoluta incerteza no Maranhão. Ninguém até agora se a fusão vai ser mesmo concretizada, e em se concretizando, resta o problema maior, que é com quem ficará o comando do novo partido, o Força Brasil, no Maranhão. O mais grave é que DEM e PSL enfrentam a crise e perdem força, com a saída de quadros importantes. No mesmo campo, o PTB, que fora comandado até meses atrás pelo deputado federal Pedro Lucas Fernandes, está agora definhando sob o comando da deputada estadual Mical Damasceno, já que parte dos filiados não quer apoiar o presidente Jair Bolsonaro.
Dentre todos os partidos, a situação mais dramática é a do Solidariedade, capitaneado no Maranhão pelo suplente de deputado. O partido poder os seus três deputados estaduais e os quatro prefeitos que elegeu em 2020, e simplesmente desaparecer do mapa político do Maranhão. Em sentido contrário, o Podemos, liderado pelo prefeito Eduardo Braide, pode se cacifar como a voz da direita civilizada no Maranhão.
Isso é só o começo, porque a definição do tamanho de cada partido virá mesmo com a janela de março do ano que vem.
PONTO & CONTRAPONTO
Quase metade do eleitorado ainda está indecisa
Se de um lado as informações da pesquisa DataIlha/Band, divulgada terça-feira (16) embalou os partidários do vice-governador Carlos Brandão (PSDB), por outro, seus percentuais acenderam luz amarela para os aliados do senador Weverton Rocha (PDT) e chamaram a atenção dos apoiadores do pré-candidato do PT, Felipe Camarão. Segundo a pesquisa, a pouco mais de uma semana da reunião que poderá definir o candidato da aliança governista, cenário prévio é o de absoluta indefinição. E com um detalhe que é fundamental para qualquer avaliação: 19,9% disseram que votarão nulo ou em branco e 23,6% responderam que não têm nem pretendem ter candidatos. Tudo isso somado, nada menos que 43,5%, ou seja, quase metade do eleitorado, ainda não se posicionou para valer da corrida eleitoral.
Weverton aposta que etapa do “Maranhão mais feliz” de Timon influencie reunião do dia 29
O senador Weverton Rocha está convidando para a edição do “Maranhão mais feliz” em Timon, neste sábado (20). Será a última antes da reunião do dia 29, na qual o governador Flávio Dino e as lideranças da base partidária governista podem bater martelo e definir o candidato do grupo ao Palácio dos Leões. Será o sexto evento de pré-campanha no qual o líder pedetista e pré-candidato assumido pretende reunir prefeitos, deputados federais, deputados estaduais e vereadores de cidades-polo. A expectativa de aliados de Weverton Rocha é que a edição de Timon seja a maior de todas, por várias razões, sendo a principal delas o fato de ser politicamente controlada pelo Grupo Leitoa, comandado pelo ex-prefeito e ex-deputado Chico Leitoa, um dos fundadores do PDT no Maranhão, e por seu filho, Luciano Leitoa, que lidera hoje uma pequena fatia do PSB não alinhada ao governador Flávio Dino. Esses mesmos aliados apostam que a edição de timonense do “Maranhão mais feliz” poderá impactar a reunião do dia 29.
São Luís, 18 de Novembro de 2021.